Galípolo diz que tirou dúvidas de Caetano Veloso sobre ata do Copom

NATHALIA GARCIA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta quarta-feira (12) ver a comunicação da autoridade monetária como um desafio e contou que tirou dúvidas de Caetano Veloso sobre a ata do Copom (Comitê de Política Monetária), que apresenta o cenário e as razões do colegiado para a definição da taxa básica de juros (Selic)

Segundo Galípolo, o músico fez perguntas sobre o “forward guidance” -sinalização sobre os passos futuros do BC nas decisões sobre a taxa básica de juros, a Selic- e a redação do texto que detalha as discussões feitas pelos membros do colegiado durante o encontro.

“Eu comecei a falar para ele como são as escolhas das palavras. Ele falou: Então, é que nem fazer poesia.

Eu falei: Caetano, eu tenho certeza que as pessoas não têm o mesmo prazer lendo as suas poesias e a ata do Copom, mas tem uma arte por trás de escolher as palavras”, disse.

Galípolo falou sobre política monetária em um evento no Rio de Janeiro, organizado pelo Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais), em parceria com o Instituto de Estudos de Política Econômica/Casa das Garças e o Centro de Debates de Políticas Públicas.

“É uma comunicação voltada para um nicho muito específico de leitores, que vão olhar com muita atenção cada uma das vírgulas e coisas que estão ali. Cada vez mais, os bancos centrais estão desafiados a conseguir conversar com um público mais amplo”, afirmou.

“Tem que prestar mais contas à sociedade [por ser um BC autônomo], […] mas também por tudo que envolve informação falsa que pode existir, questões relacionadas à segurança e à estabilidade financeira.

Esse é um desafio grande” acrescentou.

O presidente do BC citou como exemplo autoridades monetárias internacionais, como as instituições de Suécia, Coreia do Sul e Hong Kong, que se comunicam com a população por meio das redes sociais, influenciadores e até canções de jingles.

“A comunicação mudou de uma maneira muito rápida. Para o Banco Central é muito difícil, porque você tem dificuldade de separar os canais, do que se espera da comunicação oficial e tradicional do Banco Central para aquela comunicação que tem capacidade e alcance na população”, disse.

Como a Folha de S.Paulo mostrou no ano passado, o Banco Central tem adotado uma estratégia descontraída para a criação de conteúdo nas redes sociais, por exemplo com a série “BC Sincero”. Em janeiro, a autoridade monetária publicou um vídeo em que desmente fake news sobre a taxação do Pix, usando a música sertaneja “Descer pra BC”. A ação, no entanto, foi criticada nas redes em meio a polêmica que tomou conta do assunto.

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