A volta às aulas e a proibição do celular nas escolas: impactos no desenvolvimento infantil

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Por: Ivana Drummond- CRP 04/10879 

A coluna desta semana é de autoria da psicóloga e professora Ivana Drummond, da Unieuro de Brasília, que nos traz uma reflexão importante sobre o uso do celular em sala de aula, não como ferramenta de aprendizagem, mas de forma recreativa.

Com o início do ano letivo de (01)2025, a educação brasileira vivencia uma grande mudança. Sancionada em janeiro, a Lei nº 15.100 proíbe o uso de celulares nas salas de aula de escolas públicas e privadas. O objetivo dessa legislação é combater os efeitos negativos do uso excessivo de dispositivos eletrônicos por crianças e adolescentes, além de criar um ambiente mais focado no aprendizado e na convivência social.

Especialistas em saúde e educação têm alertado sobre os riscos do uso desenfreado de celulares entre os jovens. Pesquisas indicam que a exposição excessiva às telas pode afetar o desenvolvimento cerebral, a concentração e até a saúde ocular. A psiquiatra Julia Khoury destaca que o smartphone libera dopamina, criando um ciclo de prazer imediato que estimula a impulsividade e dificulta o controle do tempo de uso. A superestimulação causada pelos dispositivos também pode prejudicar a maturação do cérebro, tornando as crianças mais vulneráveis a problemas de atenção e comportamento.

Além disso, o aumento de casos de miopia, sedentarismo e obesidade são preocupações crescentes ligadas ao tempo excessivo em frente às telas. A psicóloga social Jonathan Haidt, autora do livro A Geração Ansiosa, alerta que a substituição de brincadeiras ao ar livre por dispositivos eletrônicos tem contribuído para o aumento de casos de ansiedade, depressão e distúrbios do sono. Outro efeito negativo é a dependência dos celulares, que pode resultar na nomofobia – o medo irracional de ficar sem o aparelho, causando sintomas como tremores e ansiedade.

A falta de interações sociais presenciais e o foco em atividades virtuais prejudicam o desenvolvimento de habilidades sociais essenciais, como comunicação, empatia e resolução de conflitos. A socialização face a face é fundamental para que as crianças aprendam a lidar com suas emoções e a formar relações saudáveis.

A proibição do uso de celulares nas escolas traz uma série de benefícios. O maior deles é a melhora na concentração dos alunos, que terão mais foco nas aulas e serão capazes de absorver melhor o conteúdo. Estudos da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) mostram que o uso excessivo de celulares está diretamente relacionado à queda no desempenho acadêmico e ao aumento da dispersão durante as aulas. A medida também pode reduzir casos de cyberbullying, que se intensificaram com o uso inadequado de dispositivos para gravações não autorizadas e disseminação de conteúdo ofensivo.

Além disso, essa mudança pode incentivar hábitos mais saudáveis, como a prática de atividades físicas e a interação social entre os alunos, promovendo um equilíbrio entre o uso da tecnologia e a vida escolar.

No entanto, a implementação da lei nas escolas é apenas o começo. Para que a mudança seja eficaz e duradoura, é essencial que as famílias também adotem medidas para limitar o uso de telas em casa e em momentos de lazer. A colaboração entre escolas e famílias é fundamental para criar hábitos mais equilibrados e saudáveis.

Uma sugestão é resgatar brincadeiras tradicionais, como pega-pega, esconde-esconde e amarelinha, que estimulam a criatividade, a coordenação motora e a interação social. Além disso, atividades como a leitura de livros e a construção de brinquedos com materiais recicláveis ajudam no desenvolvimento das crianças e fortalecem os laços familiares.

Essa lei não só promete melhorar o ambiente escolar, mas também prepara os alunos para os desafios da vida adulta. Ao incentivar a socialização, o trabalho em grupo e a resolução de conflitos, as escolas ajudarão a formar jovens mais preparados para o mercado de trabalho e para a convivência em sociedade.

Em um mundo cada vez mais digital, é importante encontrar o equilíbrio entre o uso da tecnologia e o desenvolvimento saudável das crianças. A proibição do uso de celulares nas escolas é um passo importante nesse sentido, mas o sucesso da medida depende do esforço conjunto entre educadores, famílias e a comunidade. Juntos, podemos garantir um futuro mais equilibrado e saudável para as futuras gerações.

E você, o que pensa sobre essa mudança? Acha que devemos reduzir o uso de telas no dia a dia das crianças e promover mais atividades saudáveis? Sua opinião é essencial para construirmos um futuro mais enriquecedor para nossos jovens.

Até a próxima…

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