ONU estima em US$ 53 bilhões custo para reconstruir Faixa de Gaza

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

A recuperação e a reconstrução da Faixa de Gaza, devastada por mais de um ano de guerra, exigirão mais de US$ 53 bilhões (R$ 306,2 bilhões), incluindo mais de US$ 20 bilhões nos primeiros três anos, de acordo com uma estimativa das Nações Unidas divulgada nesta terça-feira (11).

“Os valores necessários para a recuperação e reconstrução de curto, médio e longo prazo na Faixa de Gaza são estimados em US$ 53,142 bilhões. Desse montante, o financiamento de curto prazo necessário para os primeiros três anos é estimado em cerca de US$ 20,568 bilhões”, escreve o secretário-geral da ONU, António Guterres, em um relatório preparado a pedido da Assembleia Geral.

“Embora não tenha sido possível, no contexto atual, avaliar completamente a lista completa de necessidades que serão exigidas na Faixa de Gaza, essa avaliação parcial fornece uma indicação inicial da escala considerável das necessidades de recuperação e reconstrução no território”, afirma o documento.

Com mais de 60% das moradias destruídas desde o início do conflito em outubro de 2023, esse setor exigirá quase 30% dos fundos estimados, ou cerca de US$ 15,2 bilhões, segundo o estudo.

Em seguida, vêm comércio e indústria (US$ 6,9 bilhões), saúde (US$ 6,9 bilhões), agricultura (US$ 4,2 bilhões), proteção social (US$ 4,2 bilhões), transporte (US$ 2,9 bilhões), abastecimento de água e saneamento (US$ 2,7 bilhões) e educação (US$ 2,6 bilhões).

O documento também considera os custos particularmente altos previstos para o setor ambiental (US$ 1,9 bilhão), “devido à grande quantidade de detritos contendo munições não detonadas”.

A ONU estima que os combates e bombardeios israelenses em Gaza geraram “mais de 50 milhões de toneladas de escombros, sob os quais se encontram restos humanos, além de munições não detonadas, amianto e outros elementos perigosos”.

Pesquisadores envolvidos na checagem independente do número de palestinos mortos por Israel na guerra esperam que, com a permanência do cessar-fogo, seja possível trabalhar em campo e chegar a uma cifra clara e definitiva -com os enfrentamentos intensos e mortes recorrentes de trabalhadores humanitários em ataques israelenses, isso era inviável.

O número utilizado por boa parte da imprensa é aquele divulgado pelo Ministério da Saúde de Gaza.

Embora a pasta seja controlada pelo Hamas, entidades como a ONU, a OMS (Organização Mundial da Saúde) e a ONG Human Rights Watch consideram a contagem confiável. Segundo o ministério, quase 47 mil palestinos foram mortos nos ataques ao longo dos últimos 15 meses, e cerca de 110 mil ficaram feridos.

Uma vez que a contagem é feita por um órgão ligado ao grupo terrorista em guerra com Israel, esse número é frequentemente atacado por apoiadores do país e já foi questionado por Tel Aviv e pelos Estados Unidos, principal fiador militar e diplomático do Estado judeu.

Por outro lado, um estudo conduzido pela London School of Hygiene and Tropical Medicine (LSHTM) e publicado na revista científica The Lancet, reconhecida por sua relevância global em pesquisa médica e saúde pública, apontou que os dados do ministério palestino podem apresentar subnotificação de cerca de 40%.

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