A mostra “Léa Garcia – 90 Anos”, que acontece no CCBB Brasília a partir desta sexta-feira (1) até 24 de novembro, é uma celebração em homenagem a uma das mais importantes figuras da dramaturgia negra no Brasil. A retrospectiva apresenta 16 títulos, incluindo 15 longas e um curta, que destacam a carreira da atriz, falecida em 2023, e sua luta antirracista na arte. A entrada é gratuita, e o público pode obter ingressos no site ou na bilheteira física do local.
Em entrevista exclusiva ao Jornal de Brasília, o curador Ewerton Belico explicou que selecionou cuidadosamente os filmes ao lado de Leonardo Amaral com o objetivo de traçar um arco temporal que vai desde o clássico Orfeu Negro (1959) até O Pai da Rita (2022). “A programação apresenta diversas facetas de seu trabalho e dos modos como o cinema brasileiro tematizou a vida social e subjetiva de pessoas negras ao longo do último século”, afirma Belico. A mostra promete uma experiência visual única, com a maioria das exibições em cópias originais de 35mm.

Entre as obras exibidas, destaca-se Orfeu Negro, que catapultou Léa ao estrelato internacional ao ganhar a Palma de Ouro em Cannes. Além desse clássico, o público terá a chance de assistir a raridades como Compasso de Espera (1973), que aborda questões raciais, e A Deusa Negra (1977), uma coprodução com a Nigéria. A programação ainda conta com o restauro digital de O Forte, dirigido por Olney São Paulo, que será exibido pela primeira vez em boa qualidade após décadas.
Belico enfatiza a importância do Teatro Experimental do Negro na formação de Léa Garcia e seu impacto no audiovisual brasileiro. “O legado de Léa é fundamental para a discussão atual sobre representatividade no cinema. Ela não apenas questionava as imagens cristalizadas das mulheres negras, mas também desafiava as narrativas contemporâneas”, observa o curador.

A mostra inclui também atividades formativas, como um bate-papo com a atriz Bárbara Colen e a crítica Letícia Bispo, que discutirão o impacto da obra de Léa e sua relevância na luta por igualdade. A abertura contará com uma apresentação geral da curadoria, prometendo enriquecer o entendimento do legado dessa artista multifacetada.
“A expectativa é que o espectador se conecte com sua própria imagem e história através do trabalho de Léa Garcia. Em tempos difíceis para a preservação da memória do cinema brasileiro, esperamos que essa mostra desperte um interesse renovado pela rica e complexa história do nosso cinema”, conclui Belico.

Com uma programação tão diversificada, “Léa Garcia – 90 Anos” não é apenas uma homenagem, mas também um convite à reflexão sobre o passado e o futuro da representação negra nas telas brasileiras. A mostra reafirma o papel crucial de Léa como uma pioneira que, por meio de seu talento e coragem, ajudou a moldar a narrativa do cinema nacional.
LÉA GARCIA – 90 ANOS
Local: Cinema do CCBB Brasília
Endereço: SCES Trecho 02 Lote 22 – Edif. Presidente Tancredo Neves – Setor de Clubes Especial Sul – Brasília – DF
Programação: https://ccbb.com.br/brasilia/
Entrada gratuita, mediante a retirada de ingressos no site bb.com.br/cultura e na bilheteria física.