Ex-alunos de professor da USP acusado de assédio divulgam nota de apoio a denunciantes

BRUNO LUCCA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Ex-alunos que tiveram seus trabalhos acadêmicos orientadospor Alysson Mascaro, professor da Faculdade de Direito da USP acusado de assédio moral e abuso sexual, publicaram uma nota pública nesta quinta-feira (16) em solidariedade às supostas vítimas.

texto foi assinado por 95 pessoas, dentre elas alguns dos denunciantes. Todos fizeram parte do grupo de pesquisa Crítica do Direito e Subjetividade Jurídica, liderado por Mascaro. O professor nega as acusações.

“Como pesquisadores críticos do direito e compromissados com a luta pelo fim das explorações e opressões, todos nós acompanhamos os recentes acontecimentos com muita apreensão, lamento e revolta”, diz o texto. “Manifestamos nossa solidariedade às pessoas possivelmente vitimadas, sem apelar para linchamentos públicos”, segue.

Alysson Mascaro é advogado e professor associado da Faculdade de Direito desde 2006. Dez alunos ou ex-alunos o acusaram de assédio e abuso sexual ao site Intercept Brasil, que publicou reportagem em 3 de dezembro. Então, a USP abriu sua investigação sobre o caso.

Um dia após a publicação das denúncias, a Faculdade de Direito decidiu instaurar procedimento apuratório preliminar. Um professor da unidade foi designado para presidir os trabalhos da sindicância, que foi concluída na última sexta-feira (10) e agora aguarda parecer da Procuradoria-Geral da universidade.

O responsável pela investigação solicitou que Mascaro fosse afastado do cargo durante o período de análise. A direção da faculdade aceitou o pedido, dizendo haver “fortes indícios” contra o professor.

Os supostos casos de abuso e assédio sexual teriam ocorrido entre 2006 e o início de 2024. Conforme os relatos, as abordagens de Mascaro tinham um padrão no qual ele se aproveitava da posição de autoridade como docente, além de argumentar ter influência e amizade com pessoas em altos cargos do Judiciário.

A princípio, os relatos envolviam apenas homens, mas a Faculdade de Direito da USP identificou três supostas vítimas mulheres.

Antes mesmo de os casos surgirem, em 30 de novembro, o docente publicou uma nota pública nas redes sociais em que dizia estar sendo “vítima de crime cibernético, sofrendo um processo de perseguição por pessoas que, se escudando no aparente anonimato no ambiente virtual desde meados de 2023, vêm buscando atacá-lo em sua honra”.

“Tal grupo de pessoas vem perpetrando acusações inverídicas para ferir sua imagem pública, buscando descredibilizar suas posições em detrimento do debate aberto acerca de sua luta concreta e de suas ideias amplamente difundidas por meio de sua vasta obra teórica e luta política”, diz a nota pública.

A defesa do professor informa que foi registrado um boletim de ocorrência e uma representação criminal para apuração do crime de perseguição em 20 de novembro e que esse fato será usado como argumento em caso de confirmação de um processo administrativo.

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