LEONARDO VIECELI
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) afirmou em nota nesta quinta-feira (22) que iniciou diálogo para “cooperação” com o Escritório Nacional de Estatísticas da China, o NBS, e outras instituições locais.
Conforme o órgão brasileiro, a aproximação ocorreu durante uma visita ao país asiático na semana passada. A viagem contou com a presença de diretores e do presidente do IBGE, Marcio Pochmann.
O instituto declarou que o objetivo da agenda foi iniciar a execução de um memorando de entendimento assinado com o órgão de estatísticas da China em 2024, além de celebrar dois novos acordos com a Academia de Estudos Contemporâneos da China e do Mundo e com a Universidade Normal de Hebei.
Em 2023, Pochmann provocou polêmica ao elogiar a produção estatística em países como a China. A fala deixou em alerta analistas e ex-servidores do IBGE que enxergavam falta de transparência da nação asiática nessa área.
À época, eles lembraram, por exemplo, que a China suspendeu a publicação de dados de desemprego de jovens -faixa etária que costuma apresentar índices mais elevados de desocupação.
No ano passado, Pochmann disse em entrevista à Folha de S.Paulo não ter “instituição de preferência”. “A China tem coisas interessantes, vamos acompanhando, como tem também nos Estados Unidos, no México, em Portugal, na Colômbia”, declarou o economista na ocasião.
Segundo a nota divulgada pelo IBGE nesta quinta, o diretor de Pesquisas do órgão, Gustavo Junger, avaliou que o diálogo com o NBS permitiu reconhecer os desafios enfrentados para retratar “as mudanças que se processam na sociedade”, além de estratégias de modernização da produção estatística.
Ainda de acordo com a nota, a Diretoria de Pesquisas do IBGE identificou “pontos de aproximação mais diretos”, como a preparação para os censos agropecuários que em ambos os países devem ocorrer em 2026.
“Os próximos passos dessa aproximação com o NBS-China, sem dúvida, passarão pela maior aproximação das equipes técnicas e a definição de uma agenda que nos permita acompanhar de perto os avanços realizados pelo instituto, assim como compartilhar nossas experiências, fomentando um campo fértil ao diálogo entre duas instituições”, afirmou o diretor de Pesquisas.
IBGE VIVE CRISE INTERNA
O IBGE vive uma crise interna que se arrasta desde o segundo semestre de 2024. Servidores chegaram a acusar a gestão Pochmann de tomar medidas autoritárias, o que foi rebatido pela direção em mais de uma ocasião.
A crise resultou na entrega de cargos nas diretorias de Pesquisas e Geociências no início deste ano. Nesta quinta, o IBGE confirmou nova baixa.
A presidência anunciou a saída de Paulo de Martino Jannuzzi do cargo de coordenador-geral da Ence (Escola Nacional de Ciências Estatísticas).
A decisão, segundo a presidência, ocorreu a pedido de Jannuzzi. A Ence é uma instituição de ensino superior que faz parte da estrutura do instituto.
Para o lugar de Jannuzzi, foi anunciada a chegada do servidor público aposentado Jorge Abrahão de Castro.
Conforme as informações da presidência do instituto, Castro é doutor em economia pelo Instituto de Economia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), onde Pochmann construiu carreira acadêmica.
O novo coordenador é graduado em estatística pela UnB (Universidade de Brasília) e analista aposentado do Ministério do Planejamento e Orçamento.