O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quinta-feira (15) no Catar, uma das etapas de sua viagem pelo Golfo, que está próximo de um acordo com o Irã sobre o programa nuclear de Teerã para evitar um conflito.
“Não vamos gerar poeira nuclear no Irã”, disse. “Acho que estamos perto de, talvez, fechar um acordo sem precisar fazer isso”, acrescentou, em referência a uma ação militar.
Algumas horas antes, Ali Shamkhani, conselheiro do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, disse em uma entrevista ao canal NBC que seu país está disposto a aceitar restrições a seu programa nuclear em troca da suspensão imediata das sanções americanas.
No domingo passado aconteceu a quarta rodada de negociações entre Irã e Estados Unidos, iniciadas em abril, os contatos entre funcionários de maior escalão desde que Trump retirou, em 2018, os Estados Unidos do acordo nuclear (JCPOA, na sigla em inglês).
“Como presidente, minha prioridade é acabar com os conflitos, não iniciá-los. Mas nunca hesitaria em mobilizar a força americana, se fosse necessário para defender os Estados Unidos da América ou seus parceiros”, afirmou Trump na base americana de Al Udeid, no Catar.
Após suas visitas à Arábia Saudita e ao Catar, Trump chegou nesta quinta-feira aos Emirados Árabes Unidos, em uma viagem na qual abordou os problemas da região.
Ao falar sobre Gaza, ele reiterou que Washington quer assumir o controle do território palestino, devastado por 19 meses de guerra entre Israel e o movimento islamista palestino Hamas, para transformá-lo em uma “zona de liberdade”.
“Tenho ideias para Gaza que acredito que são muito boas, para transformá-la em uma zona de liberdade, para que os Estados Unidos se envolvam e simplesmente a transformem em uma zona de liberdade”, disse o presidente.
Ele também advertiu os rebeldes huthis do Iêmen que os Estados Unidos podem “retomar a ofensiva”, apesar do cessar-fogo decretado em 6 de maio, após várias semanas de bombardeios americanos em represália aos ataques no Mar Vermelho.
“Estamos lidando com os huthis, e acho que é um sucesso, mas um ataque pode ocorrer amanhã, e neste caso, retomaremos a ofensiva”, assegurou.
– Retirada das sanções contra a Síria –
Na terça-feira, Trump surpreendeu ao anunciar a retirada das sanções contra a Síria e, no dia seguinte, se reuniu em Riade com o presidente Ahmed al Sharaa, um ex-jihadista que assumiu o poder depois de derrubar o regime de Bashar al-Assad em dezembro.
O presidente americano também disse que poderia visitar a Turquia em caso de avanço daquelas que podem ser as primeiras conversações diretas entre Rússia e Ucrânia para acabar com o conflito.
A viagem ao Golfo é o primeiro grande deslocamento internacional do segundo mandato de Trump, após uma breve visita a Roma para o funeral do papa Francisco, e demonstra sua vontade de privilegiar as monarquias ricas em petróleo e gás, deixando os aliados tradicionais dos Estados Unidos na Europa em segundo plano.
As visitas foram marcadas por anúncios econômicos e promessas de investimentos, com valores muito elevados e difíceis de verificar a longo prazo.
A Arábia Saudita prometeu investimentos de até 600 bilhões de dólares. Por sua vez, a Qatar Airways anunciou um pedido de aviões da Boeing, por US$ 200 bilhões.
O Catar investirá 10 bilhões de dólares “para apoiar esta imponente base nos próximos anos”, declarou Trump em Al Udeid, a maior base americana na região.
“É uma viagem de recordes. Nunca houve uma viagem capaz de gerar no total 3,5 ou 4 trilhões de dólares em apenas quatro ou cinco dias”, garantiu Trump.
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