Jovens são maioria dos mortos por febre amarela em SP

febre amarela

PATRÍCIA PASQUINI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Dos 5 mortos por febre amarela em 2025 no estado de São Paulo, 3 eram jovens. Nenhum deles havia se vacinado contra a doença, de acordo com a Secretaria Estadual da Saúde.

Em Amparo, a vítima foi um homem de 27 anos, morador da zona rural. A cidade de Socorro confirmou as mortes de dois homens -de 21 e 71 anos- e de uma mulher de 25. Uma moradora de Santo André (ABC) pegou a doença em Tuiuti e também não resistiu às complicações. Ela tinha 62 anos.

Regiane de Paula, responsável pela Coordenadoria de Controle de Doenças da secretaria, avalia a situação como preocupante.

“Estamos trabalhando intensamente desde o final do ano passado, porque já tínhamos localizado os macacos mortos por febre amarela na região de Ribeirão Preto. Então nós intensificamos antes todos os alertas e ações do estado junto aos municípios. Quem não estiver imunizado contra a doença deve tomar a vacina”, afirma.

O ciclo da doença atualmente é silvestre, com transmissão por meio dos mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes. Além de tomar a vacina, a orientação para quem visita parques e outras áreas de mata aos finais de semana e feriados é de usar repelente.

“As pessoas não vacinadas que forem a área de mata para uma trilha ou passeio ou moram em áreas de mata e chácaras correm o risco de ter febre amarela silvestre”, reforça a especialista.

Os macacos não transmitem a febre amarela, eles também são vítimas da doença. “Não maltrate os animais. Se você encontrar um macaco morto, chame a vigilância em saúde do município ou a zoonoses para coletar o animal e fazer todos os exames”, enfatiza De Paula.

Todo o estado de São Paulo é endêmico para febre amarela desde a epidemia em 2017 e 2018.

Em 2025, o total de casos registrados da doença chega a nove no território paulista -quatro em Socorro, dois em Joanópolis, um em Tuiuti, um com local de infecção ainda em investigação e um caso importado de Itapeva (MG).

Nesta semana, a Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) e o Ministério da Saúde emitiram um alerta epidemiológico sobre febre amarela na região.

Segundo a Opas, existe a possibilidade de o vírus se espalhar pelas regiões de Campinas, sul de Minas Gerais e Serra da Mantiqueira. Além de SP e MG, os estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás e Mato Grosso do Sul têm maior probabilidade de ocorrência de febre amarela, assim como o Distrito Federal.

Em outro alerta, o Ministério da Saúde recomenda atenção em São Paulo, Minas Gerais, Roraima e Tocantins.

VACINAÇÃO

Com a proximidade do Carnaval e de outros feriados nacionais, quem planeja se deslocar para locais com registro de transmissão de febre amarela ou para áreas rurais e de mata deve se vacinar com dez dias de antecedência.

Para crianças menores de cinco anos, o imunizante contra a febre amarela é aplicado em duas doses: aos 9 meses e aos 4 anos. A dose zero é aplicada entre 6 e 8 meses de idade apenas em crianças que residem ou viajarão para áreas com circulação confirmada do vírus.

Para o restante da população (até 59 anos) a vacina é oferecida em dose única, com validade por toda a vida, segundo recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde), em 2017. Pessoas acima de 60 anos devem passar por uma avaliação médica antes de se vacinarem.

Quem recebeu a dose fracionada em 2018 deve procurar uma unidade de saúde para revacinação.

De acordo com a secretaria estadual, os estoques da vacina estão regulares. Dados preliminares de 2024, extraídos em 23 de janeiro de 2025, indicam uma cobertura vacinal de 73,78%, o que representa um avanço se comparado a 2022 (60,67%). Nos menores de 1 ano, 80% da população está imunizada contra a febre amarela no estado de São Paulo.

Na cidade de São Paulo, segundo a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, a cobertura vacinal para a primeira dose da febre amarela em crianças cresceu nos últimos anos. Em 2022, a cobertura foi de 73,78%. Em 2023 e 2024 chegou a 93,51% e 96,91%, respectivamente.

A vacina é aplicada nas UBSs de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h, e nas AMAs/UBSs Integradas de segunda a sábado, no mesmo horário.

A febre amarela é perigosa para todas as pessoas, não só para aquelas que pertencem a algum grupo de risco. “Em 15% a 20% dos casos o paciente pode evoluir para uma hepatite fulminante, se tornar um caso grave e morrer”, conclui Regiane de Paula.

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