Folha diz que problema do governo Lula vai além da comunicação

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) iniciou uma possível reforma ministerial pela área de comunicação, substituindo Paulo Pimenta na Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) pelo marqueteiro Sidônio Palmeira. A mudança ocorre em meio a críticas recorrentes nos bastidores de Brasília de que o governo enfrenta dificuldades para comunicar suas ações de forma eficaz — uma percepção comum em administrações que, muitas vezes, atribuem a baixa popularidade à falha de divulgação, e não à gestão.

Apesar dos resultados econômicos e do crescimento do emprego acima das expectativas nos últimos dois anos, a aprovação do governo Lula não avançou significativamente. O Datafolha aponta que 35% aprovam sua gestão e 34% a reprovam, números que pouco variaram desde o início do terceiro mandato. Isso sugere que indicadores positivos da economia nem sempre se refletem no cotidiano da população, que pode ser afetada por questões como inflação elevada ou desafios em outras áreas.

A expectativa é que Sidônio Palmeira, reconhecido por seu trabalho em campanhas eleitorais, consiga melhorar a comunicação das conquistas do governo. No entanto, há limites para o impacto de estratégias de marketing na opinião pública, especialmente em um contexto econômico desafiador.

O cenário se agrava com o aumento do dólar e dos juros, reflexo de incertezas econômicas e decisões do próprio governo, que elevam os riscos inflacionários e podem desacelerar o crescimento. Medidas para ajustar o orçamento, fundamentais para estabilizar a economia, tendem a desagradar a base política do PT.

Internamente, Lula enfrenta a pressão de reverter essa percepção negativa, enquanto internacionalmente, o ambiente econômico também se torna mais complexo. A iminente posse de Donald Trump nos Estados Unidos traz preocupações com tarifas de importação e possíveis aumentos nas taxas de juros, o que pode afetar a economia global.

Diante desse cenário, 61% dos brasileiros acreditam que a economia segue por um caminho errado, segundo o Datafolha. Isso acende um alerta para o governo, que ainda não conseguiu estabelecer marcas sólidas em outros setores. Assim, uma reforma ministerial focada apenas na comunicação pode ser insuficiente, e ajustes voltados para a eficiência administrativa e o fortalecimento do diálogo com o Congresso podem ser mais eficazes.

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