Jovens gays encontram na música e nas estrelas do pop caminhos para enfrentar preconceitos

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Por Danilo Lucena
Agência de Notícias Ceub

20 de setembro de 2024. 31ºC no Rio de Janeiro. Cidade do Rock lotada. Dezenas de milhares de fãs aguardando ansiosamente algumas das maiores cantoras femininas da atualidade, encabeçadas por Katy Perry, última atração do dia.

Com looks coloridos, fãs empolgados e um público majoritariamente LGBTQIAPN+, o “Dia Delas” no festival foi marcado por histórias envolventes de pessoas que encontraram na música pop a força necessária para lidar com situações de bullying e discriminação em espaços que deveriam ter sido acolhedores, como a família, a escola e as igrejas.

Para o casal Rodolfo Lavagnoli e Rafael Rodrigues o dia ainda ficaria marcado por um inusitado pedido de casamento ao som da música “Firework”, hino antibullying que marcou a história do mineiro Rafael enquanto se entendia como um homem gay.

Rafael, 27 anos, é natural de Juiz de Fora/MG e conta que sempre apresentou trejeitos afeminados, de modo que surgiram, desde muito cedo, cobranças da família para que endurecesse seus modos e fizesse amizade com mais meninos, pois a maior parte de suas amigas eram meninas. Durante a adolescência, ele entendeu que não se sentia atraído física ou emocionalmente pelo gênero oposto, mas somente veio a ter sua primeira experiência com outro rapaz aos 18 anos, em meados de 2015.

Na escola e na família, era alvo de piadinhas, porém esforçava-se para tolher seus trejeitos e aparentar um comportamento mais próximo do que a sociedade considera como apropriado aos homens e rapazes. Certa vez, Rafael foi pego dançando “Ragatanga” com as amigas num clube da cidade e logo levou represálias pelo comportamento afeminado (dançar).

Na época em que Rafael estava lidando com as primeiras situações de bullying, a música pop produzida por cantoras femininas lhe deu muita força para aceitar-se do jeito como era e para lidar com a opinião alheia. Artistas como Avril Lavigne, Pink e Kelly Clarkson são exemplos de “divas” que, com o jeito ousado de portarem-se e de cantarem seus sentimentos, ajudaram Rafael a espelhar suas próprias pressões internas e a extravasar aquilo que não dava mais para ser guardado. Até hoje ele continua fã dessas divas, além da brasileira Anitta e das americanas Katy Perry, Taylor Swift, Olivia Rodrigo, Sabrina Carpenter e outras.

Um exemplo muito forte do impacto positivo das divas pop no processo de aceitação de Rafael foi a música Firework, lançada por Katy Perry em 2010. A letra traz uma forte mensagem de autoaceitação. Veja a tradução de um trecho: Você não precisa se sentir / Como um desperdício de espaço / Você é original / Não pode ser substituído / Se você soubesse / O que o futuro reserva / Após um furacão / Vem um arco-íris / Talvez a razão de / Todas as portas estarem fechadas / Era para você poder abrir uma / Que te levasse para a estrada perfeita.

O videoclipe da música contém uma rápida cena de um beijo gay, que levava Rafael às lágrimas toda vez que assistia: Chorava de emoção, era lindo. Eu voltava o clipe só para chegar nessa cena”.

O impacto de cenas e músicas como essa salvaram a vida de Rafael, que afirma que, literalmente, “não estaria aqui se não fosse pelas divas pop”.

O noivo de Rafael, o empresário paranaense Rodolfo Lavagnoli, de 33 anos, conta que sua história também foi cheia de altos e baixos. Nascido e criado em Florida/PR, cidade de apenas 3 mil habitantes, era difícil perceber-se como fora do padrão aceito pela sociedade. Além de homossexual, Rodolfo era um rapaz acima do peso, o que lhe colocava como alvo de piadinhas e perseguições por parte dos colegas da escola.

Em casa, política e religião se misturavam para criar um ambiente tóxico e sem espaço para as diferenças, de modo que o jovem Rodolfo pensou até mesmo em suicídio, por não enxergar uma forma de se adequar aos padrões que eram esperados dele.

Nessa época, vários lançamentos do universo pop lhe deram força e mensagens positivas para seguir em frente, escolhendo a cantora americana Pink como uma de suas favoritas à época.

E não foi apenas seu noivo que manteve uma relação especial com Firework: na época do lançamento do clipe, Rodolfo já frequentava baladas e a cena do beijo ficava martelando em sua mente. Ele se recorda de pensar: “Meu Deus, essa mulher é louca, essa mulher é louca! Me sinto representado, me sinto visto por alguém que, internacionalmente, mundialmente, tem voz, tem credibilidade e que me apoia. Ela me apoia nesse momento, eu não tô sozinho e isso é muito bom”.

Rodolfo também concorda que, sem as divas pop em seu período de formação e crescimento, seria uma pessoa bastante diferente hoje em dia. “Eu não sei o que eu seria hoje, como seria minha personalidade, meu jeito de pensar, meu jeito de agir”, reflete o empresário.

Rafael e Rodolfo se conheceram em Juiz de Fora em 2021, quando o empresário paranaense visitou a cidade mineira a trabalho, e logo engataram um romance à distância. Na metade de 2024, Rafael finalmente se mudou para Maringá para viver com Rodolfo, mas não esperava que logo mais dariam um próximo passo na relação.

Alguns meses antes, foi anunciado pela produção do Rock in Rio que a cantora Katy Perry seria a headliner do dia 20 de setembro, apelidado de “Dia Delas”, pois o line-up seria formado apenas por cantoras mulheres. Dentre as atrações, estavam os nomes das brasileiras Ivete Sangalo e Iza, da americana Cyndi Lauper, da colombiana Karol G, da sul-africana Tyla, dentre outras.

Rafael e Rodolfo logo decidiram que estariam presentes, pois não perderiam esse momento por nada. Além do retorno de Katy Perry ao Brasil, a data seria marcada pelo lançamento de seu 6º álbum de estúdio, “143”.

O casal passou a comprar passagens aéreas, reservar a hospedagem e organizarem-se no trabalho para estarem livres no dia do evento. O que Rafael não imaginava, porém, é que Rodolfo estava organizando uma surpresa às escondidas: um pedido de casamento durante o show da diva de Firework.

O momento do pedido foi bastante divertido, pois Rafael não entendeu o que estava acontecendo e queria apenas prestar atenção no show, até que Rodolfo precisou pedir: “Presta atenção em mim!”. O pedido em si foi pensado para ser sincronizado com os fogos de artifício do show e as pessoas em volta ficaram todas bastante empolgadas, apontando para o casal com sorrisos no rosto.

O vídeo do pedido de casamento foi postado no TikTok por Rafael, alcançando, até o momento, mais de 67 mil visualizações. Confira clicando aqui.

Rafael e Rodolfo estão ansiosos para a cerimônia, que ocorrerá em São Paulo, cidade escolhida como forma de facilitar o deslocamento dos familiares de ambos, já que 1.100 quilômetros separam as cidades natais de cada um e onde as famílias residem até hoje. A capital paulista fica no meio do caminho para todos e será o palco do casamento no dia 05 de junho de 2026.

Rafael e Rodolfo logo após o “sim”. Foto: acervo pessoal.

As histórias de Rafael e Rodolfo são tocantes, mas não estão isoladas. No Brasil e no mundo são abundantes os exemplos de pessoas que fugiram da norma socialmente aceita e tiveram que enfrentar situações de humilhação, perseguição, controle e, muitas vezes, de agressão. 

Um triste exemplo disso é um episódio sofrido pelo fisioterapeuta brasiliense José Silvestre, atualmente com 24 anos, mas que recorda de um episódio ocorrido há alguns anos, em que um desconhecido o agrediu fisicamente dentro de um ônibus, apenas porque ele estava em seu caminho para a saída. O estranho disse: “Sai do meio, viadinho” e deu um tapa no rosto de José.

José Silvestre também participou do Rock in Rio no “Dia Delas”. Foto: acervo pessoal.

A cultura pop como um local de refúgio

Assim foi a trajetória do enfermeiro Leandro Xavier, de 27 anos, morador de Planaltina/DF. Ele conta que apenas foi se entender como um homem gay aos 18 anos, mas desde muito cedo era alvo de piadinhas pelo jeito afeminado: “Parecia que o armário era de vidro. Eu dava todos os sinais e todo mundo percebia que eu era gay, mas as falas eram sempre em tom pejorativo”.

Na escola, Leandro era alvo de piadinhas por parte dos colegas e afirma que “quando você é gay, preto ou gordo, em algum momento você vai sofrer alguma violência no colégio”. Ele observa, inclusive, que algumas das pessoas que praticavam bullying eram parte de grupos que também poderiam vir a ser alvos, então adotavam essa postura de violência para se protegerem: “Elas me atacavam para não serem atacadas”.

O enfermeiro recorda que, por volta dos 16 anos, estava participando de uma ação voluntária com um grupo religioso e, ao caminhar um pouco mais à frente, foi alvo de chacota por andar rebolando. Relembra que aquilo o machucou muito, pois não estava fazendo nada mais que simplesmente andar: “Eu estou fazendo de tudo para disfarçar aquilo que eu sou e não é suficiente”.

Questionado se a escola tomava alguma atitude em relação aos episódios de bullying, Leandro afirma que a ação da instituição era no sentido de masculinizá-lo. “As professoras chamavam minha mãe às vezes para conversar, para eu ser mais ‘homem’, e minha mãe me repreendia. Chamavam a minha atenção porque, eu com cinco anos, já fazia muita florzinha e coraçãozinho no meu caderno. Eu só tinha amigas mulheres e não gostava de jogar futebol de jeito nenhum”, ele explica. “A atuação da escola não era no sentido de reprimir o bullying, mas de reforçá-lo”, critica o enfermeiro.

Ao se assumir em casa, Leandro encontrou resistência por parte da família conservadora e religiosa, que apenas veio a aceitá-lo após alguns anos, ao perceber que, com as críticas frequentes, o jovem se afastava do convívio familiar.

Apesar da relutância entre os familiares, foi uma prima de Leandro que o incentivou a levar uma vida autêntica, sem se esconder. O rapaz recorda de ouvir a prima Liane lhe dizer: “Se você nunca tentar, você nunca vai descobrir” (referindo-se à sexualidade do primo, que, diante das represálias, tentava mudar o que sentia). 

O enfermeiro reconhece que foi com ajuda profissional que conseguiu desenvolver uma opinião positiva acerca de si próprio. “Na terapia, eu fui me descobrindo gay, no sentido de entender que estava tudo bem me sentir atraído por outros homens. Esse foi meu processo”, diz Leandro.

O enfermeiro Leandro Xavier, de 27 anos. Foto: acervo pessoal.

Em meio a todas as violências diárias que sofria, Leandro encontrou na cultura pop um local de refúgio. Ele lembra de chegar da escola e ficar horas assistindo a clipes de cantoras como Rihanna, Beyoncé, Pink e Britney Spears na MixTV. O enfermeiro conta que até hoje essas artistas fazem parte de sua playlist diária, além do trap brasileiro produzido por mulheres negras.

Leandro define Rihanna como sua cantora favorita, narrando que o episódio em que ela sofreu violência doméstica lhe mostrou que “pessoas boas podem sofrer” e que aquilo, de certa forma, lhe deu força para lidar com suas próprias vivências, mesmo que distintas.

Sobre uma música que lhe serviu de hino e inspiração, Leandro escolhe “Born This Way”, de Lady Gaga, cujo refrão diz o seguinte: Eu sou linda do meu jeito / Pois Deus não erra / Eu estou no caminho certo, baby / Eu nasci assim.

Leandro narra que a letra dessa música o fez perceber que “não tem problema nenhum você ser como eu sou, pois se Deus é tão perfeito como a igreja fala que é, Ele não iria errar em me fazer”.

O apoio da família faz toda a diferença

Estudante de Farmácia da UnB, Yann Lopes, 23 anos, define-se como um homem gay e conta que começou a se entender assim desde muito cedo. O ponto inicial desse processo foi perceber que propagandas que traziam corpos masculinos lhe despertavam maior interesse que aquelas que traziam mulheres, como as de marcas de cueca em detrimento, por exemplo, da Globeleza ou de diferentes tipos de cerveja.

Yann reconhece que, infelizmente, seu contato com pornografia se deu muito cedo, desde os 9 anos de idade, e que, assim que sua mãe descobriu, tomou providências para protegê-lo. No entanto, a partir dali ela já sabia que o conteúdo que seu filho estava vendo trazia corpos de homens e não de mulheres.

Ele relata que sua mãe o colocou na terapia para lidar com a exposição à pornografia, mas uma das pautas que invariavelmente acabaram sendo abordadas ao longo dos anos foi sua sexualidade. Com a ajuda dos profissionais que o acompanharam, o jovem pôde se entender e se desenvolver num ambiente seguro, ao contrário do que teria sido na internet.

Vindo de família espírita, mas estudando num colégio evangélico do interior de São Paulo, Yann era frequentemente chamado à sala do diretor, que conversava com ele sobre sua família, seu passado e suas vivências. Hoje, o jovem entende que esse foi o início de uma “terapia de conversão”, até que sua mãe decidiu matriculá-lo numa escola laica.

Mesmo com o apoio da mãe, Yann encontrava dificuldades em expressar abertamente sua sexualidade. Às vezes, a gente tem que se esconder para se proteger, para sobreviver, para ser quem a gente é, porque não nos é apresentada outra forma de ser”, diz o rapaz.

Yann afirma que alguns membros de sua família já sabiam sobre sua sexualidade, pois sua mãe havia feito confidências a um irmão na época do episódio da pornografia. Com o passar dos anos, a história foi se espalhando, porém sem que chegasse aos ouvidos de seu pai, com quem o jovem precisou ter uma conversa direta.

O estudante explica que, ao conversar com o pai, que inclusive é francês, ficou sabendo de um tio-avô, afastado da família há muito tempo por se vestir de mulher. “Eu não sei se ele era drag queen ou trans, mas com certeza era LGBT, numa época muito difícil. Meu avô afastou esse filho por não aceitá-lo, mas depois acabou se arrependendo, porém já não havia retorno”, reflete o estudante.

Ao se assumir para os avós maternos, Yann encontrou um pouco de resistência por parte da avó, que acabou por acolhê-lo algum tempo depois. Contudo, com o avô, o abraço foi imediato. “Ele falou: ‘não importa se você gosta de João ou de Maria, eu vou continuar te amando. Quero te ver feliz’”, lembra o jovem.

Sobre eventuais episódios de bullying na escola, Yann se alegra por não terem sido muito numerosos, mas se recorda de uma ocasião em que um colega o chamou de “gay”, com a intenção de ofendê-lo. Ao contar para a professora, ao invés dela tomar alguma atitude para com o outro menino, ela lhe rebateu: “Tá, mas você é gay mesmo?”.

Sobre as cantoras cujas músicas faziam parte de seu dia-a-dia, Yann responde que gostava muito de Britney Spears, Selena Gomez, Beyoncé e Shakira, mas que suas favoritas eram as americanas Lady Gaga e Ariana Grande. Yann lembra que amava passar horas assistindo videoclipes no YouTube e dançar músicas dessas divas no intervalo da escola: “Isso tudo me ajudou a cultivar quem eu era”.

O estudante Yann Lopes, de 23 anos. Foto: acervo pessoal.

O fenômeno do bullying

O termo emprestado do inglês já é amplamente conhecido atualmente, porém é preciso averiguar a abrangência de seu significado. Para elucidar o termo, a doutora Luana Souza explica: “O bullying é uma expressão do preconceito, porque os alvos são costumeiramente aqueles que possuem características desvalorizadas socialmente, como um menino afeminado, um menino gordinho, uma menina negra do cabelo crespo”.

Sobre o ambiente em que o bullying costumeiramente ocorre, a psicóloga aponta que o fenômeno é muito comum nas escolas, porém tem crescido exponencialmente a figura do cyberbullying, ou seja, aquele ocorrido no ambiente virtual, em que o perseguidor pode se esconder sob o escudo do anonimato, fazendo uso de perfis falsos.

A pesquisadora esclarece que o bullying é um fenômeno social que precisa ser combatido, porém aqueles que o praticam geralmente não chegam aos consultórios psicológicos, dificultando a tarefa dos profissionais da área. Ela defende, portanto, que a atuação deve se dar numa perspectiva macro, ou seja, “ensinando para a sociedade que as pessoas não são mais competentes ou inteligentes do que as outras do que as outras em função da cor da pele, que umas não são certas e outras erradas em função de suas orientações sexuais e identidades de gênero, pois todos somos cidadãos”.

Luana expõe que devemos acabar com a naturalização do bullying, no sentido de que uma criança que faz piadinhas com os coleguinhas deve ser ensinada, desde já, que aquela atitude não é legal, que piadinhas não devem ser normais. As escolas, sobretudo, precisam adotar uma postura de tolerância zero para o bullying.

Sobre quem é que geralmente chega aos consultórios para lidar com situações de bullying, a profissional responde que são principalmente as vítimas, os perseguidos, e que o trabalho do psicólogo deve ser no sentido de empoderar esses alvos que estão sofrendo com a autoestima fragilizada, mostrando que o problema não está neles, não está na cor da pele, na textura do cabelo, na orientação sexual. 

Ela defende um processo de reforço positivo da identidade do paciente, no qual a arte e a formação de grupos em torno do gosto por um gênero musical podem desempenhar papel fundamental: “Essas são formas de educação mais sutis do que uma palestra ou cartazes espalhados pela escola, pois filmes, peças de teatro e músicas fazem parte da vida e passam suas mensagens de modo mais natural. A arte tem um poder de transformação social ao educar as pessoas pela via da conscientização e de quebra de estereótipos, além de garantir maior representatividade de alguns grupos que muitas vezes ficam estigmatizados”.

Como dito, encontrar na arte uma válvula de escape e de reforço positivo da identidade é uma ferramenta poderosíssima na luta antibullying, mas o fenômeno também possui um lado político. Luana explica que muitas das divas pop defendem abertamente a causa LGBTQIAPN+, de modo que o público formado por homens cisgênero e homossexuais abraça essas artistas intencionalmente, por reconhecerem nelas alguém que advoga em seu favor, e passarão a depositar seus votos e esforços em outras pautas também defendidas pelas divas pop.

Além do lado explicitamente político, Luana reconhece que as divas pop proporcionam expressões da sexualidade e do corpo que podem ser libertadoras para quem se viu em situações de repressão e controle. “A liberdade e a diversão podem ser ferramentas positivas na vida de quem está sofrendo bullying, porque essa pessoa precisa fortalecer a sua identidade e enxergar que ela não é o problema”, explica a psicóloga.

Clique aqui para conferir a playlist do Spotify com as músicas favoritas dos entrevistados.

Supervisão de Vivaldo de Sousa

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