Movimento ao centro e armadilhas no caminho da direita do DF

Por Suzano Almeida

Políticos da direita do Distrito Federal, diante das acusações recentes de orquestração de plano de golpe que envolvem o nome do maior cabo eleitoral da última década, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), estão estudando se afastar de partidos considerados de extrema direita e buscar legendas de centro. A tendência da moda foi ressaltada depois de o PSD, de Gilberto Kassab, ganhar o maior número de prefeituras em todo o país, superando o MDB e o PL.

O partido autoproclamado de centro tenta se afastar da polarização dos últimos anos e tem aumentado o interesse de “conservadores”, mesmo com a legenda negociando composição tanto com o PT, do presidente Lula, quanto com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, do Republicanos.

PSD e PSDB

Forte no Distrito Federal nos áureos tempos de José Roberto Arruda e Maria de Lourdes Abadia, o PSDB pode estar com seus dias contados, diante de uma possível fusão com o PSD. Atualmente, ele é presidido no DF pelo secretário de Segurança Pública, Sandro Avelar, após intervenção do diretório nacional que afastou o grupo do senador Izalci Lucas, que já tinha se transferido para o PL, mas ainda exercia influência no tucanato brasiliense.

União Brasil

Partidos como o União Brasil já têm recebido sondagens de políticos locais para todos os cargos, que estão deixando legendas, como o próprio PL. A sigla possivelmente terá Ronaldo Caiado, governador de Goiás, como candidato à Presidência da República, em 2026. A proximidade com o estado vizinho, onde muitos eleitores acabam votando no Distrito Federal, pode ser uma carta na manga para os políticos da cidade.

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Celina Leão — Foto: George Gianni / VGDF

Na onda do PP

Dada como certa, a candidatura de Celina Leão ao Palácio do Buriti também tem atraído alguns possíveis concorrentes para o PP. Primeiro pelo fato de a Leoa ganhar visibilidade ao disputar a reeleição ao governo com a provável desincompatibilização de Ibaneis e, ainda, pelos recursos que o Diretório Nacional do PP deverá destinar ao partido no Distrito Federal. O problema, na visão de algumas pessoas, trata-se da nominata, que terá ao menos dois distritais buscando a reeleição, além do ex-deputado Rôney Nemer, que para federal teve votação maior que o sétimo colocado nas eleições de 2022, mas ainda assim ficou de fora por conta do partido não ter alcançado quociente eleitoral, e uma possível transferência de Rodrigo Delmasso, nome forte no meio evangélico e que pode dividir votos com Daniel de Castro, que é pastor.

E o Republicanos?

Considerado no Distrito Federal, atualmente, de extrema direita, em decorrência de alguns posicionamentos da senadora Damares Alves, o Republicanos é um dos destinos cogitados, mas não preferenciais, mesmo sendo a legenda uma das favoritas para ocupar a vaga de vice na possível chapa de Celina Leão.

Porém, as lições deixadas pela eleição de 2022, especialmente com o ex-deputado Rodrigo Delmasso, colocam temor em futuros filiados ao partido. Isso ocorre, nas palavras de um político do campo evangélico, porque a sigla “não elege distritais que não sejam da [Igreja] Universal”.

Delmasso conseguiu dois mandatos, antes de se filiar ao Republicanos, com votos do meio evangélico e em especial da igreja Sara Nossa Terra, mas acabou fora ao ser superado por colegas de partido ligados à congregação de Edir Macedo.

A caminho

Fontes do partido esperam receber, até o início do próximo ano, dois nomes que já ocuparam assentos na Câmara Legislativa: Fernando Fernandes e Tabanez. O martelo, por parte de ambos, ainda não foi batido, entretanto, as negociações estão bem adiantadas.

Superlotado

Forte por comandar dois dos três poderes do Distrito Federal, com o governador Ibaneis Rocha e o presidente da Câmara Legislativa, Wellington Luiz, o MDB, no momento vive um dilema com os atuais filiados. Apenas com mandato, são seis deputados distritais, sendo que apenas três foram eleitos estando no partido. Para as próximas eleições, a tendência é que, permanecendo todos, alguém sobre, uma vez que o recorde de eleitos na CLDF pelo mesmo partido é do PT, com cinco distritais, no auge do governo Lula.

Partidos menores

Acreditando que podem melhorar suas votações, há deputados que caminham para siglas de menor expressividade. A tática é aproveitar a cláusula de barreira e o quociente eleitoral para usá-las de trampolim para uma possível eleição. Uma das siglas mais visadas, neste momento, é o PRD, que tem como carro-chefe a reeleição de Rogério Morro da Cruz, mas que não se furtaria a abrigar outros candidatos puxadores de votos.

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