Morte de homem em setembro pode ter ligação com caso de bolo envenenado no RS, diz polícia

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CARLOS VILLELA
PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS)

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul aguarda a conclusão da exumação do corpo de Paulo Luiz dos Anjos para buscar possíveis desdobramentos no caso de envenenamento ocorrido em Torres, no litoral norte do estado.

Paulo, falecido em setembro, era marido de Zeli Teresinha dos Anjos, 61, autora do bolo contaminado com arsênio que causou a morte de três pessoas da mesma família no final de dezembro. A polícia investiga se Deise Moura dos Anjos, 42, nora de Paulo e Zeli, pode ter alguma responsabilidade na morte do sogro.

Deise está em prisão preventiva desde domingo (5), sob suspeita de ter adicionado veneno à farinha utilizada pela sogra para preparar o bolo consumido durante uma confraternização familiar no dia 23 de dezembro. A análise da farinha revelou uma concentração média de arsênio de 65 gramas por quilo, quantidade 2.700 vezes superior à encontrada no bolo.

A polícia realizou investigações em residências vinculadas à suspeita e às vítimas, localizadas em Torres, Arroio do Sal e Nova Santa Rita. Durante as buscas, foram apreendidos oito telefones celulares: seis estão em análise pela Polícia Civil e dois no Instituto-Geral de Perícias (IGP).

Segundo uma análise preliminar de um dos aparelhos, Deise teria feito pesquisas online sobre arsênio e outras substâncias tóxicas, incluindo consultas na plataforma de compras do Google, semanas antes do episódio de intoxicação envolvendo o bolo.

As três pessoas que morreram foram as irmãs de Zeli, Maida Berenice Flores da Silva, 59 anos, e Neuza Denize Silva dos Anjos, 65 anos, além da sobrinha Tatiana Denize Silva dos Anjos, 47 anos, filha de Neuza. Zeli permanece hospitalizada em estado estável. Uma criança de 10 anos que também ingeriu o bolo foi hospitalizada, mas já recebeu alta.

A exumação do corpo de Paulo, solicitada pela PC-RS e autorizada pela Justiça gaúcha, terá início ainda nesta semana. Em entrevista à rádio Gaúcha, o secretário estadual de Segurança Pública, Sandro Caron, afirmou que a exumação deverá ser concluída em um prazo de sete a dez dias.

Durante uma coletiva realizada na segunda-feira (6), Caron e o delegado Marcus Vinícius Veloso, responsável pelo caso, explicaram que detalhes importantes ainda não podem ser divulgados ao público para preservar a integridade das investigações.

Deise prestou depoimento na tarde desta terça-feira (7) e negou as acusações. Até o momento, ela é considerada a única suspeita do caso. Segundo a polícia, a possível motivação seria uma divergência familiar entre Deise e Zeli, ocorrida há mais de 20 anos.

Agora, a polícia trabalha para descobrir como e onde o arsênio foi adquirido, além de determinar se o objetivo do envenenamento era apenas Zeli ou outros membros da família.

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