Reforma do ônibus que cuida de quem precisa

barba na rua

Para alcançar mais pessoas que estão em situação de vulnerabilidade, o Instituto Barba na Rua está reformando o Ônibus de Banho do projeto. A reforma está sendo realizada por Rogério Barba, presidente da ONG, com a ajuda de pessoas que já participaram da iniciativa e hoje não moram mais nas ruas. O objetivo da instituição é estar com o veículo pronto em fevereiro para rodar as cidades do DF, levando dignidade para quem precisa.

O Ônibus do Banho funciona desde 2016. O presidente do Instituto Barba Na Rua, Rogério Barba, conta que tudo começou quando a instituição da mulher que o tirou da rua, doou o veículo para a ONG criada por ele. Segundo Barba, o veículo precisa de uma pintura nova. Também é necessário fazer uma limpa nele para retirar as partes podres, colocar outra chapa e trazer uma roupagem mais nova. “Precisamos cuidar dele, porque ele vai cuidar de muito mais gente, então a ideia é buscar apoio de quem possa contribuir, porque nós não temos condição, hoje estamos fazendo aquilo que a gente não tem como pagar”.

Barba conta que a ideia por trás do projeto foi trazer para a população mais vulnerável uma visibilidade diferenciada, com o oferecimento de dois banheiros com chuveiros quentes, além de oferecer corte de cabelo e roupas limpas. “Porque a sociedade enxerga a população em situação de rua como maltrapilha, suja, fedida. Quando uma pessoa que vive nas ruas, tem a oportunidade de tomar um banho, cortar o cabelo, fazer a barba, fazer a unha, e trocar de roupa, também pode ser enxergada pela sociedade de um modo diferente”, afirmou. Barba não sabe apontar a quantidade média de pessoas que o ônibus já atendeu. “Para nós é importante atender as pessoas e elas são muito maiores que os números”.

Rogério acredita que é necessário entender que Brasília precisa ter mais lugares adequados para que as pessoas em situação de rua possam ter um espaço e tenham mais dignidade. “Um espaço para que a pessoa tome banho e saia com o corpo e alma lavada, mostrando que a população de rua também é gente”.

A revitalização do ônibus

O ônibus precisa de reparos por dentro, como salientou Barba. A começar pelo assoalho e alguns espaços que estão afundando, além do teto que está soltando. Essas são algumas coisas que o Barba cita, que estão precisando ser revitalizadas, tanto por dentro quanto por fora. “Por exemplo, nós queremos o painel dele funcionando, porque queremos dar vida ao ônibus, para que ele possa continuar dando vida a muitas pessoas que estão vivendo em situação de rua atualmente”. A revitalização do ônibus está sendo feita de maneira independente para que ele possa ter condições de trafegar pelo DF e entorno, em regiões como Planaltina , Gama e Santa Maria.

De primeira, Barba aponta que a equipe está focada em lixar o veículo. “Quando o ônibus estiver na lataria, vamos ver onde é que vai ser preciso trocar as placas e as prioridades para poder economizar os gastos”. Os próximos passos incluem a pintura do ônibus. “Esse vai ser o momento que vamos precisar de pessoas que realmente saibam grafitar e queiram nos ajudar”.

Barba destaca que, se as pessoas se sentirem à vontade para fazer doações ao projeto, podem doar lanternas novas para o veículo e também podem enviar doações para a parte elétrica da instalação. “O ônibus está com motor novo, nós o construímos, o que foi um gasto de mais de R$25 mil reais. Agora nós vamos ter que fazer muitas coisas dentro e fora do ônibus”. Por isso, ele destaca que existem várias formas de ajudar, não precisa ser necessariamente uma contribuição em dinheiro na conta do Instituto Barba na Rua. Segundo o presidente da ONG, qualquer ajuda é bem vinda. “Nós não temos dinheiro, mas temos muita vontade. Então a gente está pedindo o apoio da população para contribuir em qualquer coisa que puder. Se a pessoa falar que tem tinta para doar, ou até mesmo pneus e vidros. O que ela puder nos oferecer já será de grande ajuda”.

Esperança e transformação

Segundo Barba, a reforma do ônibus está sendo realizada por ele e mais três pessoas que, com a ajuda do instituto, puderam sair da vida nas ruas. O presidente da ONG considera que esses ex-moradores de rua se disponibilizaram a revitalizar o ônibus por se tratar de um instrumento que cuida de muita gente. “E ele precisa ser cuidado também, porque do contrário, ele vai acabar”.

O voluntário Donizete Gomes da Silva, 40 anos, trabalha atualmente com o Barba no instituto e está ajudando na reforma do ônibus. Cinco anos atrás Donizete teve a vida transformada pela ONG, quando vivia nas ruas e foi acolhido por Rogério Barba. “Hoje minha função é trabalhar no ônibus e ajudar o pessoal que vive em situação de rua, como eu também vivi antes”. Para Donizete, essa iniciativa representa muita esperança. “Não só para mim, mas para todo mundo que não tem para onde ir tomar banho, vestir uma roupa, ter uma dignidade. Porque, nós que viemos da rua, somos criticados constantemente, muitas pessoas falam que a gente está fedendo e nos tratam mal”.

Por isso, Donizete acredita que um banho pode mudar a vida das pessoas e garantir essa chance a quem mais precisa, por meio do ônibus do instituto é muito importante para ele. “Assim como eu saí da rua, eu quero que eles também saiam e tenham sua dignidade restaurada, para poderem trabalhar e seguirem com suas vidas”.

Barba na rua e no carnaval

Além de levar dignidade para as pessoas que estão em situação de vulnerabilidade, Barba salienta que este ano quer rodar com o Bloco da Rua “Unidos da Rua, Barba na Rua, Vem Pra Rua”, que surgiu para trazer uma visibilidade para essa população. “O meu sonho sempre foi ter um bloco de rua para dar visibilidade a essas pessoas. Porque quando eu era morador de rua, eu ia nos blocos para catar latinha”, comentou. Barba reflete que geralmente é mais comum que a população em situação de rua fique atrás dos blocos catando os materiais para reciclagem. “A latinha, o plástico, a garrafa. Mas eu sempre quis colocar na rua um bloco composto por essa população em situação de rua”.

Para o carnaval deste ano, ele quer realizar esse sonho e está em busca de um trio elétrico. Ele também deseja chamar alguns convidados, como o Bloco Eduardo e Mônica, para participarem do projeto que está montando. “Também queremos pôr o ônibus todo novinho, junto com o bloco, para que as pessoas possam tomar um banho, desfilar e sair no bloco igual a todo mundo”.

“Nós queremos fazer essa festa nos centros pop, onde essas pessoas são acolhidas, nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), nos Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e nos Centro de Referência de Assistência Social (CREAS). A ideia é levar diversão a essas pessoas”. Para ele, as pessoas que vivem nas ruas também devem estar incluídas em todas as políticas públicas. “Essas pessoas também têm direito à cidade e ao carnaval.

O Instituto Barba Na Rua

Através da própria vivência nas ruas, Barba quis transformar a vida de outras pessoas que passam pela mesma situação que ele já passou antes de ser internado em uma comunidade terapêutica em 2014. Depois de passar por lá, Barba criou o Instituto Barba Na Rua em 2015. A iniciativa atualmente é tocada por quatro ex-moradores de rua. A sede da ONG está localizada no Setor Leste da Cidade Estrutural. O projeto social conta com mais de 50 voluntários, que dão o suporte em áreas como de cozinha e de alimentação. “Nós temos um grupo que todo sábado, faz comida aqui no Instituto e leva para a rua”, cita Barba. O objetivo do Barba Na Rua, segundo o presidente, é criar vínculos com essas pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade.

Entre as iniciativas do instituto, estão a oferta de banho e alimentação. Além disso, o grupo também oferece um projeto de cursos de empreendedorismo, para orientar e profissionalizar as pessoas em situação de rua. “Também temos um projeto chamado Bike Geração de Renda, onde entregamos uma bicicleta e um celular para que as pessoas possam fazer a entrega de delivery e tenham a primeira renda”.

Serviço

Contatos para ajudar ou saber mais do trabalho do Instituto Barba na Rua

telefone: 61 983638161

instagram: @institutobarbanarua

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