Menino de 7 anos é atacado por cães no Riacho Fundo 1: comunidade teme novos ataques

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Por Camila Coimbra
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Na chácara Sucupira, no Riacho Fundo 1, a família de Wesley de Oliveira Souza, de 7 anos, vive dias de angústia após o menino ser brutalmente atacado por uma matilha de cães abandonados. O incidente aconteceu no dia 18 de dezembro de 2024, em uma área de mata próxima à residência da família.

Segundo Edvania Néria Santana, tia de Wesley, os cães circulam pela região há meses e já atacaram outros animais da comunidade, incluindo cães, gatos e galinhas de moradores vizinhos. “Eles rondam as residências todos os dias. Não é de hoje que esses cães nos assombram”, desabafa.

No dia do ataque, Wesley brincava com a irmã na área externa quando os cães avançaram sobre os dois. A menina conseguiu escapar e correu para pedir ajuda, enquanto Wesley foi derrubado pela matilha. “Eles o pegaram pelas pernas e começaram a devorá-lo vivo. Ele chegou a desmaiar”, relata Edvania.

Um vizinho da família ouviu os gritos e conseguiu socorrer o garoto, levando-o às pressas até o Corpo de Bombeiros. Wesley foi encaminhado ao Hospital de Base, onde passou por uma cirurgia de emergência para suturar os ferimentos. Ele ficou internado por 10 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e recebeu alta no dia 28 de dezembro.

Apesar da gravidade do caso, Edvania afirma que nenhuma providência efetiva foi tomada até o momento. “A Polícia Civil veio aqui no dia seguinte e disse que resolveriam, mas os cães continuam no local, rondando nossas casas e ameaçando todos. Só ouvimos falácias”, lamenta.

De acordo com a moradora, a matilha de cães abandonados tomou posse da área de mata e representa um perigo constante para os moradores. “Eles ameaçam quem se aproxima. Na noite passada, eu filmei um deles dentro da minha área, depois da meia-noite. Eu nem consigo dormir”, conta Edvania.

O Distrito Federal enfrenta uma grave crise de abandono de animais, com estimativas apontando entre 1,5 milhão e 1,7 milhão de cães e gatos vivendo nas ruas. Esses animais lidam diariamente com fome, frio e violência, enquanto o poder público falha em apresentar políticas eficazes para controlar a situação. O delegado Jonatas Silva, da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra os Animais, destaca a urgência de medidas concretas para enfrentar esse problema.

“Sem uma política pública eficiente, o cenário só piora, trazendo riscos tanto para os animais quanto para a população”, alerta Jonatas. Ele defende a implantação de ações como a castração em massa e a microchipagem dos animais de rua, o que ajudaria a controlar a reprodução desordenada e facilitar a identificação dos responsáveis em casos de abandono.

O delegado também ressalta a necessidade de criar um lar temporário público para acolher animais vítimas de maus-tratos ou aqueles considerados agressivos. “Esses espaços seriam fundamentais para socializar, tratar e preparar os animais para uma adoção responsável, oferecendo a eles uma segunda chance de viver com dignidade”, afirma.

Jonatas chama atenção para o papel essencial desempenhado pelos protetores de animais, que muitas vezes assumem sozinhos a responsabilidade pelo cuidado e resgate. Ele defende que esses voluntários deveriam receber mais apoio e recursos do poder público, criando uma rede mais estruturada de proteção animal.

Outra medida proposta é a criação de um cadastro obrigatório para todos os animais do DF, o que permitiria um controle mais eficiente da população de cães e gatos e facilitaria o rastreamento de responsáveis em casos de abandono.

O delegado também alerta para os perigos dos animais soltos e agressivos. Segundo ele, a agressividade pode ser um indicativo de doença ou sofrimento extremo. “Nessa situação, a melhor atitude é acionar o serviço de Vigilância Ambiental do DF, que pode ser contatado pelo número (61) 3449-4427 ou pelo Disque-Saúde 160. Essas equipes estão preparadas para capturar e avaliar o estado do animal”, explica.

Por fim, Jonatas enfatiza a importância da união entre governo, sociedade e protetores para mudar essa realidade. “Cada ação, por menor que pareça, pode salvar vidas e tornar o Distrito Federal um lugar mais seguro e acolhedor para todos, humanos e animais”, conclui.

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