Haddad: se plano do governo for efetivado, ele entregará conomia muito melhor do que recebeu

brazil g20 economy haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu nesta terça-feira, 7, que a economia chegará ao fim de 2026 “muito mais arrumada” do que a herdada no início do governo se o plano da equipe econômica for efetivado. Ele afirmou que esse resultado será conquistado “sem maquiagem, sem contabilidade criativa e sem calote”.

“Sem vender estatal na bacia das almas para favorecer grupos econômicos, sem deixar de enfrentar o jabutis de grupos empresariais campeões nacionais que, vira e mexe, conseguem benefícios ali no Congresso, é isso que nós estamos fazendo. E também contendo gastos da maneira adequada, sem prejudicar o trabalhador de baixa renda, garantindo os direitos consignados na Constituição”, defendeu Haddad em entrevista à GloboNews.

A declaração foi dada pelo ministro ao ser questionado sobre a influência da situação econômica na eleição de 2026. Sobre isso, Haddad reconheceu que a economia “sempre vai fazer a diferença em qualquer eleição” e defendeu que é importante cuidar de todos os indicadores o “tempo todo”.

“A economia sempre vai fazer a diferença em qualquer eleição, é muito importante que ela seja bem cuidada o tempo todo, que nós sejamos diligentes em relação a isso, observemos cada indicador para tomar as medidas corretas, olhando para todos os lados, não olhando para um lado só, é o Estado brasileiro que representa toda a sociedade brasileira, que tem que encontrar o caminho do equilíbrio”, disse Haddad.

O ministro mencionou também estudo divulgado nesta terça, feito em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, mostrando que a situação fiscal de 2024 é estruturalmente melhor que a registrada em 2022, último ano de governo Bolsonaro. “Sobretudo se levarmos em consideração questões importantes como a inflação e a receita e a despesa recorrente do governo”, disse Haddad, pontuando também que o estudo apontou para alguns “dissabores” enfrentados, como a devolução de medidas provisórias de Lula pelo Congresso a tese do Século definida pelo Supremo Tribunal Federal em 2017.

“Nós estamos em uma democracia, felizmente, e vamos ter que conviver com esse tipo de contratempo. Vai acontecer e nós temos que superar e vamos superar, porque nós estamos trabalhando também com os contratempos”, disse o ministro.

Mundo mais complicado

Haddad afirmou que a economia é um ponto importante para as eleições, mas não o único, ponderando que o mundo vive um momento tenso em que questões ideológicas estão fazendo a diferença.

“Nós estamos num mundo em que a comunicação se tornou muito mais disruptiva do que foi no passado. Tivemos hoje o anúncio de uma importante organização de comunicação mundial, global, dizendo que vai retirar dos seus controles os filtros de fake news, aderindo um pouco a mentalidade de que liberdade de expressão inclui calúnia, mentira, difamação e tudo mais”, disse Haddad.

Reconhecendo o “mundo mais complicado”, o ministro defendeu que a economia estará bem, mas alertou que é preciso cuidar da democracia e das instituições. Para ele, o Brasil está bem posicionado para enfrentar esses desafios. “Nós temos que cuidar da integridade das pessoas e das informações que são divulgadas para evitar pânico, para evitar que as pessoas no desespero acabem abraçando ideologias extremistas que põem a perder as liberdades individuais e o nosso desejo de paz e prosperidade para as pessoas”, disse.

Comunicação

Haddad repetiu nesta terça-feira que o governo precisa se comunicar melhor e reconheceu ter havido um problema “grave de comunicação” quando foi questionado sobre o que teria saído dos trilhos diante de uma crise de credibilidade enfrentada pelo Executivo e a política fiscal.

“Nós temos que nos comunicar melhor, venho dizendo há muito tempo, governo tem que ser coerente e resoluto na comunicação, não podemos deixar brecha para os resultados que queremos atingir”, disse ele.

O ministro defendeu que não é possível olhar apenas para os resultados de crescimento e emprego, mas também estar atento a outras variáveis, como a de déficit das transações correntes e a de inflação.

“Se estamos aumentando o déficit em transações correntes do Brasil, como no ano passado, pode ser que nosso crescimento precise ser calibrado. Se estamos tendo inflação porque as importações não estão sendo suficientes para cobrir o déficit de oferta, temos que olhar para a inflação. Então essa calibragem tem que ser feita quase que diariamente, tem que olhar os dados e não deixar os carros saírem dos trilhos”, disse o ministro.

Pacote coerente

Haddad afirmou que o pacote fiscal aprovado foi um “programa de contenção” de gastos, a partir de considerações do governo com o cenário externo e a inflação. Segundo Haddad, as medidas foram pensadas para enfrentar o desafio que surgiu no segundo semestre do ano passado, quando a taxa do PIB atingiu patamares que começaram a preocupar tanto pela lado da inflação como da perspectiva com as contas externas.

Ele defendeu que o pacote é coerente com a necessidade observada em relação ao hiato do produto no País.

O ministro repetiu também que o pacote aprovado tem “sutilezas” que darão capacidade de gestão para o governo no que se refere às grandes despesas.

Questionado se as medidas seriam suficientes, Haddad apenas reforçou acreditar que 2025 repetirá o que aconteceu no ano passado, quando o mercado projetava que o governo não conseguiria atingir a meta fiscal, e cujas projeções foram melhorando ao longo de 2024.

“Assim como aconteceu em 2024, que o mercado projetava déficit maior, em 2025 teremos o mesmo resultado. Vamos buscar o resultado, tenho time completamente obstinado em buscar os resultados”, afirmou o ministro.

Déficit sem RS

Na entrevista, Haddad afirmou que o déficit primário de 2024 ficará em 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB), retirando os gastos com o Rio Grande do Sul. Incluídas as despesas para recuperar o Estado gaúcho, o rombo fechará em 0,37% do PIB, informou o ministro.

O Congresso autorizou no ano passado que os recursos públicos usados na calamidade não seriam contabilizados para verificação do cumprimento da meta de primário, que mira o déficit zero em 2024, com intervalo de tolerância de 0,25 ponto porcentual do PIB.

O número exato do resultado primário ainda depende do crescimento fechado do PIB no ano passado, para o qual a Fazenda estima uma alta de 3,6%, afirmou Haddad. “A segunda casa depois da vírgula do déficit pode variar em virtude de o PIB ser maior ou menor. Hoje a Fazenda estima crescimento entre 3,5% e 3,6%, e o mercado está com 3,4%”, comentou.

Estadão Conteúdo

Adicionar aos favoritos o Link permanente.