Dólar abre em leve queda nesta terça-feira após divulgação do IGP-DI

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O dólar abriu em leve queda na manhã desta terça-feira (7), com os investidores avaliando os dados do IGP-DI (Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna) divulgados nesta manhã.

O índice apontou que houve uma desaceleração em dezembro, com alta de 0,87%, depois de subir 1,18% no mês anterior, encerrando 2024 com um ganho de 6,86%, informou a FGV (Fundação Getulio Vargas).

Os investidores também aguardam a divulgação de dados de emprego nos Estados Unidos.

Às 9h04, a moeda norte-americana caía 0,32%, cotada a R$ 6,0950. Na segunda-feira (6), o dólar fechou em queda de 1,11%, cotado a R$ 6,113, apesar de mais juros e inflação previstos no boletim Focus divulgado nesta manhã. É o menor valor desde 20 de dezembro do ano passado, quando fechou a R$ 6,071.

Investidores repercutiram reportagem do The Washington Post que indicou um aceno a tarifas mais moderadas por parte do governo Trump, que começa em 20 de janeiro.

Já a Bolsa encerrou com disparada de 1,25%, a 120.021 pontos, também na esteira da notícia sobre as tarifas menos duras do futuro presidente americano.

No boletim Focus, divulgado nesta segunda, os economistas subiram as previsões para a taxa de juros, o dólar, a inflação e o PIB (Produto Interno Bruto) neste ano.

Os analistas elevaram a Selic para 15% em 2025. Na semana passada, a previsão estava em 14,75%. Já nos dois próximos anos, a perspectiva foi mantida em 12% (2026) e 10% (2027).

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Já o dólar deve fechar em R$ 6 neste ano, de acordo com o mercado. É a primeira vez que a moeda alcança este patamar no boletim Focus. A cotação estava em R$ 5,96 na última semana.

A inflação também subiu, indo de 4,96% para 4,99%. A perspectiva do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) ainda foi elevada em 2026 (de 4,01% para 4,03%) e 2027 (de 3,83% para 3,9%).

Por fim, o PIB foi outro indicador que teve alta, sendo elevada de 2,01% para 2,02%. Já a expectativa para os dois anos seguintes permaneceu em 1,8% (2026) e 2% (2027).

Mas o destaque da sessão, também visto como catalisador da alta das Bolsas globais e queda do dólar, é uma reportagem do jornal The Washington Post desta segunda que aponta que assessores de Trump estão explorando planos para implementar tarifas para todos os países do mundo, mas apenas sobre importações de produtos críticos para a segurança econômica e nacional do país. Trump retorna à Casa Branca em 20 de janeiro.

A reportagem sugeriu planos tarifários a serem implementados pelo novo governo mais moderados do que os esperados anteriormente. Trump havia prometido no ano passado impor tarifas sobre todas as importações de parceiros comerciais importantes, como China, México e Canadá.

Segundo Alexandre Viotto, chefe da mesa de câmbio da EQI Investimentos, a possibilidade de uma postura menos protecionista por parte de Donald Trump em relação às tarifas de importação estimulou os mercados internacionais.

“Esse fator impulsionou a busca por ativos mais arriscados em países emergentes, como o Brasil, contribuindo para a valorização do real”, afirmou.

Outro ponto que contribuiu para a queda, segundo Viotto, foi a interrupção das férias do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

“A medida foi bem recebida pelo mercado, pois sinaliza uma preocupação em estar presente e atuando no dia a dia do governo, principalmente em um momento de incertezas. Essa atitude sugere o comprometimento com uma política fiscal austera e resiliente, o que ajudou a acalmar os investidores”, disse.

“Há uma expectativa de que o governo possa ajustar sua abordagem fiscal e política, especialmente no contexto da reforma ministerial e da sucessão na Câmara. Essa percepção inicial, embora ainda desafiadora, trouxe algum alívio aos mercados”, afirma Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

O índice do dólar -que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -caía 0,88%, a 108,000, afastando-se de uma máxima de mais de dois anos atingida na semana passada.

Investidores também realizaram ajustes após a alta volatilidade da semana passada, quando a baixa liquidez nos mercados permitiu que a divisa dos EUA acumulasse fortes ganhos em todo o mundo.

“No âmbito doméstico, o mercado brasileiro parece ter precificado de forma exagerada os desafios de 2024, incluindo menor crescimento, inflação alta, juros elevados e pressão cambial. Esses fatores, embora relevantes, resultaram em um pessimismo excessivo que afetou o câmbio e a bolsa”, diz Spiess.

Nesta semana, as atenções se voltarão para uma série de dados de emprego nos EUA, com destaque para o relatório de criação de postos de trabalho fora do setor agrícola em dezembro, a ser divulgado na sexta-feira (10).

Agentes financeiros buscavam ainda novos sinais sobre a trajetória da taxa de juros do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), que indicou no mês passado que deve desacelerar o ritmo de cortes na taxa de juros nos próximos meses, após entregar 100 pontos-base acumulados de reduções em 2024.

As apostas de operadores colocam 90% de chance de os membros do banco central dos EUA manterem os juros inalterados na reunião deste mês.

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