Goleiro artilheiro

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A Federação Metropolitana de Futebol-FMF abriu a sua temporada oficial-1978 com Taguatinga x Desportiva Bandeirante, em um domingo, no Estádio Serejão (Estádio Governador Elmo Serejo Faria).

Na véspera da partida, o treinador João da Silva, do Águia (apelido do Taguá), dizia não saber como armar a sua equipe, “por falta de gente”, explicando que o zgueiro Vaner cumpriria suspensão; o apoiador Elmo estava dispensado para prestar vestibular (para Educação Física) e sete novos atletas do Canarinho que ele receberia ainda não estavam disponíveis. Com aquilo, planejou lançar o meia-armador Zezinho sendo quarto-zagueiro, enquanto o titular da posição, Araújo, seria lateral-direito, e o lateral-direito Aldair iria para a zaga central. Além disso, o atacante Warlan passaria para a meia de-armação e o goleiro Preto seria centroavante. “Não tem jeito, tem que ser assim”, afirmava o João.

Pelo lado da Bandeirante, o presidente João Aureliano, que havia chegado de férias, só ficara sabendo do jogo porque o repórter Francisco Almeida, o Chico Legal, da Rádio Planalto, havia lhe telefonado. Nem o seu cunhado Goes, lateral-direito da equipe, lhe informara.

Faltava pouco para as nove da manhã, quando as duas equipes adentraram ao gramado. De repente, a do Taguá, voltou ao vestiário, porque havia esquecido de rezar uma Ave Maria e de pedir pretenção ao Caboclo Pena Verde. Depois, a FMF fez os dos treinadores e os dois capitães das equipes assinarem um termo de responsabilidade pela segurança da pugna, pois a Polícia Militar não havia pintado no pedaço. Além dos preliantes, equipe de arbitragem, mesários, delegado da partida, a bilheteira Diva e o faz-tudo da FMF em dias de jogos, o trepidante Liomar. E mais 28 torcedores nas arquibancada, malmente vendo a bola quando rolar, pois a grama estava tão alta que era até difícil de ser conduzida por um atleta – a FMF e a administração do estádio acusavam-se, mutuamente, pelo problema da falta de um trator capinador.

O jogo transcorria e as duas equipes jogavam na retranca, uma com medo da outra. Até que, aos 23 minutos, o Águia criou mais coragem e voou ao ataque. O ponta-direita Hílton, escalado como ponta-de-lança, segundo o chefe João da Silva, atacou e foi desarmado por um mente de gramas. Voltou à bola, retirou-a do local e livrou-se dela fazendo um cruzamento para a área da Desportiva Bandeirante. A pelota foi cair, exatamente, na altura do pé direito do goleiro-então-centroavante Preto, que ainda não a havia tocado. Ele acertou tremendo chute nela, balançando a rede e fazendo vibrar os 28 torcedores presentes, todos parentes dos jogadores do Taguatinga. E foi só o que de diferente rolou na etapa inicial.

Veio o segundo tempo, e dois dois times jogavam contra eles e a grama alta do Serejão. Foram 42 minutos de expectativa para os 28 torcedores do Taguatinga que torciam pela vitória dos parentes. Aos 43 minutos, Mundinho, que havia sido mandado embora pelo Águia, empatou o prélio: 1 x 1. Ao final da abertura da temporada oficial, ele trocou este papo com o repórter Chico Legal:

  • Não ficava bem perder com gol de goleiro.
  • Mas o Preto não jogou de goleiro!
  • Mas deixou as coisas pretas pra gente!
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