‘Aumentou, mas não temos conforto nenhum’, diz passageira sobre alta da tarifa de ônibus em SP

ISABELLA MENON
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

No primeiro dia do aumento das tarifas de ônibus, metrô e trens na cidade de São Paulo, passageiros se dividem sobre o valor e da qualidade do transporte público.

Maria da Conceição, 29, que trabalha no setor financeiro, aguardava o ônibus no Terminal Santo Amaro, na zona sul, para ir para o trabalho nesta segunda-feira (6).

Ela afirma que o vale-transporte é descontado do salário e, por isso, a alteração na passagem muda seu orçamento no fim do mês.

“A porcentagem de desconto vai alterar e impactar no salário. Vou continuar o mesmo trajeto, mas pagando mais”, diz ela, que afirma que o transporte não vale o que custa. “Aumentou o valor, mas não temos conforto nenhum. Tem momentos que não conseguimos nem pegar [o ônibus]”, diz ela.

Marcio Fernandes, 52, que trabalha na área de segurança, voltava para casa nesta manhã depois do serviço. Ele diz considerar justa a alteração da tarifa do ônibus pelo período que o valor ficou congelado.

“Alguém tem que pagar essa conta”, diz ele, para quem, apesar de alguns eventuais problemas, a qualidade do transporte teve uma melhora nos últimos quatro anos.

Ele também cita que o aumento vem em meio a outros benefícios da prefeitura, como o passe livre aos domingos, implantando pela gestão Ricardo Nunes (MDB) em dezembro de 2023. Na véspera, o trabalhador aproveitou a tarifa grátis para levar os filhos ao parque Ibirapuera.

Júlio Aparecido, que trabalha como motorista e segurança, aguardava também o ônibus na manhã desta segunda para o trabalho. Ele também concorda que a alteração da tarifa é justa e que não deve comprometer o salário no fim do mês.

“É justo. Não tá ruim”, disse ele.

Já Nayce Gomes, 31, que trabalha na estação, afirmou que o valor é superior à qualidade do serviço.
“Ar-condicionado ruim, motorista ruim, ônibus sempre quebrado. Como que tá bom? Tinha que melhorar essa qualidade do ônibus”, diz ela, que agora vai fazer o Bilhete Único.

João Victor Guilherme, 18, que trabalha em uma empresa de transporte afirma que ele não deve ser afetado pela nova tarifa, uma vez que o valor é subsidiado pelo trabalho.

“Para muita gente apertou [o orçamento]. Não vale o que custa, aumenta a tarifa, mas não aumenta o salário”, afirma ele.

Nunes anunciou um dia após o Natal o aumento da tarifa de ônibus na capital paulista para R$ 5. O último reajuste do transporte público municipal havia ocorrido em janeiro de 2020, quando a passagem foi de R$ 4,30 para R$ 4,40.

A gestão disse que a nova tarifa corresponde ao menor valor entre as opções apresentadas por técnicos da SPTrans (São Paulo Transportes). Se fosse atualizada pela inflação no período, 32%, a tarifa seria de R$ 5,84, segundo o Executivo paulistano.

Na capital paulista, a prefeitura subsidia parte do transporte público e o percentual é calculado conforme o número de passageiros, o tamanho da frota, entre outros.

Em 2024, a municipalidade repassou R$ 6,7 bilhões às viações como compensação tarifária. O valor é 14,5% a mais do que o registrado no ano anterior -o maior aumento desde o fim da pandemia, quando as restrições sociais esvaziaram o transporte público.

Já em relação ao metrô e aos trens da CPTM, a tarifa subiu de R$ 5 para R$ 5,20. É a segunda alta no transporte público durante a gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que já havia subido a passagem de R$ 4,40 para R$ 5 em dezembro do ano passado.

Com o novo reajuste de 4%, o transporte público estadual teve alta acumulada de 18% desde o fim de 2023.

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