Com mais de 1,5 mil propriedades cadastradas, programa Guardião Rural está presente em 21 RAs

A acupunturista Waleria Silva, 48 anos, foi bem-atendida todas as vezes que solicitou apoio do programa Guardião Rural, do Batalhão de Policiamento Rural (BP Rural) da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). “Me sinto totalmente segura. Nunca passei por nenhuma situação em que eu chamei os policiais e não fui acolhida. Na verdade, em todas fui prontamente atendida, sem esperar”, destaca a moradora da Ponta Alta Sul, no Gama.

Em 2024, o programa alcançou a marca de 1.520 propriedades assistidas em 21 regiões administrativas (RAs) e com a coordenação de mais de 98% das fronteiras do DF com outras unidades da Federação, incluindo estradas vicinais, que são aquelas não pavimentadas, e rodovias interestaduais. Em relação ao território brasiliense, o programa assiste 67,5% dos 5.760 km² mapeados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O Guardião Rural é dividido em três companhias – Leste, Oeste e Sul – e visa a garantir o acesso dos moradores e produtores rurais ao policiamento, por meio de comunicação direta com as equipes e do georreferenciamento das chácaras, para facilitar e agilizar o atendimento de ocorrências.

Para Waleria, o suporte influencia na permanência das pessoas no campo. “Ninguém quer morar em lugares inseguros”, frisa. “Eu mesma nunca fiquei à mercê de um bandido, mas já passei por situações pequenas que colocam nossa segurança em risco e tive apoio completo do programa. Por exemplo, já entraram pessoas estranhas dentro da chácara, e, como moro sozinha, fiquei com bastante receio. Liguei para os policiais, e a viatura veio. Eles abordaram a pessoa e alertaram que invasão de propriedade privada é crime”.

As equipes estão de prontidão para a área rural diariamente, com atendimento 24 horas das demandas registradas por Whatsapp e visitas às propriedades. Em 2024, foram feitas 3.600 visitas preventivas, que consistem no policiamento ostensivo; 2.160 visitas comunitárias, que servem para aproximar o efetivo dos cidadãos; e mais de 40 encontros solidários, em que o policial vai à propriedade após o registro de alguma ocorrência para prestar apoio aos moradores, se necessário.

No primeiro encontro entre policiais e população, é feito o georreferenciamento da sede e da entrada da chácara para definição de rotas para chegar ao local, bem como a coleta da documentação dos moradores, funcionários e propriedade. O mapeamento permite que, caso seja necessária alguma intervenção policial, a equipe de plantão consiga encontrar o endereço o mais rápido possível, uma vez que a maioria das residências rurais não são localizadas com facilidade por quem não conhece a região.

A acupunturista Waleria Silva elogia o programa: “Nunca passei por nenhuma situação em que eu chamei os policiais e não fui acolhida. Na verdade, em todas fui prontamente atendida, sem esperar”

Segundo o tenente Flávio Hermógenes, que atua na companhia Sul, o policiamento comunitário tem surtido efeito na redução da criminalidade do campo e no número de ocorrências. Além disso, ele destaca que, por meio da verificação dos antecedentes criminais dos funcionários, foram emitidos 15 mandados de prisão por crimes como homicídio, envolvimento com facções de outros estados e estupro.

“A área rural é um ambiente perfeito para que alguém que cometeu um crime na área urbana ou em outro estado tente se esconder. Às vezes, o chacareiro tem a boa vontade e está precisando de um trabalhador, e contrata o serviço sem pedir nenhum documento, sem checar nenhuma informação. Com o cadastro, conseguimos reverter a situação e impedir que outras coisas ruins aconteçam”, comenta o tenente.

O tenente Flávio Hermógenes, que atua na companhia Sul, garante que o policiamento comunitário têm surtido efeito na redução da criminalidade do campo, com redução no número de ocorrências

Ainda durante a primeira visita, os policiais também avaliam modos de proteger o local. “Checamos se há cerca, se tem muito mato ao redor da casa, se tem câmera e iluminação, fatores que são responsabilidade do cidadão e que influenciam na segurança”, salienta Hermógenes. “Nós também cadastramos os bens materiais de maior valor econômico do produtor no sistema, como carros, maquinários e insumos agrícolas, entre outros itens agrícolas, para melhor identificação em caso de roubo”.

Prevenção

O Guardião Rural foi criado há seis anos com inspiração em Goiás, e já exportou conhecimento para corporações de outras unidades da Federação, como Bahia, Pernambuco e Mato Grosso do Sul. “A filosofia do programa consiste em aproximar a Polícia Militar do Distrito Federal do morador do campo, saber quem é quem e o que mais precisam, e aprimorar o atendimento da corporação. Isso nos permite dar uma resposta mais rápida e eficiente às pessoas”, explica o sargento Rafael Guedes, que compõe a companhia Sul.

Para participar, o cidadão deve procurar a associação de moradores ou o conselho comunitário de segurança da região. Um representante precisa entrar em contato com o programa e agendar a palestra de sensibilização, momento em que os militares explicam os detalhes do trabalho e organizam visitas aos interessados.

“A filosofia do programa consiste em aproximar a Polícia Militar do Distrito Federal do morador do campo, saber quem é quem e o que mais precisam, e aprimorar o atendimento a corporação”, afirma o sargento Rafael Guedes

A propriedade não pode estar desocupada, deve ser produtiva, ter destinação rural e possuir, no mínimo, dois hectares, além da documentação do terreno. Com tudo certo, o local ganha uma placa de identificação, com números de emergência e um QR Code. Ao ser lido pelos policiais, o código oferece informações sobre a residência, como o cadastro do morador e os bens do local.

Além disso, os moradores e funcionários são adicionados no grupo de emergência da região no WhatsApp, que funciona 24 horas por dia para qualquer sinal de alerta. Se o local não estiver de acordo com os critérios do programa, o morador não recebe a placa, mas ainda assim entra para o grupo de emergência. Atualmente, mais de cinco mil pessoas participam de 35 grupos, divididos por núcleo e região rural. Os cidadãos podem informar quaisquer sinais suspeitos de criminalidade e estão sempre em contato com as equipes.

Telefones do Batalhão de Policiamento Rural – PMDF

→ Telefone geral: (61) 99985-6080

Companhia de Policiamento Rural Leste

→ Atendimento: Sobradinho, Planaltina, Paranoá, Sobradinho II – incluindo Lago Oeste e PAD-DF, Itapoã e Fercal

→ Contato: (61) 99503-4781 (WhatsApp) e 3190-7100

Companhia de Policiamento Rural Oeste

→ Atendimento: áreas rurais de Brazlândia, Ceilândia, Samambaia, Sol Nascente/Pôr do Sol

→ Contato: (61) 99173-6965 (WhatsApp) e 99131-7294

Companhia de Policiamento Rural Sul

→ Atendimento: áreas rurais de Gama, Santa Maria, São Sebastião, Recanto das Emas, Riacho Fundo, Park Way e Jardim Botânico

→ Contato: (61) 99985.6080 (WhatsApp).

*Com informações da Agência Brasília

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