Tempo, memória e espaço: a imersão da exposição “Labirinto” na Caixa Cultural Brasília

labirinto andré severo foto divulgação

A exposição “Labirinto”, em cartaz na Caixa Cultural Brasília até 9 de fevereiro, é uma imersão profunda na relação entre tempo, memória e espaço. Criada durante o isolamento da pandemia, ela reflete o impacto desse período e traz à tona a reelaboração de imagens coletadas ao longo de duas décadas. Idealizada por André Severo, artista multifacetado, a mostra conta com a curadoria de Marília Panitz, crítica e curadora de destaque em mostras nacionais e internacionais.

André Severo, natural de Porto Alegre (RS), mestre em Poéticas Visuais pela UFRGS, compartilha que “Labirinto” surgiu em resposta não apenas à crise de saúde global, mas ao aumento da irracionalidade e da negação da ciência. “Esse projeto é pessoal. Enquanto eu estava isolado, trabalhando de casa por ser do grupo de risco, refletia sobre aqueles que não tinham essa opção. O labirinto externo, assim como o interno, já existia antes da pandemia, mas a crise intensificou essa sensação de não encontrar uma saída”, explica o artista.

A instalação convida o visitante a adentrar um espaço repleto de imagens, sons e textos que, dispostos em seis telas e cerca de 400 fotografias, constroem um ambiente labiríntico, onde o tempo parece fluir de forma distorcida. Com intervenções sobrepostas, essas imagens propõem uma nova forma de experimentar o tempo e o espaço.

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Exposição Labirinto, de André Severo. Crédito: Divulgação

Arte como diálogo

Para Severo, a arte vai além de respostas prontas. “Minha intenção nunca é entregar uma mensagem, mas sim explorar questões existenciais”, reflete. Ele vê no diálogo com o público uma oportunidade de expandir as interpretações e os significados da obra. “Espero que a instalação permita ao visitante criar sua própria noção de tempo e espaço”, acrescenta.

A pandemia e as enchentes de 2024 no Rio Grande do Sul, que afetaram profundamente a comunidade local, foram pontos centrais na construção de “Labirinto”. Severo destaca que esses eventos moldaram sua perspectiva e intensificaram sua abordagem poética. “Crises nos fazem repensar nossas poéticas e, muitas vezes, nos conduzem a uma renovação criativa. É como retornar à essência da arte: uma forma de expressão pura e necessária”, afirma.

Para a curadora Marília Panitz, “Labirinto” é um mergulho nas incertezas vividas durante a pandemia. “A exposição explora as ruínas do que já não é. As imagens pulsantes e solitárias nos arrastam para suas linhas de fuga, nos fazendo encarar o tempo de outra forma”, reflete.

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Exposição Labirinto, de André Severo. Crédito: Divulgação

Trilogia El Mensajero

“Labirinto” faz parte de uma trilogia maior, intitulada El Mensajero, que também inclui as exposições “Metáfora” e “Espelho”, todas criadas entre 2015 e 2021. A trilogia reflete sobre tempo e memória, propondo uma investigação associativa entre diferentes formas de expressão artística.

Severo revela que seu trabalho mistura fotografia, filme, pintura e performance, criando uma poética híbrida. “Procuro conjugar as potencialidades dos espaços expositivos e dos suportes criativos para alcançar uma expressão poética singular”, comenta.

Instalação Labirinto
Até 9 de fevereiro, de terça a domingo, das 9h às 21h, na Caixa Cultural Brasília – SBS, Q. 4, Lotes 3/4.
Classificação indicativa: 14 anos. Entrada gratuita.

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