Dr. Kalume, que revelou esquema de tráfico de órgãos na década de 1980, morre aos 77 anos em Taubaté


Roosevelt Kalume morreu nesta quinta-feira (2). A causa da morte não foi revelada. ‘Caso Kalume’ foi descoberto em 1987, na cidade de Taubaté (SP), e levou o nome do médico que denunciou o caso para as autoridades. Roosevelt Kalume morreu aos 77 anos de idade
Reprodução/TV Vanguarda
O médico responsável por revelar um suposto esquema de tráfico de órgãos em um hospital de Taubaté na década de 1980, Dr. Roosevelt de Sá Kalume, morreu na manhã desta quinta-feira (2), na cidade.
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A causa da morte ainda não foi revelada. O g1 apurou que Kalume estava em tratamento contra um câncer e foi internado por causa da doença.
Nascido em julho de 1947, Kalume morreu aos 77 anos de idade. O velório foi realizado na tarde desta quinta-feira, no Memorial Sagrada Família, em Taubaté. O corpo do médico foi cremado no mesmo local.
Caso ‘Kalume’
Em 1987, em Taubaté, cidade localizada a 130 km da capital paulista, o médico Roosevelt Kalume foi o responsável por revelar o suposto esquema de tráfico de órgãos no antigo Hospital Santa Isabel, onde hoje funciona o Hospital Regional de Taubaté.
Então diretor da faculdade de medicina, ele procurou o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) para informar que um programa ilegal de retirada de rins de cadáveres e pacientes vivos, para doação e transplantes acontecia sem o seu conhecimento e aval.
Ao todo, três médicos estariam envolvidos no esquema: Pedro Henrique Masjuan Torrecillas, Mariano Fiore Júnior e Rui Noronha Sacramento. Na época, o assunto ficou conhecido nacionalmente e a imprensa batizou de caso Kalume, em referência ao sobrenome do médico que denunciou o caso para as autoridades.
O escândalo resultou na abertura de inquérito policial em 1987 e até virou alvo em 2003 da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apurava a atuação de organizações criminosas atuantes no tráfico de órgãos no Brasil.
A investigação durou 10 anos e a Polícia Civil de Taubaté concluiu o inquérito responsabilizando quatro médicos pelas mortes de quatro pacientes. O outro médico apontado no inquérito foi Antônio Aurélio de Carvalho Monteiro, que morreu em maio de 2011, meses antes do julgamento.
O caso foi à júri popular em outubro de 2011 – 25 anos após o acontecimento – e resultou na condenação dos três médicos a 17 anos de prisão. Eles foram condenados por homicídios dolosos a quatro pacientes.
Em 1993, Kalume chegou a publicar um livro sobre o caso. Para narrar os fatos, ele usou nomes diferentes dos personagens da vida real. No entanto, a obra, que faz parte do processo contra os médicos, deixou de ser publicada.
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