Faltam escolas no Mangueiral

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O bairro Jardins Mangueiral, na região administrativa do Jardim Botânico, contará com apenas uma escola pública para o início do ano letivo de 2025 – o Centro Educacional (CED) Jardins Mangueiral – que, antes mesmo de começar a funcionar, não tem vagas abertas para novos alunos. Isso porque as vagas já foram preenchidas por estudantes da RA que estudam em escolas vizinhas da região.

A escola, que poderá receber 1.320 estudantes do 6º ao 9º ano, recebeu autorização para ser construída em 2022 e era para ser entregue à população em setembro de 2023, contudo, o cronograma da obra sofreu um atraso e ela foi concluída apenas em 2024. Agora, a previsão de início das atividades é para o primeiro semestre deste ano, sem a possibilidade de receber alunos que chegaram recentemente à região administrativa.

Em nota ao Jornal de Brasília, a Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF) explicou que o encaminhamento dos estudantes para a escola foi realizado considerando o registro da Unidade Vizinhança, Residência-Trabalho (UVIRTE) apresentada pelos pais e responsáveis, de forma a garantir o atendimento mais próximo à residência. Os estudantes que não conseguiram vaga na unidade foram encaminhados para outras escolas próximas da região.

De acordo com o Movimento Comunitário do Jardim Botânico (MCJB), a comunidade está apreensiva com relação a essa situação, já que muitos estudantes vão continuar se deslocando para longe de suas casas para poder estudar. As demais escolas prometidas pela Secretaria de Educação do Distrito Federal, que poderiam atender outros 2.428 alunos do local, ainda estão em obras e uma delas não foi nem iniciada a construção.

São elas o Centro de Ensino Fundamental (CEF) para o ensino fundamental II, que está com 91% da obra executada; o Centro de Educação da Primeira Infância (CEPI) para creche e educação infantil, que está com 94% da obra executada; e a Escola Classe Jardins Mangueiral (EC) para ensino fundamental I que, no momento, o processo para licitação encontra-se em instrução, ou seja, ainda estão sendo analisadas as propostas das construtoras.

No total, as quatro unidades somam um investimento de R$ 37,8 milhões pelo Governo do Distrito Federal (GDF). A promessa da Secretaria de Educação era que todos os alunos da região fossem atendidos pelos equipamentos ainda em 2024, o que não ocorreu. O movimento comunitário solicitou esclarecimentos e a pasta informou que as unidades devem ser entregues até o início deste ano.

Para Mariana Pontes, 41, mãe da pequena Luana, de apenas 7 anos, a demora na entrega das escolas é uma falta de responsabilidade do governo com os moradores. “Minha filha tem que acordar muito cedo para eu levar ela para a escola no Lago Sul e isso é muito cansativo para uma criança. Ela não tem muita vontade de ir para lá. Se a escola daqui já tivesse sido inaugurada, acho que não teríamos esse problema”, contou à reportagem.

Já na visão de Marcelo de Freitas, 38, pai da Maria, de 10 anos, a situação fica ainda pior por conta dos valores do transporte escolar. “Não temos escolas e o transporte escolar é caríssimo. Muitos aqui não têm condições de pagar por esse serviço, então fica muito complicado manter os filhos em uma instituição de ensino. A minha sorte é que eu tenho carro e consigo levar e buscar minha filha no Jardim Botânico, mas e quem não tem?”, questionou.

Segundo os dados da SEDF, mais de 63% da população do bairro recorre a outras regiões para estudar, sendo 44,7% ao Plano Piloto, 12,2% a São Sebastião e 6,8% ao Lago Sul, contra 27,7% do próprio Jardim Botânico. O levantamento também mostra que 50,8% dos alunos entre 4 e 24 anos frequentam escolas públicas, ante 26,9% dos que frequentam escolas particulares.

Em 2025 o Jardins Mangueiral completa 14 anos de existência, fruto de uma parceria público-privada que fez do local o bairro com maior número de habitantes da RA do Jardim Botânico. Com o passar dos anos, o comércio se expandiu, igrejas foram construídas, unidades de saúde, mas a região ainda é pobre em educação, um dos pilares mais importantes da sociedade.

Para que o impasse seja resolvido, os moradores afirmaram à reportagem do JBr que vão continuar lutando pela entrega das escolas que faltam, já que foram prometidas pelo governo local. “A entrega não pode passar de 2025, pois é uma demanda urgente que temos aqui, um bairro que já tem uma infraestrutura muito boa, mas que ainda não tem algo básico como a educação acessível. Nós vamos cobrar”, afirmou o morador Marcelo.

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