Fuad cita anel rodoviário como prioridade e promete contrato de ônibus mais moderno em BH

fuad noman

ARTUR BÚRIGO
BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS)

O prefeito reeleito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), afirmou que sua prioridade no início da nova gestão será concluir as obras do anel rodoviário para reduzir as mortes no trecho que se tornou um dos corredores de trânsito mais movimentados da capital mineira.

Hoje sob gestão do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), Fuad quer que a prefeitura assuma a gestão do trajeto para implementar as obras.

“Quero que esse seja meu grande projeto, porque não aguento mais ver acidente e gente morrendo ali”, disse o prefeito à reportagem.

Ele também prometeu modernizar a concessão de transporte público na cidade, cujo contrato atual é de 2008 e tem duração de 20 anos. A ideia do prefeito é contratar uma consultoria que irá analisar sistemas ao redor do mundo e será responsável pelo termo de referência que irá embasar a nova licitação.

O atual contrato de ônibus foi um dos temas que marcaram a eleição na cidade e, como mostrou a Folha de S.Paulo, foi alvo de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Câmara Municipal.

A passagem na capital mineira, que chegou a ser uma das mais caras do país quando subiu para R$ 6 em abril do ano passado, foi reduzida após um acordo entre Executivo e Legislativo e hoje está em R$ 5,25, a um custo de subsídios que beiram os R$ 400 milhões ao ano.

PERGUNTA – O senhor no último domingo (27) foi eleito após seu adversário, Bruno Engler (PL), ter vencido no primeiro turno com uma vantagem de 100 mil votos. A que atribui essa virada?
FUAD NOMAN – Eu acho que foi o conhecimento das nossas realizações. Porque eu não apresentei nenhum padrinho e falava que meu padrinho eram as obras. As pessoas começaram a olhar e falam assim “uai, eu tinha votado em candidato tal e agora tem dois. Vou comparar um com o outro. Um fez, está fazendo e vai fazer. O outro nunca fez nada”.

P – O senhor foi alvo de acusações no primeiro turno e no segundo. Qual ataque lhe atingiu mais?
FN – Nós tínhamos sete candidatos. Todos eles batiam em mim e na cidade, e isso incomodou muito a gente.
No segundo turno, além de ele [Engler] ter atacado a cidade, atacou minha honra pessoal. Mas ele me deu um atestado de bons antecedentes, porque vasculhou minha vida inteira e não achou nada. Aí inventou essa história do livro [“Cobiça”, escrito pelo prefeito]. Quando você lê o livro, vê que é mentira [a acusação de relato de estupro coletivo de uma criança de 12 anos]. Incomodou um pouquinho, porque me falaram que chegou a ter 30 milhões de visualizações [um vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG). Paciência. Eu saí ileso.

P – Qual vai ser o tema mais relevante da sua nova gestão?
FN – Temos que terminar as obras, mas o que mais me incomoda agora é o anel rodoviário, que está matando muita gente. É uma obra complexa e eu preciso receber [a gestão do] anel.
Estou indo a Brasília semana que vem e conversei hoje com o ministro dos transportes [Renan Filho]. O anel hoje é uma avenida de Belo Horizonte, mas é do DNIT.
Temos dois projetos de viadutos prontos e aprovados, com dinheiro garantido. Temos mais dois preparados para fazer licitação, ainda não tenho dinheiro. E os outros quatro, a gente tem que começar a fazer o projeto. Quero que esse seja meu grande projeto, porque eu não aguento mais ver acidente e gente morrendo naquele anel.

P – Teremos na sua gestão a renovação da concessão do transporte público, tema alvo de reclamação de muitos belo-horizontinos. Como serão as diretrizes desse novo contrato?
FN – O transporte melhorou muito. A cada 10 mil passageiros, há uma reclamação. É muito pouco. O que estava no início do ano era um absurdo de reclamação, por isso nós fizemos o Tolerância Zero [programa de fiscalização].
No contrato novo, quero buscar a melhor experiência que há no mundo. Minha expectativa é contratar uma consultoria, nacional ou internacional, mas que tenha conhecimento de transporte, concessão, para fazer o termo de referência.
Vou colocar o modelo sugerido em audiência pública. As sugestões vão voltar para a consultoria, que vai corrigir e teremos um termo de referência pronto. Espero que mostre um transporte melhor, mais barato, mais eficiente e que vençam as pessoas que possam cumprir esse contrato.

P – Como o senhor espera que seja a relação com a Câmara?
FN – Eu peguei uma Câmara em conflito com a prefeitura, ultimamente já temos uma harmonia. O vice-prefeito eleito [Álvaro Damião, União Brasil] é um vereador e tem feito um trabalho muito bom nesse sentido. Esperamos que a Câmara seja uma parceira da prefeitura, não submissa, mas também que não

P – O governador Romeu Zema [Novo] apoiou dois adversários do senhor -Mauro Tramonte (Republicanos) no primeiro turno e depois Engler. Como fica a relação com ele?
FN – Não muda nada. O governador é gentil, acessível. Ele me mandou uma mensagem me cumprimentando e falando que está à disposição. Política é política. Ele tem o partido dele, a responsabilidade partidária como governador e temos que entender isso.

P – O senhor é mais bem recebido na Cidade Administrativa (sede do governo mineiro) ou no Palácio do Planalto?
FN – Sou recebido nos dois lugares muito bem, converso com todo mundo. Para mim não tem esquerda, direita, nada. Eu sou o homem do diálogo. Quero resolver o problema de Belo Horizonte, e preciso do governador, do presidente [Lula (PT)], dos ministros.

P – Na eleição presidencial de 2026 o senhor vai seguir a orientação do partido?
FN – Se o partido escolher quem não for ajudar Belo Horizonte, vou ficar do lado de quem ajudar Belo Horizonte.

P – E Lula ajudou?
FN – Ajudou. Foi isso que me fez apoiá-lo no segundo turno. Não tinha nada do presidente antigo [Jair Bolsonaro] para cá, e quando o Lula me chamou, disse que olharia com carinho e atenção para BH. E tá fazendo isso.

RAIO-X

Fuad Noman, 77
Nascido em Belo Horizonte, é economista. Atuou como secretário-executivo da Casa Civil da Presidência da República, foi diretor do Banco do Brasil e secretário de Fazenda, Transportes, Obras Públicas e Coordenação de Investimentos do governo de Minas. Em BH, esteve à frente da Secretaria Municipal de Fazenda de 2017 a 2020, quando foi eleito vice-prefeito. Assumiu o comando da Prefeitura em abril de 2022. Agora, se tornou o prefeito mais velho a ser eleito na capital mineira.

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