João Campos inicia segundo mandato com protagonismo a novo vice-prefeito no Recife

JOSÉ MATHEUS SANTOS
RECIFE, PE (FOLHAPRESS)

O prefeito do Recife, João Campos (PSB), vai dar protagonismo ao novo vice-prefeito, Victor Marques (PC do B), no mandato que se inicia nesta quarta-feira (1º). O novo vice-prefeito será também o secretário de Infraestrutura da cidade. A posse dos dois aconteceu no final da tarde na Câmara de Vereadores.

Victor Marques sucede a agora ex-vice-prefeita Isabella de Roldão (PDT), eleita em 2020 junto com Campos e preterida em 2024. O prefeito queria um nome da sua confiança pessoal na linha sucessória.

A vaga de vice foi escolhida a dedo pelo prefeito em razão da possibilidade dele deixar o cargo no começo de abril de 2026 para disputar o Governo de Pernambuco contra a governadora Raquel Lyra (PSDB).

Caso João Campos deixe a prefeitura, quem assume o cargo de prefeito é Victor Marques, que vai acumular a função de vice com a de secretário. A pasta de Infraestrutura é uma das principais da gestão municipal e é responsável por obras de grande porte na cidade, como ações de estrutura viária, e de médio e pequeno porte, como o asfaltamento de ruas na periferia.

A ideia de João Campos é que ele ganhe popularidade ao fazer anúncios e entregas de obras na cidade.

Além disso, o vice passa a se ambientar diretamente à máquina pública, já que o posto anterior -chefe de gabinete- era mais burocrático.

Victor é amigo de João Campos. Os dois fizeram juntos parte da graduação de engenharia. Depois, o agora novo vice-prefeito foi chefe de gabinete de João na Câmara dos Deputados, de 2019 a 2020, e depois na prefeitura, desde 2021 até maio de 2024, quando se licenciou para disputar a eleição.

O novo vice-prefeito disputou sua primeira eleição em 2024. O vínculo com o PC do B é mais formal do que em engajamento nas causas e ações da sigla. Isso porque Victor tem alinhamento total ao PSB. A entrada no PC do B -o partido de maior confiança do PSB em Pernambuco- foi articulação de João Campos para atenuar tensões com o PT, que forma uma federação partidária com os comunistas e almejava ter a vice.

No novo secretariado, o prefeito reeleito contempla partidos que fizeram parte da coligação na eleição, como PT, União Brasil, Republicanos e MDB.

O PT manteve o comando de duas secretarias na gestão. O partido é considerado crucial para uma eventual candidatura de João Campos em 2026 para o governo estadual, já que o presidente Lula tem uma alta popularidade em Pernambuco.

Nos bastidores, a recomendação do prefeito é de fazer uma gestão eficiente. Os auxiliares interpretaram que João Campos quer isso porque o novo governo pode ser de 1 ano e 3 meses ou de 4 anos sob seu comando, em meio à indefinição sobre ser candidato a governador no próximo ano.

Uma das secretarias criadas por João Campos para o novo governo é a de Secretaria de Ordem Pública e Segurança. Na campanha eleitoral da reeleição, o prefeito prometeu fazer o armamento gradual da Guarda Municipal do Recife, assunto que era um tabu nos 12 anos iniciais da gestão do PSB no Recife.

Outra função da secretaria será a integração da guarda com outros órgãos, como Defesa Civil e Controle Urbano.

Entre as prioridades de João Campos para o novo mandato estão a inauguração do Hospital da Criança e a construção de um Centro de Diagnóstico e Imagem, para fortalecer a rede municipal de saúde. Outra expectativa é para a construção de duas pontes -uma entre Imbiribeira e Areias e outra do Cordeiro a Casa Forte- para desafogar o trânsito, um dos principais tormentos diários dos recifenses.

No segundo governo, também fica a expectativa para o desfecho da requalificação da orla de Boa Viagem e a inauguração do Parque do Aeroclube, que será o maior da cidade com 12 hectares, na zona sul. Na educação, o prefeito quer lançar o programa Embarque Profissionalizante, com a oferta de bolsas para formação técnica em parceria com instituições privadas de ensino.

João Campos (PSB) foi reeleito prefeito do Recife em primeiro turno nas eleições de outubro. Com 100% das seções totalizadas, ele obteve 78,11% dos votos (725.721), ante 13,9% (129.138) de Gilson Machado (PL), ex-ministro do Turismo de Jair Bolsonaro.

O filho do ex-governador Eduardo Campos foi o prefeito mais votado do Recife em primeiros turnos desde a redemocratização. Até então, o mais votado na primeira etapa tinha sido João Paulo (PT), em 2004, com 56,11%.

O resultado deu ao PSB o quarto mandato seguido no comando do Recife, um recorde na redemocratização. Antes de João, o partido governou o Recife entre 2013 e 2020 com Geraldo Julio. Até então, a legenda que mais tinha governado a cidade era o PT, com três triunfos, de 2001 a 2012.

João Campos liderou a corrida eleitoral desde o começo, segundo as pesquisas de intenção de voto. A situação confortável foi diferente da sua primeira vitória, em 2020, quando conseguiu vencer apenas no segundo turno contra Marília Arraes, sua prima de segundo grau e à época adversária pelo PT. Atualmente, ela é filiada ao Solidariedade e aliada do prefeito.

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