Caprinocultura com potencial de expansão no DF

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A caprinocultura com foco na produção de leite e derivados tem ganhado notoriedade no Distrito Federal, com potencial de expansão. Atualmente, o DF conta com 155 produtores de cabras e 2.817 animais caprinos. Conforme dados da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF), a criação de cabras para produção leite gera por ano cerca de R$930 mil. Anualmente, na capital federal a produção de leite chega a 69.642 litros. 

Mesmo com rebanhos de cabras compostos por pequenos criadores que geralmente estão localizados em propriedades de tamanho menor, a produção de leite e derivados de caprinos tem apresentado força no DF, principalmente pelo potencial nutricional, de saúde e gastronômico. Dentre as vantagens de se trabalhar com a criação de cabras estão: possibilidade e espaço reduzido quando comparado a bovinocultura e de venda de produtos de alto valor agregado. 

Ao Jornal de Brasília, o zootecnista da Emater-DF, Maximiliano Cardoso, enfatizou que o leite de cabra e seus derivados, como o queijo, são benéficos para pessoas que têm intolerância à lactose. “Possibilidade de venda para pessoas que têm alergia, intolerâncias alimentares ou problemas de digestibilidade pelo fato do leite de cabra ter a beta-caseína da configuração A2A2  e ter o tamanho de partículas reduzidas, o que facilita a digestão do leite pelo organismo”, explicou.

O leite de cabra e seus derivados costumam ser mais caros do que o de vaca pelo fato dos caprinos produzirem uma quantidade menor. “Uma boa vaca de leite, produz em média 20 a 30 litros por dia e uma boa cabra leiteira, produz em média 2,5 a três litros por dia. Sendo assim, o efeito de diluição do custo de alimentação é menor, comparativamente às vacas”, enfatizou o zootecnista. 

Segundo Cardoso, outro fator que contribui para o leite de cabra ser mais caro é que existem menos produtos alimentares e nutricionais específicos para caprinos leiteiros e geralmente os núcleos minerais para ração, o sal mineral e outros, tendem a ter um preço maior, quando comparado aos produtos para bovinos leiteiros. “Atualmente, o custo de produção do leite de cabra chega a ser de duas a três vezes maior que o leite de vaca”, salientou o zootecnista.

Maior valor nutricional 

Para Cardoso, é preciso ocorrer uma mudança no hábito de consumo das pessoas para que elas entendam o grande valor nutricional do leite e derivados de cabra. “Outro entrave é a mudança ou alteração no hábito de consumo de produtos derivados de cabras, que demanda um tempo considerável e investimentos para acontecer como promoção dos benefícios alimentares, potencial gastronômico e turismo rural para os clientes conhecerem os animais. É preciso aumentar a divulgação dos benefícios e potenciais do leite de cabra para a alimentação humana, através de publicidade, degustação, campanhas. Mudança de hábito de consumo tende a ser de médio a longo prazo”, frisou. 

Produção de queijo 

Além da venda direta do leite de cabra, os produtores do DF têm investido na produção dos seus derivados. O campeão de produção e vendas são os queijos, geralmente os meia-cura e curados. Alguns criadores de caprinos também produzem doces e pães. Uma das produtoras do DF é a empreendedora rural Ana Zélia Bonfim, proprietária do Sítio Vila das Cabras, localizado no Núcleo Rural do Lago Oeste, em Sobradinho. 

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Foto: Carolina Freitas/Jornal de Brasília

Ana Zélia começou com a criação de cabras em 2015, com apenas seis animais caprinos. Assim que surgiram os primeiros leites, veio a ideia de produzir queijos para venda. “Das cabras, quatro ficaram prenhas e nasceram filhotes. Foi quando eu comecei a ter bastante leite. O plano foi buscar aprender a fazer os queijos. Minha mãe, que é do Ceará, sabia fazer queijo coalho e ela me ensinou a fazer o primeiro queijo, depois fui fazendo cursos e me aperfeiçoando”, comentou a produtora.

Atualmente, Ana Zélia conta com 43 cabras, entre fêmeas, filhotes e reprodutores, e produz sete tipo de queijos diferentes no sítio. Diariamente, a produção de leite da produtora é de 26 litros e semanalmente são produzidas 45 peças de queijo no local. Em média, uma cabra dá leite por dez meses seguidos e nascem dois filhotes por gestação. “Praticamente todo queijo que é feito durante a semana são vendidos. Ficamos com poucas peças porque recebemos visitas e com a degustação eles acabam comprando os queijos”, observou a empreendedora rural.

Para Ana Zélia, o DF é um bom local para criação de cabras, pelo fato de ter poucos criadores. Mas existem algumas dificuldades enfrentadas por ela, o impasse para conseguir mão de obra qualificada e alimentos para os animais caprinos. “Eu comprava a ração delas em uma fábrica em São Sebastião, e de repente eles pararam de produzir. Então, eu tive que ir atrás de outra, até que descobri uma em Alexânia, no Goiás. Muitas vezes eu tive que ir buscar, outras eles deixavam aqui”, enfatizou a produtora. 

Mesmo com as dificuldades, Ana Zélia não larga as cabras. “O prazer de fazer aquilo que gostamos. Acabamos gerando emprego direto e indireto, por meio de pessoas que compram meus produtos para vender. Trabalhar com a criação de cabras traz um próprio bem-estar. Já tem seis anos que eu e meu marido estamos aposentados e nos ocupamos com as cabras. Colocar os cabritinhos quando nascem no colo não tem preço”, disse a produtora.

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