Moradores do DF enfrentam atrasos e superlotação no transporte público

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Por Camila Coimbra
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Moradores do Distrito Federal estão enfrentando uma rotina exaustiva neste final de ano por conta da falta de transporte público, seja pela desorganização e atrasos ou pela superlotação oriunda da escassez de frotas disponíveis. Carla Araújo, do Gama, e Maria Clara Rodrigues, de Taguatinga, relatam dificuldades que afetam tanto dias úteis quanto fins de semana, os trajetos que deveriam ser rápidos se transformam em uma longa jornada de estresse.

Carla Araújo da Costa Souza, 45 anos, moradora do Gama, enfrenta problemas diários com as frotas do transporte público do Gama. Segundo ela, a escassez de ônibus afeta tanto os dias úteis quanto os fins de semana, dificultando o deslocamento para o trabalho e aumentando o tempo de viagem em dobro.

“Nos domingos, não tem ônibus direto para o Setor Gráfico. Tenho que pegar um até a rodoviária, descer na floricultura e esperar outro para o Setor Gráfico. Esses ônibus vêm de Santa Maria e, mesmo durante a semana, o problema é o mesmo. Para cada 10 ônibus que vão para Santa Maria, passa apenas um para o Gama. E, quando passa, já vem lotado”, relata Carla.

A rotina de deslocamento é exaustiva. Carla afirma que precisa sair de casa às 4h40 para estar no trabalho às 8h. Ao final do expediente, às 19h, ela chega em casa por volta das 21h ou 21h30 devido à demora e à necessidade de baldeações.

O problema, segundo ela, é constante e não se limita ao período de fim de ano. “Não tem ônibus o ano inteiro. É sempre assim: lotado, lotado, lotado. Quando passa, já está cheio”, desabafa.

Maria Clara Silveira Rodrigues, 20 anos, estagiária do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), enfrenta constantes atrasos e superlotação nos ônibus que utiliza diariamente para se deslocar entre o centro de Taguatinga e a EPIG, onde trabalha.

“Costumo pegar os ônibus 0.301 ou 0.378, mas nos últimos dias, os atrasos têm sido cada vez mais frequentes. Teve um dia em que fiquei na parada até 10h52 esperando, o maior atraso que já enfrentei. Normalmente, o atraso diário é de cerca de 40 minutos, principalmente no 301”, relata Maria Clara.

Além da demora, ela também enfrenta desafios a mais, como a necessidade de caminhar até uma parada mais distante, já que, segundo ela, os ônibus que passam pela comercial norte de Taguatinga são ainda mais atrasados. “Quando finalmente conseguimos embarcar, enfrentamos a superlotação, porque todo mundo que está atrasado tenta pegar o mesmo ônibus, mesmo que ele só os leve um pouco mais perto do destino”, explica.

A rotina tem sido exaustiva para os trabalhadores. Um percurso que deveria levar cerca de 30 minutos acaba se estendendo por mais uma hora, dependendo do dia. “Já teve dia em que cheguei em casa e chorei, porque sabia que no dia seguinte teria que levantar cedo e passar por tudo isso de novo. É extremamente cansativo e desanimador”, desabafa.

Maria Clara acredita que os atrasos sejam reflexo não só do aumento do fluxo durante os feriados, mas também das diversas obras que afetam a mobilidade na região.

O Jornal de Brasília entrou em contato com a Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob) para obter informações sobre o funcionamento do transporte público coletivo no Distrito Federal durante o final de ano. Em nota, a secretaria afirmou que o sistema está operando normalmente e informou medidas para atender ao aumento na demanda.

A Semob destacou que determinou o reforço de viagens nos dias 24 e 31 de dezembro, horários que coincidem com o fechamento do comércio. Além disso, viagens específicas foram programadas para atender o público presente em eventos culturais em Ceilândia, Planaltina, Torre de TV Digital, Torre de TV e Parque da Cidade.

Ainda conforme a nota, a linha circular 103.1 será reativada entre esta segunda-feira (30) e a próxima quarta-feira (1º). O trajeto conecta a Rodoviária do Plano Piloto ao Pontão do Lago Sul, passando pela Prainha. As viagens começam às 14h e serão oferecidas até as 2h no dia 31 de dezembro e até às 4h no dia 1º de janeiro, horário de encerramento das festividades de Réveillon.

A Semob informou que realiza monitoramento constante das operações para ajustar a oferta à demanda. Medidas como a criação de novas linhas ou o aumento de viagens são anunciadas regularmente, conforme necessário. Além disso, a pasta acompanha a operação das frotas e fiscaliza o cumprimento de rotas e horários pelas operadoras. Apesar disso, ressalta que problemas pontuais podem ocorrer, resultando em descumprimentos isolados.

A secretaria orienta que os passageiros relatem atrasos ou descumprimento de horários por meio da ouvidoria, pelo telefone 162 ou pelo site Participa-DF. Para registrar a ocorrência, é essencial informar dados como data, horário, local e a linha afetada.

Por fim, a Semob reforça que sugestões para ampliação de horários ou trajeto também podem ser encaminhadas pelos canais da ouvidoria.

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