Produção de Açúcar e Etanol Cresce de Forma Impressionante no Norte e Nordeste, mesmo com Clima Desfavorável

A produção da cana-de-açúcar no Norte e Nordeste continua a impressionar o mercado. Mesmo enfrentando condições climáticas complicadas, com chuvas irregulares que comprometeram o potencial de moagem, a safra 2024-2025 registrou crescimento tanto na produção de açúcar quanto de etanol hidratado. Até o momento, o processamento da cana chegou a 35,86 milhões de toneladas, um aumento de 2,2% em relação ao mesmo período da safra anterior. Os dados foram compartilhados pela Associação de Produtores de Açúcar, Etanol e Bioenergia (NovaBio).

“A pluviosidade irregular observada, pelo menos até este mês de dezembro, deverá diminuir a moagem total de cana em torno de um milhão de toneladas em relação ao volume projetado até o final desta safra, inicialmente estimado em 63 milhões de toneladas. Em compensação, a seca elevou o ATR, a riqueza da cana”, explica Renato Cunha, presidente-executivo da NovaBio. Ele acrescenta, no entanto, que os níveis de sacarose extraídos da planta devem crescer em média entre 8 e 12 quilos por tonelada, especialmente na região Nordeste. Isso resultou em maior rendimento da produção final, superando os números do ciclo 2024-2025, mesmo apresentando uma safra menor. A irregularidade das chuvas pode também incidir de forma mais acentuada no potencial de moagem da safra 2025-2026.

Dados da entidade, que reúne 35 usinas de processamento de cana em 11 estados brasileiros, revelam que a fabricação do etanol hidratado – usados diretamente nos veículos flex – disparou 27,9%, atingindo 933,5 milhões de litros, contra 729,7 milhões de litros produzidos na safra passada. No entanto, o etanol anidro, que é misturado à gasolina, sofreu uma queda de 25,9%, o que Cunha atribuiu à falta de políticas públicas claras no setor de combustíveis. “Esta queda reflete a imprevisibilidade das políticas de competitividade e precificação dos combustíveis no Brasil. Em um país que tem o potencial para liderar a transição energética global, cujas premissas básicas demandam soluções sustentáveis para o setor de transporte, é preocupante a falta de regras que garantam maior competitividade ao etanol de cana, de origem renovável”, ressalta o executivo da NovaBio e Sindaçúcar-PE.

Já na produção açucareira, o crescimento também foi expressivo, com 2,18 milhões de toneladas, superando em 18,2% os 1,84 milhão de toneladas no final de 2024. O Nordeste deve continuar a exportar cerca de 62% de sua produção de açúcar, notadamente pelos portos de Maceió, Recife e Suape e, em menor escala, João Pessoa e Natal.

Outro ponto de destaque foi o aumento nos estoques de etanol hidratado, que avançou de forma impressionante em 51,03%, com 261,8 milhões de litros, ante 173,3 milhões de litros armazenados na moagem passada. Já os estoques totais de etanol (anidro e hidratado), o estoque cresceu 2,20%, totalizando 458,6 milhões de litros em comparação com os 448,7 milhões de litros da temporada 2023-2024. Já a a produção total de etanol teve um aumento modesto de 0,5%, atingindo 1,49 bilhão de litros contra 1,48 bilhão fabricados no ciclo agrícola anterior.

O Nordeste continua liderando a produção dentre as regiões, com Alagoas, Pernambuco e Bahia no topo. E mesmo estados com produção menor, como Sergipe e Amazonas, vêm mostrando o peso da cana-de-açúcar para a economia local.

A produção de cana por estado até 30 de novembro atingiu os seguintes patamares:

Alagoas: 9,10 mi/t
Pernambuco: 7,58 mi/t
Bahia: 4,41 mi/t
Paraíba: 4,33 mi/t
Tocantins: 2,25 mi/t
Maranhão: 2,14 mi/t
R.G. do Norte: 2,14 mi/t
Pará: 1,24 mi/t
Sergipe: 1,19 mi/t
Piauí: 1,13 mi/t
Amazonas: 0,36 mi/t

Mesmo enfrentando os desafios climáticos e políticos, a safra 2024-2025 é um reflexo da resiliência do setor sucroenergético brasileiro. Com foco em exportação e transição energética, o açúcar e o etanol do Norte e Nordeste se tornam os maiores símbolos de inovação e sustentabilidade na produção agrícola.

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