Passageiro cobra Nunes sobre aumento do ônibus, e prefeito culpa dólar e inflação fora da meta

ricardo nunes

FÁBIO PESCARINI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) foi cobrado, na manhã desta sexta-feira (27), por um usuário de transporte público sobre o aumento das passagens de ônibus -na véspera, a Prefeitura de São Paulo anunciou que a tarifa irá passar de R$ 4,40 para R$ 5 no próximo dia 6 de janeiro.

Durante agenda para anúncio do início da reforma na UBS (Unidade Básica de Saúde) Max Perlman, na Vila Nova Conceição, zona sul, Nunes parou para cumprimentar um paciente que entrava em uma das salas do posto de saúde. O homem respondeu dizendo que estava tudo bem, menos o aumento na passagem do ônibus.

O emedebista estava acompanhado do secretário municipal da Saúde, Luiz Carlos Zamarco, e cercado por funcionários da unidade médica. A reportagem presenciou a reclamação.

Nunes disse ao usuário do posto que a passagem não era reajustada havia quatro anos e que a alta, de 13,6%, foi menor que a inflação no período, de aproximadamente 32%.

O último reajuste do transporte público municipal havia ocorrido em janeiro de 2020, quando a passagem foi de R$ 4,30 para R$ 4,40.

O prefeito interrompeu momentaneamente a visita para justificar o aumento ao paciente do posto de saúde.

Entre outros, citou problemas enfrentados pelo governo do presidente Lula (PT), como dólar acima de R$ 6 (às 12h58 desta sexta, a moeda norte-americana estava cotada a R$ 6,201) e inflação fora da meta -o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15), uma espécie de prévia da inflação oficial do país, fechou o acumulado de 2024 com alta de 4,71%, acima do teto da meta de inflação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que é de 4,5% neste ano.

“Não é um aumento, é uma correção da inflação e uma preocupação muito grande porque a gente tem observado o cenário econômico do país que nos dá uma direção preocupante”, repetiu Nunes, pouco depois, a jornalistas. “O diesel tem uma vinculação muito forte com a questão do dólar. A inflação passou da meta e não temos expectativa durante o ano de 2025 de que seja controlada.”

Segundo o prefeito, se a tarifa fosse reajustada pela inflação acumulada nos quatro anos de congelamento, ela iria para R$ 5,82.

Nunes rebateu ao ser lembrado de que estava sendo criticado por movimentos sociais pelo aumento após sua reeleição para segundo mandato.

“O que a gente não pode é pegar dinheiro da saúde, da habitação, da educação, para colocar no transporte. Cada pasta precisa ter a sua receita, o seu orçamento e a gente precisa fazer as coisas com responsabilidade. A nossa tarifa é uma das menores tarifas da região metropolitana”, afirmou.

O reajuste ocorre após alta recorde dos valores pagos como subsídio às empresas de ônibus e vale a partir da 0h de 6 de janeiro, primeira segunda-feira de 2025.

Em 2024, a municipalidade repassou R$ 6,7 bilhões às viações como compensação tarifária. O valor é 14,5% a mais do que o registrado no ano anterior -o maior aumento desde o fim da pandemia, quando as restrições sociais esvaziaram o transporte público.

Na capital paulista, a prefeitura subsidia parte do transporte público e o percentual é calculado de acordo com o número de passageiros, o tamanho da frota, entre outros.

Os repasses representaram 58,7% do custo total do sistema neste ano -R$ 11,4 bilhões. O restante -R$ 4,6 bilhões- foi arrecadado via passagens pagas pelos usuários. O montante pago é o mais baixo desde 2021, quando os passageiros voltaram a usar os ônibus na retomada pós-pandemia.

Pelo segundo ano seguido, a tarifa dos ônibus municipais será diferente das de metrô e trens metropolitanos (CPTM e ViaMobilidade) -na quinta, o governo estadual anunciou que a passagem no transporte sobre trilhos irá de R$ 5 para R$ 5,20 a partir da primeira segunda-feira de 2025.

Os reajustes passarão a valer no dia 6 por causa de tempo para ajustes nos sistemas dos transportes públicos que usam bilhete integrado, de acordo com o prefeito.

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