Falta de atração

A desvalorização do real e o fortalecimento do dólar desencadearam uma saída em bloco de investimentos do BrasilAgência Brasil

Os chamados “países em desenvolvimento”, grupo do qual o Brasil faz parte, justamente por sua condição de estar buscando um desenvolvimento — em contraponto às nações que já atingiram um grau mais acentuado de expansão econômica e social –, necessitam atrair investidores, nacionais e estrangeiros. Essa atração se dá em duas linhas: auxiliar na rolagem da dívida pública interna e participar dos projetos de infraestrutura do país.

A desvalorização do real diante dos temores fiscais no Brasil e o fortalecimento do dólar com a volta de Donald Trump à Casa Branca desencadearam uma saída em bloco de investimentos do Brasil com destino aos Estados Unidos, e esse movimento pode ser definitivo. Estima-se um aumento de 20% numa época em que este tipo de movimento costuma ser mais fraco (novembro/dezembro).

Dos recursos que estão indo para os EUA, mais de 80% estão sendo investidos em títulos superconservadores, basicamente renda fixa de curto prazo. Em geral, são ‘Treasuries’, títulos do Tesouro americano, cujos rendimentos têm sido pressionados para cima desde o favoritismo e posterior vitória de Trump, e também em dívida de empresas americanas, os chamados ‘bonds’.

Dados do Banco Central mostram que o saldo de investimentos de brasileiros em ativos no exterior superava os US$ 10,6 bilhões no acumulado do ano até novembro, mais do que o dobro do registrado em todo o ano de 2023, de US$ 4,511 bilhões. O recorde já registrado foi de cerca de US$ 15,4 bilhões em 2011, conforme a base histórica do BC, que vai até 1995.

A alta do dólar, tema ocupante dos noticiários recentes, é na verdade um movimento de desvalorização do real. E essa condição tem efeitos objetivos na balança comercial, fixação dos juros oficiais (SELIC), meta de inflação etc, mas tem um efeito adicional sobre o psicológico da população em geral, cujo entendimento técnico sobre o câmbio é limitado, mas suficiente para gerar algum grau de apreensão.

Para ler mais textos meus e de outros pesquisadores, acesse www.institutoconviccao.com.br

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