Ney Latorraca marcou o cinema, com adaptação da peça ‘O Beijo no Asfalto’

beijo no asfalto

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Ney Latorraca, ator santista ativo desde a década de 1960, morreu nesta quinta-feira (26) de sepse pulmonar, causada por um câncer de próstata, aos 80 anos. O artista viveu personagens como Barbosa, da TV Pirata, e ficou mais de dez anos em cartaz com “O Mistério de Irma Vap”.

Embora tenha se tornado conhecido pelos personagens da TV e do teatro, Latorraca também teve uma carreira fecunda no cinema. De 1969 a 2015 interpretou vários papéis, inclusive em filmes indicados a prêmios e exibidos em festivais internacionais.

Veja alguns dos filmes dos quais participou Latorraca:

‘ANCHIETA, JOSÉ DO BRASIL’

Ney Latorraca viveu o personagem-título neste filme de 1977 dirigido por Paulo César Saraceni. Representante do Brasil no Festival de Cannes de 1978, o longa conta a história do padre Anchieta desde sua chegada ao Brasil à sua morte, passando pela relação do religioso com os indígenas da terra e a Companhia de Jesus.

‘UMA ESTRANHA ESTÓRIA DE AMOR’

O longa de romance é protagonizado por Selma Egrei, que vive Maria, uma professora que se muda para o interior, e Latorraca, que faz o papel de Daniel. Dirigdo pelo sino-brasileiro John Doo e lançado em 1979, foi exibido novamente em agosto deste ano, na Cinemateca Brasileira.

‘O BEIJO NO ASFALTO’

Adaptação da peça de Nelson Rodrigues, de 1960, o filme foi lançado em 1981 e dirigido por Bruno Barreto. Nesse filme, Latorraca e Tarcísio Meira protagonizaram uma cena de beijo, que causou estardalhaço na sociedade da época. Afinal, foi um dos primeiros beijos gays do cinema brasileiro.

‘ÓPERA DO MALANDRO’

Com roteiro de Chico Buarque, Orlando Senna e Ruy Guerra, o filme de 1985, trata-se de uma adaptação do musical homônimo escrito por Buarque em 1978. O artista adaptou os clássicos “Ópera dos Mendigos”, de John Gay, e “A Ópera dos Três Vinténs”, de Bertolt Brecht e Kurt Weill para a realidade brasileira.

A trama se passa no Rio de Janeiro dos anos 1940 e conta a história do malandro Max, que controla um esquema de contrabando. As músicas são de Buarque ou adaptadas por ele, e os arranjos são de Chiquinho de Moraes. Latorraca era Tigrão, delegado corrupto, e interpretou a canção “Hino da Repressão”. Dirigido por Ruy Guerra, o filme teve outros artistas destacados como Elba Ramalho, Edson Celulari e Cláudia Gimenez e foi exibida no festivais de Cannes, Nova York e Toronto.

‘FÁBULA DE LA BELLA PALOMERA’

Também dirigido por Ruy Guerra, esse drama romântico de 1988 destaca-se por ter roteiro e argumento desenvolvidos com a colaboração do escritor colombiano Gabriel Garcia Márquez. Conta a história de uma relação extra-conjugal em Paraty, no final do século 19, onde o rico industrial Orestes (Latorraca) se apaixona pela bela Fúlvia (Claudia Ohana). Os dois se comunicam por pombos-correiro, para evitar serem descobertos.

‘CARLOTA JOAQUINA, PRINCESA DO BRASIL’

Dirigido por Carla Camurati e lançado em 1994, a comédia recebeu o prêmio do júri especial no Festival de Assunção, no Paraguai. Conta a história de Carlota Joaquina, que se muda para o Brasil junto com a corte portuguesa diante das Guerras Napoleônicas.
O filme conta com Marco Nanini –parceiro de Latorraca em “O Mistério de Irma Vap”– e Marieta Severo no elenco. Latorraca fez uma participação especial no longa.

‘IRMA VAP: O RETORNO’

Baseado na peça de maior sucesso de Latorraca, “O Mistério de Irma Vap”, o filme de 2005 conta com os mesmos personagens da comédia. Indicado a três categorias no Prêmio Brasil de Cinema e eleito pelo público como melhor filme no Brazilian Film Festival of Miami, “O Retorno” é dirigido por Carla Camurati.

‘INTRODUÇÃO À MÚSICA DO SANGUE’

O filme, baseado no argumento do escritor Lúcio Cardoso, é dirigido por Luiz Carlos Lacerda e foi lançado em 2014. Foi o último papel de Latorraca no cinema –ele fez o papel de Uriel, patriarca do interior arcaico do Brasil que se recusa a ceder às inovações.

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