Argentina deve ter inflação anualizada abaixo de 100% em janeiro

A inflação da Argentina deve chegar abaixo de 100% nos 12 meses encerrados em janeiro de 2025. A taxa anualizada deve atingir 85% no período, segundo estimativa da agência de classificação de risco Austin Rating.

A última vez em que a variação interanual da inflação argentina esteve em um patamar de 2 dígitos foi em janeiro de 2023 (98,8%), sob a presidência de Alberto Fernández (Partido Justicialista, esquerda). De lá para cá, o pico se deu em abril de 2024 (289,4%), já no governo de Javier Milei (La Libertad Avanza, direita).

Leia o infográfico abaixo:

Razões para a desaceleração

Milei vem promovendo corte de gastos em sua administração, como a retirada de subsídios. Durante a campanha, o presidente argentino havia feito a promessa de que reduziria drasticamente as despesas. O simbolismo se deu ao erguer por diversas vezes a motosserra.

O libertário reduziu o número de ministérios de 18 para 9 em seu 1º decreto como chefe de Estado. Interrompeu a maioria das obras públicas e diminuiu o repasse de recursos para províncias, educação e saúde. Também vetou o aumento para aposentados. As medidas têm levado o país a registrar superavit fiscal mês a mês.

Economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini reforça que os preços de bens e serviços na Argentina continuam a crescer, mas em um ritmo menor. Ele diz haver algumas razões para a desaceleração brusca:

  • desvalorização do peso – “Os preços subiram muito no início do governo Milei por isso. Então, é natural que ao longo do tempo você tenha uma base de dados maior de comparação, mas o crescimento [dos preços] é menor”;
  • atividade econômica fraca – “Em 2024, a Argentina deve ter uma queda do PIB [Produto Interno Bruto] de 3,5%. Em 2023, já havia tido uma queda de 1,6%. Com isso, a taxa de desemprego subiu bastante, saindo de 6,1% em 2023 para 8,2% em 2024. Então, esses fatores de desemprego em alta e PIB em queda também derrubam a expectativa de inflação. Você tem uma economia com uma situação de crescimento baixo, desemprego alto, aumento da pobreza e, obviamente, isso tem um impacto nos preços”.

Pobreza em patamar elevado

Em 26 de setembro, o Indec (Instituto Nacional de Estatística e Censos) informou que 15,7 milhões de pessoas estavam em situação de pobreza no 1º semestre de 2024. Se estendido às áreas rurais, o número chega a 24,9 milhões de argentinos, resultando em 52,9% da população total do país nessa situação.

Esse número diz respeito à média mensal para os 6 primeiros meses do ano.

Na prática, o Indec indica que 3,4 milhões de argentinos passaram a figurar em situação de pobreza nos 6 meses iniciais da gestão de Javier Milei. Ao todo, 5,4 milhões de argentinos estão em pobreza extrema (18,1% da população).

Em 19 de dezembro, o Conselho Nacional de Coordenação de Políticas Sociais projetou a taxa de pobreza em 38,9% no 3º trimestre de 2024.

Poder 360

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