Iguana-marinha-de-Galápagos: conheça única espécie de lagarto adaptado à vida marinha


Réptil é endêmico do arquipélago de Galápagos, situado 900 km a oeste da costa do Equador. Iguanas-marinhas-de-Galápagos são únicos lagartos existentes capazes de viver nesse ambiente
martinlambret / iNaturalist
As iguanas-marinhas-de-Galápagos (Amblyrhynchus cristatus), a única espécie de lagarto adaptada à vida marinha, apresentam diversas adaptações fisiológicas que lhes permitem viver neste ambiente.
Nativas do arquipélago de Galápagos, essas iguanas são ectotérmicas, o que significa que dependem de fontes externas de calor para regular sua temperatura corporal. Para enfrentar as frias águas do Oceano Pacífico, elas precisam se expor ao sol por várias horas, elevando sua temperatura corporal para cerca de 36°C antes de mergulhar em busca de alimento.
A bióloga Circe Cavalcanti de Albuquerque, assistente de pesquisa no Museu Biológico do Instituto Butantan, explica que essas iguanas possuem uma cauda achatada lateralmente, o que permite uma excelente adaptação à natação, além de garras longas e afiadas para que se agarrem às rochas e não sejam levadas pela correnteza.
Também contam com uma modificação em sua narinas que as torna curtas. O animal possui ainda dentes pequenos e afiados para que consigam raspar as algas das rochas.
Por serem animais ectotérmicos, as iguanas passam horas sob o sol regulando sua temperatura
myriammadani / iNaturalist
“Porém, de todas as adaptações da espécie para sobreviver em ambiente marinho, talvez a mais importante seja a presença das glândulas de sal em suas narinas. Elas são responsáveis pela eliminação do excesso de sal no sangue, pois, quando se alimentam das algas, as iguanas-marinhas acabam também ingerindo o sal das águas oceânicas. Então, eliminam esse excesso de sal por meio de ‘espirros’”, explica a bióloga.
Alimentação
Assim como as iguanas-verdes (Iguana iguana), as iguanas-marinhas são animais predominantemente herbívoros, alimentando-se nas águas salgadas do Pacífico, raspando as algas presentes na superfície das rochas na maré baixa ou mergulhando no mar. Ocasionalmente também comem gafanhotos e crustáceos.
Além disso, a bióloga conta que o tamanho corporal das iguanas-marinhas influencia em seu método de alimentação.
“Indivíduos pequenos, perdem calor rapidamente, então se alimentam somente raspando as algas da superfície das rochas na maré baixa, enquanto os indivíduos maiores, que não perdem tanto calor, podem ficar ativos debaixo d´água por mais tempo, mergulhando em grandes profundidades (cerca de 20 metros)”, explica ela.
Iguanas-marinhas passaram a se alimentar de algas presentes nas águas salgadas do Pacífico
gabrielguaranda / iNaturalist
Reprodução
Diferente da iguana-verde, que tem um ciclo reprodutivo alinhado às estações chuvosa e seca, a iguana-marinha inicia sua época de reprodução em dezembro e a prolonga até março. Após o acasalamento, as fêmeas se afastam da colônia para buscar áreas arenosas, onde escavam buracos para depositar de um a seis ovos. Esse processo de escolha do local de postura pode levar de dois a três dias, devido à competição intensa entre as fêmeas.
Predação
O gavião-de-Galápagos (Buteo galapagoensis) é o maior predador natural das iguanas-marinhas, mas elas também são extremamente rápidas e podem facilmente escapar dos ataques se o virem a tempo.
No entanto, são consideradas Vulneráveis (VU) na classificação do status de conservação da IUCN, por conta da introdução de predadores como ratos, gatos e cães, que se alimentam de seus ovos e filhotes. Além disso, há um estudo que comprova que o ecoturismo também afeta esses animais, causando altos níveis de estresse, o que contribui para o declínio da população.
Espécie é considerada Vulnerável (VU) pela IUCN
seastung / iNaturalist
Curiosidade
O gênero Amblyrhynchus da iguana-marinha teria evoluído de uma mesma linhagem que originou as três espécies de iguanas-terrestres-de-Galápagos (do gênero Conolophus) viventes nas ilhas.
“Um fenômeno curioso são as chamadas iguanas-híbridas, nascidas do cruzamento de uma iguana-marinha macho com uma iguana-terrestre fêmea. As iguanas-híbridas podem viver tanto na terra quanto no mar”, conta a bióloga Circe Cavalcanti.
*Texto sob supervisão de Lizzy Martins
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