Entenda a diferença entre aeroportos e aeródromos

O acidente aéreo que vitimou 10 pessoas em Gramado (RS) neste fim de semana mostrou uma realidade vivida no país e que nem todos conhecem. Muitos não sabem que existe uma grande diferença entre aeródromos, como o de Canela (RS) de onde o turboélice pilotado por Luiz Cláudio Salgueiro Galeazzi partiu, e os aeroportos presentes nas capitais ou até mesmo os regionais, como por exemplo o aeroporto de Jaguaruna.

O especialista em milhas aéreas e pesquisador da aviação, Arthur Dacoréggio, explica as principais diferenças: “Aeródromos tem um porte menor, onde não operam aeronaves grandes. São aeronaves de taxi aéreo, helicópteros e aviões pequenos. Normalmente eles não tem nenhum tipo de regulação de torre de controle, de autorizações de decolagem e pouso. Existe uma comunicação por rádio, onde quando o piloto está se aproximando do aeródromo, ele precisa se comunicar através dessa frequência com quem tiver por ali, avisando sua distância e previsão de chegada”.

Em aeroportos maiores, existem as chamadas torres de controle, responsável por controlar todas as ações. “Ela libera o embarque dos passageiros, a saída para pista, o taxi, o pouso. Controla tudo. Um aeroporto um pouco menor, como o de Jaguaruna, ele possui uma torre de controle, mas é de rádio. Ou seja, não possui um controle específico, porém são necessárias autorizações para entrar na pista, pousar. Quem libera é o Centro Regional de Florianópolis, que atua na área de aproximação do aeroporto da Capital”, disse Arthur.

Devido a essa diferença, nos aeródromos não existe controle sobre quantidade de combustível usado por aeronaves, sobrepeso no avião, decolagens em condições desfavoráveis e voos não compatíveis com o ambiente em que está situado.

Em cima desta falta de controle, o piloto passa a ter completa autonomia sobre determinadas ações. “O piloto tem liberdade total de dizer se pode ou não partir, se a quantidade de combustível está correta, ele que vai ter que seguir as normas. O piloto nesses casos é o total responsável por toda operação do avião, desde o pouso, abastecimento, carregamento, distribuição do peso, do controle de visibilidade. Ele determina tudo isso. O piloto só entra em contato com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), quando atinge uma determinada altitude”, explicou.

Para os pilotos, existem algumas condições de segurança mínimas para que os voos possam decolar. Como foi possível conferir em imagens de câmeras de monitoramento e das redes sociais, a Serra Gaúcha estava com muita neblina e baixa visibilidade durante a manhã do acidente. Arthur explica que o mínimo exigido para que um voo possa sair do solo, é a visibilidade de pelo menos 450 metros à frente por parte do piloto. De acordo com as imagens disponibilizadas do acidente até o momento, a visibilidade naquela hora deveria ser de no máximo 50 metros.

“Para poder voar através das Regras de Voo Visuais, as nuvens tem que estar no mínimo a 450 metros de distância. Mas, pelas imagens do acidente, não existia essa condição. Sem visibilidade, perde-se referencial com o solo, não sabe se está indo reto ou de lado, para baixo ou para cima. Vai depender totalmente de instrumentos. Para sair dessa condição ele deveria subir até uma certa altitude”, destacou Dacoréggio.

Investigações feitas pelo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa) devem indicar se Galeazzi operou dentro dos limites estabelecidos. Ainda no aeródromo de Canela (RS), uma carta de obstáculos é disponibilizada, indicando a altitude que o piloto deve estar em determinado ponto. “Então tu sabe que quando chegar em determinado ponto, deve estar em uma certa altitude. Pelo que a gente viu dos dados, ele não conseguiu ganhar altitude. Aí os motivos podem ser excesso de peso, perca de performance devido a gradação do tempo e altitude. Tudo isso pode ter afetado e como ele não tinha visibilidade, ele também não sabia se estava naqueles pontos de obstáculos do aeródromo”, falou Arthur.

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