Ataque especulativo e coordenado não representa o que está acontecendo com dólar, diz Galípolo

NATHALIA GARCIA – ADRIANA FERNANDES
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

O futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, negou nesta quinta-feira (19) um ataque especulativo do mercado financeiro como causa da disparada do dólar no país e afirmou que a percepção dele sobre o tema tem sido bem aceita pelos membros do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Na máxima do dia, o dólar chegou a R$ 6,301. Às 12h05, a moeda norte-americana perdia 1,75%, cotada a R$ 6,157, em sessão marcada por alta volatilidade.

“Não é correto tentar tratar o mercado como um bloco monolítico, vamos dizer assim, como se fosse uma coisa só, que está coordenada em algum sentido. Basta a gente entender que o mercado funciona, geralmente, com posições contrárias”, disse. “A ideia de ataque especulativo como algo coordenado não representa bem o que está acontecendo no mercado hoje.”

Galípolo disse que essa interpretação tem sido bem compreendida e aceita em suas interlocuções com o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, Indústria e Serviços, e os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento).

Galípolo, que assumirá o comando da instituição em 1º de janeiro, esteve ao lado do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, na entrevista a jornalistas desta quinta. O evento conjunto simbolizou a transição na presidência da autoridade monetária, a primeira desde que entrou formalmente em vigor a autonomia institucional em 2021.

Quanto à atuação do BC no câmbio, Campos Neto disse que a autoridade monetária resolveu intervir em reação a “operações atípicas no volume que estão acontecendo”. Segundo ele, o país tem um nível elevado de reservas internacionais e vai agir quando achar necessário.

Nesse movimento atípico, citou que os dividendos pagos pelas empresas estão acima da média, que o fluxo financeiro no ano está bastante negativo e que as pessoas físicas estão tirando maior volume de recursos do país, inclusive plataformas.

Nesta quinta, o BC vendeu US$ 8 bilhões em dois leilões extraordinários de dólares no mercado à vista. A mais recente intervenção, que não estava programada, foi a nona atuação da autoridade monetária no câmbio em uma semana. Ao todo, desde quinta da semana passada (12), foram injetados US$ 20,7 bilhões no mercado de câmbio.

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