Especialista acredita que Porto de Itajaí resgate seu protagonismo

Após dois anos de paralisação decorrentes de muita negligência e descaso, combinados com a tentativa velada de privatização por parte da administração federal anterior, e um notório jogo de cartas marcadas até que se chegasse ao processo de federalização, o Porto de Itajaí deve retomar sua movimentação a partir de 2025 e ter mais protagonismo na região, como sempre foi sua característica mais marcante. A afirmação é do professor dos cursos de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Daniel da Cunda Corrêa da Silva. 

Otimista com relação ao processo de federalização, que há pouco mais de uma semana passou a ser o assunto mais comentado na cidade, o especialista explica que a federalização implica, principalmente, que os serviços de dragagem, ampliação de terminais, gestão de pátios, cais e armazéns passem a ser de responsabilidade do governo federal. “Por se tratar de um ente com mais capacidade orçamentária que o município, podem haver retomadas de investimentos e modernização da estrutura do Porto”, acrescenta.

 

“Muitas das autoridades que hoje alardeiam a defesa do Porto em nome da defesa dos interesses da cidade de Itajaí estavam completamente silenciadas quando a irresponsabilidade da gestão federal anterior fez o Porto agonizar e entrar em estado vegetativo. A grande maioria que se manifesta efusivamente hoje o faz pelo mero oportunismo político, explorando o factoide de ocasião para manter inflada sua base eleitoral”, Daniel da Cunda Corrêa da Silva.

 

Para Daniel, o grande problema do episódio da federalização não foi o ato em si, mas a sua condução. “Não houve qualquer debate público de mais fôlego, qualquer reflexão mais estratégica, nenhum estudo que discutisse publicamente os impactos da medida para a cidade de Itajaí. Tampouco houve uma discussão republicana sobre as formas de compensação aos impactos da medida para o município, que simplesmente teve a administração portuária tomada de assalto quando a expectativa era pela retomada da arrecadação com as atividades portuárias”, pontua.

Intempestividade

O professor acrescenta que diante da intempestividade, o governo federal não organizou estrategicamente a criação de uma autoridade portuária vinculada a Itajaí, tendo que recorrer à Codesp para assumir a gestão e diz que a municipalização era uma vitória do município de Itajaí que estava prestes a completar 30 anos em 2025. No entanto, acredita que a distância geográfica do Porto de Santos, que assume a gestão do Porto de Itajaí a partir de 1º de janeiro, não seja empecilho para a retomada da atividade portuária na margem direita da foz do rio Itajaí-Açu. 

Daniel concorda que existem problemas com a transferência da gestão para a Autoridade Portuária de Santos, ainda que eles não tenham a ver com questões como distância e outros argumentos igualmente superficiais. “Mas é preciso registrar que o perfil das cargas operadas em Itajaí não é o mesmo que se movimenta em Santos e a infraestrutura logística e as características regionais também não são as mesmas. Isto tende a gerar um custo de transação mais alto e uma curva de aprendizagem mais longa até que as operações atinjam algum grau de normalidade”, destaca. 

Para Daniel, também pesam, neste sentido, as políticas de austeridade fiscal e restrição orçamentária, que podem colocar em xeque a capacidade de investimento federal na modernização do Porto. “Por conta disso, não se descarta que a federalização na verdade seja um atalho para o próprio processo de privatização do porto”, arremata.

 

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