Após asfalto afundar em Ribeirão Preto, engenheiro aponta má qualidade e falta de técnica de recapeamento


Em uma semana, dois casos de caminhões que afundaram em dois pontos diferentes chamaram a atenção para problema. Secretaria de Infraestrutura diz que serviços são feitos com base em critérios exigidos por lei. Após afundamento de asfalto, especialista avalia qualidade do material em Ribeirão Preto
Dois casos em que o asfalto afundou em dois pontos diferentes em Ribeirão Preto (SP) nas últimas semanas chamaram a atenção para a qualidade dos serviços de pavimentação na cidade.
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A convite da EPTV, afiliada da TV Globo, o engenheiro civil José Roberto Romero foi até o local onde, na terça-feira (17), um caminhão ficou preso após o pavimento ceder, na Rua Alfredo Mantovani, Jardim Califórnia.
Caminhão ficou içado por cabo de aço ligado a guincho para não cai em buraco provocado por asfalto que cedeu em Ribeirão Preto, SP
Reprodução/EPTV
A patola, que é a estrutura de ferro usada para o apoio de carretas estacionadas, caiu e o veículo tombou, atingindo um poste. O caminhão só não tombou de vez, porque um cabo de aço foi içado a um guincho.
“O pavimento não tem estrutura. Foi só feita uma capa por cima e não teve estrutura de base ou sub-base para suportar uma carga”, diz Romero.
Patola, que é estrutura que apoia caminhões quando estacionados, afundou em asfalto em Ribeirão Preto, SP
Reprodução/EPTV
Ainda segundo ele, além da má qualidade do asfalto que, em condições normais, deveria suportar a carreta, houve também o mal uso do apoio.
“Se tivesse distribuído esta carga em um pedaço de madeira, onde tivesse uma distribuição da tensão, poderia até ser que não tivesse acontecido isso, mas não pode garantir, porque a estrutura do asfalto não está condizente com uma rua de tráfego pesado”.
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Segundo moradores próximos ao local onde o asfalto cedeu, a rua passou por recapeamento pacial há cerca de quatro meses. As marcas do remendo estão no chão e este é mais um ponto que, segundo o engenheiro, precisa ser considerado.
“Está encharcada, não tem uma drenagem suficiente. Você pode ver que a sarjeta está completamente destruída, então tudo isso contribui”.
Engenheiro civil aponta má qualidade do asfalto em Ribeirão Preto, SP
Reprodução/EPTV
Próximo ao Jardim Califórnia, um problema parecido aconteceu há uma semana. Uma rua do Jardim São Luiz está passando por reparos após um caminhão carregado de terra tombar porque o asfalto também não suportou o peso do veículo.
À EPTV, a Prefeitura de Ribeirão Preto disse que avalia o problema no Jardim Califórnia e deve concluir o serviço no Jardim São Luiz nos próximos dias.
O caso no Jardim São Luiz aconteceu no dia 11 de dezembro. As rodas traseiras foram parar no buraco e o motorista, João Antônio Batista, teve prejuízo.
“Vim três vezes. A quarta vez, afundou o caminhão, ficou um pneu pra dentro, já não deu pra ir mais. É o asfalto que é ruim”.
Asfalto cedeu e roda de caminhão ficou presa no Jardim São Luiz, em Ribeirão Preto, SP
Reprodução/EPTV
Serviço de recapeamento não acompanhou evolução
No São Luiz, existem diversas reclamações sobre o asfalto e Romero avaliou que a camada de asfalto no trecho é extremamente fina.
Ainda segundo o engenheiro, o produto e a técnica do serviço de recapeamento em Ribeirão Preto não acompanharam as evoluções do setor nos últimos anos.
“Esse pavimento deve ter muitos anos e o número de veículos que transitavam anteriormente era muito menor. Hoje, as cargas são muito grande, hoje tem caminhões que são bem mais pesados e transportam muito mais carga. Tem de ter uma evolução”.
Especialista apontam asfalto de má qualidade em Ribeirão Preto, SP
Reprodução/EPTV
No ano passado, um trecho da Avenida Independência chegou a ser interditado por sete vezes para reparos após crateras abrirem repetidamente. A obra de reparação deixou um desnível no local, o que exige atenção em dobro de motoristas e motociclistas.
À EPTV, o engenheiro civil disse que o necessário é um trabalho de prevenção na pavimentação da cidade.
“São alguns ensaios tipo raio-x, que você vê o que tem pra baixo. Tem o deflectômetro, que é um aparelho portátil, e tem a Viga Benkelman. Você fazendo esse tipo de ensaio, sabe o que tem de colocar em cima pra ter o suporte condizente com o tráfico”.
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Infraestrutura diz que serviços de recapeamento e tapa-buracos são feitos com base em critérios técnicos, que atendem as exigências da lei e que sempre busca melhorar a qualidade dos materiais utilizados.
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