Alta nos preços faz ceia de Natal ficar 9,16% mais cara em 2024

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Por Camila Coimbra
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A ceia de Natal é um dos momentos mais aguardados do ano, reunindo familiares e amigos ao redor da mesa para compartilhar pratos que remetem a afeto e celebração. Com a alta das carnes nos últimos meses, a cesta dos produtos que compõem a ceia de Natal ficou 9,16% mais cara em 2024. Conforme a prévia do levantamento da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), o lombo de porco registrou aumento de 19,72%, seguido pelo pernil (17,80%), filé mignon (16,87%) e picanha (14,94%).

Apesar do aumento expressivo das carnes, que têm grande peso nos gastos dos brasileiros devido aos churrascos de fim de ano, o vilão da ceia deste ano é o azeite de oliva. O item, tradicional da gastronomia italiana, teve elevação de 21,30%, superando os cortes bovinos.

De acordo com Ian Araújo Lopes, economista e assessor de investimentos na Valor Investimentos, os fatores econômicos que impulsionaram os preços incluem a desvalorização cambial do real frente ao dólar, que encarece insumos importados e, consequentemente, eleva os custos de produção. “Vale ressaltar também a demanda aquecida devido à época do ano. Produtos típicos da ceia de Natal têm uma procura natural mais intensa, o que faz os preços subirem”, explica Ian.

O cenário reflete diretamente no bolso dos consumidores. Segundo o IPC (Índice de Preços ao Consumidor), da segunda quadrissemana de dezembro de 2023 em relação à segunda quadrissemana de novembro de 2024, o preço médio da cesta natalina subiu para R$ 439,30, contra os R$ 402,45 registrados no mesmo período do ano passado. A pesquisa avaliou 15 produtos tradicionais da ceia e 11 outros itens natalinos.

Na média, o aumento supera a inflação acumulada do ano e dos últimos 12 meses. Segundo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), a inflação oficial medida pelo IBGE acumulou 4,76% nos últimos 12 meses até outubro, enquanto os cortes de carne, especificamente, tiveram alta de 5,81%, o maior patamar desde novembro de 2020.

Sobre a relação entre a inflação oficial e o aumento nos preços dos itens da ceia, Ian destaca que esses produtos sofreram reajustes superiores à média devido aos fatores já citados, além de questões sazonais. “A sazonalidade intensifica a demanda e pressiona os preços nesse período festivo”, pontua.

A expectativa para os próximos meses também não é otimista. Ian afirma que não há previsão de estabilização ou redução nos preços das carnes. “A tendência é de alta, considerando o cenário econômico interno e externo que estamos vivendo. A alta demanda interna, somada à exportação, impulsiona os preços”, diz o economista.

Além disso, a valorização do dólar, que atualmente ronda os R$ 6, tem grande impacto. “Com o dólar mais alto, as vendas externas se tornam mais lucrativas para o produtor. Isso reduz a oferta no mercado interno e acaba pressionando ainda mais os preços para cima”, explica Ian.

Diante do aumento significativo dos preços, a nutricionista Paula sugere algumas alternativas para substituir alimentos tradicionais da ceia de Natal por opções mais acessíveis e saudáveis, sem perder o sabor característico da celebração. “É possível trocar pratos mais caros por alternativas como frango assado recheado com farofa, que é mais econômico e igualmente saboroso”, recomenda.

Outra sugestão é incluir frutas no cardápio, tanto como parte das refeições quanto nas sobremesas. “Um mousse ou uma sobremesa com pedaços de frutas é uma excelente opção, pois é mais saudável e também ajuda a economizar. Outra ideia é transformar carnes mais caras em tortas, o que permite uma maior economia e rende uma refeição com maior volume”, explica Paula.

Para os acompanhamentos, o arroz pode ser incrementado com ingredientes como uvas-passas ou, para quem não gosta, cenoura ralada ou em cubos. “Essas adições tornam o prato mais nutritivo, rico em fibras e ajudam no controle da glicose no sangue, melhorando o valor nutricional da refeição.”

Nas sobremesas, Paula destaca a importância de utilizar frutas variadas, com pelo menos três cores diferentes, para garantir uma maior diversidade de nutrientes. Além de consumi-las in natura, é possível preparar sorvetes congelados ou mousses com essas frutas. “Outra maneira de enriquecer a ceia é incluir oleaginosas, como castanhas. Apesar de serem caras, podem ser utilizadas em pequenas porções, o que já é suficiente para fornecer gorduras boas e agregar valor nutricional ao prato”, complementa.

Com essas substituições, é possível preparar uma ceia saborosa, equilibrada e mais acessível, atendendo ao paladar e à saúde de todos os participantes da celebração.

Para quem deseja economizar, a recomendação é antecipar as compras. Segundo a Fipe, itens tradicionais, como peru, pernil, lombo e chester, devem sofrer reajustes adicionais à medida que o Natal se aproxima.

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