Distrito Federal registra aumento de casos de sífilis

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Entre 2019 e 2023, o Distrito Federal registrou um aumento de 63% nos casos de sífilis em pessoas entre os 20 e 29 anos. No período, foram 12.639 casos de sífilis adquirida, 4.966 casos de sífilis em gestantes e 1.604 casos de sífilis congênita em menores de um ano, incluindo abortos e natimortos, segundo dados do Ministério da Saúde. As regiões administrativas com maior índice são o Varjão, Paranoá e Brazlândia.

Causada pela bactéria Treponema pallidum, a sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST), curável e com tratamento disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A transmissão adquirida se dá por contato sexual ou pelo contato com as lesões causadas pela doença. Ela também pode ser transmitida para o feto de uma pessoa gestante com sífilis não tratada ou tratada de forma não adequada.

Conforme o relatório, ao longo desses quatro anos foram registrados 19 óbitos em menores de um ano de idade infectados por sífilis congênita – quando a gestante transmite a infecção para o feto. O aumento nos casos no Distrito Federal destacou-se, sobretudo, entre 2022 e 2023, com um crescimento de 61,3% de pessoas diagnosticadas.

“Esse crescimento é atribuído, principalmente, à redução no uso de preservativos como medida preventiva contra Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). A falta de informação sobre a persistência da doença também contribui para o aumento do número de casos. Muitas pessoas acreditam erroneamente que a sífilis é uma doença erradicada, o que dificulta a conscientização”, informou a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES/DF).

Ainda segundo a Secretaria de Saúde, nos últimos anos a pasta já havia identificado um aumento gradual nos casos de sífilis. Um crescimento observado no Brasil e no mundo, que tem gerado preocupação entre as autoridades sanitárias.

“Para enfrentar esse desafio, a SES realiza ações preventivas, como a distribuição de preservativos e gel lubrificante em eventos de massa. Também são promovidas estratégias de testagem itinerante em parceria com campanhas de vacinação, visando identificar precocemente os casos, já que o primeiro passo para controlar a sífilis é o diagnóstico. Todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) do DF oferecem testes rápidos, tratamento com penicilina e disponibilizam preservativos internos, externos e gel lubrificante, reforçando a rede de assistência para a população”, explicou a pasta.

Existem seis estágios da infecção (recente, tardia, primária, secundária, latente e terciária), contudo, com o tempo a transmissibilidade da doença diminui, sendo maior nos estágios iniciais (primária e secundária). Embora a capacidade de transmissão diminua com o avanço da infecção, caso a IST não seja tratada, ela pode causar complicações graves como cegueira, problemas cardíacos, lesões neurológicas, paralisia e até mesmo a morte.

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Foto: Breno Esaki/Agência Saúde DF

Nas fases iniciais, surgem pequenas feridas e caroços na virilha e essas lesões não causam coceira ou dor. Por esse motivo, a recomendação do Ministério da Saúde é para a realização periódica de testes para quem tem a vida sexual ativa. Caso não tratada, após um período a ferida cicatriza e podem surgir manchas no corpo, mal-estar, dor de cabeça, ínguas e febre.

Os testes são feitos de forma gratuita e prática nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) por meio da coleta de uma gota de sangue na ponta do dedo e, em até 30 minutos, o resultado fica disponível. Quando o resultado dá positivo neste teste, uma amostra de sangue da pessoa será coletada e encaminhada para um teste laboratorial para a conclusão do diagnóstico. No caso de uma pessoa gestante, o primeiro resultado já é suficiente para iniciar o tratamento, tendo em vista o risco de transmissão para o feto. O tratamento da sífilis é feito por aplicação de benzetacil, que pode ser solicitada em UBS.

O médico infectologista César Omar Carranza Tamayo, professor de Medicina na Universidade Católica de Brasília, atribui o crescimento dos casos a uma série de fatores. Entre elas, a popularização do acesso aos testes práticos na rede pública, o que leva a um aumento do diagnóstico. “Também observo que têm diminuído as campanhas educativas e isso pode ter levado também a um aumento de casos. Então, são causas multifatoriais as que levaram a esse aumento da sífilis nesse período”, explicou.

De acordo com o infectologista, campanhas educativas continuadas e ampliadas sobre a importância do uso de preservativos e a realização de testes regulares, para faixas etárias da adolescência até a terceira idade, podem contribuir para a prevenção da sífilis.

“Os pacientes que eu atendo tanto na rede pública quanto na privada na maior parte vêm num estágio que chamamos de sífilis latente. Então são pacientes que têm alguns poucos sintomas, algumas lesões de pele, às vezes, eles não chegam normalmente no primeiro estágio, quando é mais fácil de tratar a doença. A sífilis pode ser uma doença grave quando ela não for tratada adequadamente”, relatou o médico. No consultório de César, na rede pública e na privada, o perfil de pacientes mais comuns com sífilis são homens e mulheres entre 20 e 40 anos.

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