Ciência e inspiração por histórias 

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Um livro com 15 histórias inspiradoras de pesquisadoras científicas ligadas ao Distrito Federal foi lançado pela Fundação Oswaldo Cruz – Distrito Federal (Fiocruz Brasília), no dia em que o órgão completou 48 anos, nesta sexta-feira (25). A autoria dos textos e desenhos incluídos na obra ‘Histórias no DF para Inspirar Futuras Cientistas’ é de alunos do 6º ao 9º ano da rede pública de ensino do DF. Após o lançamento, o próximo passo é envolver a população no engajamento com os 15 contos com uma votação popular que acontecerá no dia 5 de novembro nas redes sociais da instituição.  

A jornalista Fernanda Marques foi a coordenadora responsável pelo projeto Histórias no DF, contou que a grande potência do projeto é essa a capacidade multiplicadora que ele carrega. O projeto foi inspirado em um livro semelhante que surgiu no Rio de Janeiro. “Da mesma forma que esse livro inspirou tanta gente, nós queremos que o nosso produto também inspire pessoas de todos os outros lugares”. Este livro, para Fernanda, é uma forma de lembrar a importância da Ciência e o motivo de se fazer pesquisa. “O fundamental é a Ciência ser feita para a sociedade, melhor ainda, fazer a Ciência com a sociedade e esses momentos fazem com que nós não esqueçamos que esse é o nosso norte”. 

Foram selecionados por um júri técnico 15 trabalhos para a coletânea de textos que compõem o livro. As crianças escolheram as pesquisadoras que teriam as histórias contadas. Para Fernanda, o ponto de vista dos estudantes nesse projeto foi essencial, porque elas também escolheram qual a forma que iriam contar essas narrativas. 

A próxima etapa, após o lançamento do livro, se trata de um júri popular com uma votação na internet. “Nós vamos divulgar os 15 trabalhos para engajar cada vez mais a sociedade para premiar os três trabalhos mais votados”. 

As histórias contadas pelos alunos, tiveram a ajuda de professores que foram orientadores desses trabalhos. Na votação popular, os professores dos três trabalhos mais votados vão ganhar uma viagem para o Rio de Janeiro, para conhecer o Museu da Vida e a sede na Fiocruz. Já os estudantes que ganharem mais votos do júri popular, vão ganhar uma bolsa de R$ 300 mensais para participar de seis meses de atividades de divulgação científica, que incluem encontros sobre o papel das mulheres na ciência e visitas a acervos.

Um futuro volume da série “Histórias no DF para Inspirar Futuras Cientistas” também vai ter a participação dos ganhadores. As escolas dos trabalhos mais votados também vão realizar uma atividade de Divulgação Científica, em parceria com a Fiocruz Brasília.

Homenagem a pesquisadoras 

A doutora em direito Manuellita Hermes foi uma das pesquisadoras que tiveram a história contada na obra e teve uma grande surpresa quando foi convidada para o lançamento do livro. A pesquisadora não sabia que teria sua história narrada por alunas do DF.  “Me senti muito honrada. Parabenizo a Fiocruz. Parabenizo, no meu caso, a professora Elaine, que foi quem participou do projeto com as três meninas que me descobriram”. Depois de ler o que as alunas fizeram, Manuellita afirmou que a narrativa está muito fidedigna na vivência dela. “O desenho também, a minha figura, está maravilhosa. Eu só tenho a agradecer e incentivar esse tipo de iniciativa, porque tira as mulheres da invisibilidade”. 

Infelizmente, embora haja muitas mulheres exitosas em todos os campos do saber e da ciência, Manuellita apontou que essas histórias ainda precisam chegar sobretudo à juventude do país para que os jovens tenham um futuro melhor. A pesquisadora espera que esse livro ajude os alunos e alunas a acreditar no estudo como ferramenta de transformação. “Eu venho de uma família que conseguiu alcançar outros níveis sociais e econômicos através dos estudos. E agora sinto que estou colhendo os frutos de toda a dedicação à pesquisa e a ciencia”. 

As estudantes do 9º  ano do Centro de Ensino Fundamental 8 do Guará II, Ana Clara Silva Almeida, 15 anos, Thayla Ferreira Nunes, 15 anos, Ester Souza Siqueira, 15 anos, foram as autoras do conto que homenageou Manuelitta no livro. “Nós gostamos bastante da história e da pessoa que a Manoelita é. Uma mulher guerreira e que luta diariamente pelas mulheres”, destacou Ester. O fato de que Manuelitta é uma mulher negra também foi algo muito representativo para o trio. “Vou levar para a vida a mensagem de nunca desistir, principalmente pelo histórico de Manuelitta de defender as mulheres nos lugares onde elas não são reconhecidas”, completou Ester. 

Ester considera que foi surpreendente ver a história que o trio escreveu publicada. “Porque eu nunca imaginei que o que a gente tinha feito ia ser bom o suficiente para estar em um livro”. Para Ana Clara, foi definitivamente estranho e diferente. “É uma sensação boa, mas a gente não esperava ir tão longe”. Tanto Ana Clara, como Thayla e Ester, vão levar para a carreira que querem seguir, o que aprenderam ao participarem do projeto. 

Celebração e união

O livro foi lançado na última sexta feira (25) mas ao longo da próxima semana já vai estar disponível nas plataformas digitais. Essa iniciativa da Fiocruz Brasília contou com o apoio da Secretaria de Educação do DF. A publicação também se alinha à agenda da Fiocruz de promover a equidade de gênero na ciência, valorizando o papel dos professores na formação de futuros cientistas, como disse a  diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damasio. A instituição está comemorando 48 anos e esse lançamento representa um encontro intergeracional, onde mulheres pesquisadoras foram escolhidas por alunas do DF para que suas histórias chegassem a mais pessoas. “O espaço escolar é onde nós defendemos muito e dialogamos para a construção da agenda de pesquisa para despertar nas meninas o interesse pela ciência”. 

Fabiana ressalta que o livro veio também para reconhecer e dar visibilidade à ciência que vem sendo construída no Distrito Federal. “E nós queremos criar cada vez mais, ações de equidade na ciência de forma coletiva, colaborativa e participativa”. Ao todo, foram submetidas 23 diferentes produções e dez profissionais de diversas instituições de pesquisa, além da Fiocruz Brasília, avaliaram os trabalhos.  

Saiba mais:

Para saber mais sobre o júri popular e o livro Histórias no DF para Inspirar Futuras Cientistas basta visitar o Instagram da Fiocruz Brasília: @fiocruzbrasilia  

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