PM que joga uma pessoa da ponte não está “à altura de usar farda”, diz Tarcísio

Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos)Rovena Rosa/Agência Brasil – 16/10/2023

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, disse nesta terça-feira (3), em seu perfil no X (antigo Twitter), que o policial militar que comete violência “não está à altura de usar essa farda”.

Tarcísio se referiu à ação do policial militar que jogou um homem do alto de uma ponte e à do agente que executou um jovem negro pelas costas.

“A Polícia Militar de São Paulo é uma instituição que preza, acima de tudo, pelo seu profissionalismo na hora de proteger as pessoas. Policial está na rua pra enfrentar o crime e pra fazer com que as pessoas se sintam seguras. Aquele que atira pelas costas, aquele que chega ao absurdo de jogar uma pessoa da ponte, evidentemente não está à altura de usar essa farda. Esses casos serão investigados e rigorosamente punidos. Além disso, outras providências serão tomadas em breve”, escreveu o governador.

PMs afastados

O secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite também se manifestou sobre os episódios recentes.

“Anos de legado da PM não podem ser manchados por condutas antiprofissionais. Policial não atira pelas costas em um furto sem ameaça à vida e não arremessa ninguém pelo muro. Pelos bons policiais que não devem carregar fardo de irresponsabilidade de alguns, haverá severa punição”, escreveu no X.

O secretário também publicou um vídeo informando que ordenou o afastamento imediato dos PMs envolvidos no caso do homem atirado da ponte. A partir desta terça, eles cumprirão expediente administrativo na Corregedoria da Polícia Militar até o fim das investigações.

Jovem executado

Gabriel Renan da Silva Soares, de 26 anos, foi executado com 11 tiros nas costas pelo policial militar Vinicius de Lima Britto em frente ao mercado Oxxo, no bairro Jardim Prudência, na Zona Sul de São Paulo, em 3 de novembro.

Gabriel é acusado de roubar quatro pacotes de sabão. Ele escorregou enquanto fugia do estabelecimento e caiu no estacionamento. O policial militar, que estava no caixa, saiu e atirou 11 vezes contra as costas do jovem, que morreu no chão do estacionamento.

Na delegacia, o PM disse que Gabriel estava armado e com a mão no bolso do moletom, e por isso atirouem legítima defesa. Entretanto, não é o que as imagens mostram.

“Está comprovado que a gente estava certo e ele mentiu em depoimento, porque ele diz que apresentou voz de prisão. Porém, quando ele [Gabriel] escorrega, ele já saiu atirando […] Ele é um assassino”, afirma a advogada da família Fatima Taddeo.

Vinicius foi afastado de suas funções, informou a Secretaria da Segurança Pública. O caso é investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Homem atirado no rio

Quatro policiais militares foram flagrados jogando um homem de uma ponte no bairro Vila Clara, localizado na Zona Sul em São Paulo, na madrugada desta segunda-feira (2). De acordo com a Corregedoria da Polícia Militar, treze agentes envolvidos direta ou indiretamente no episódio já foram identificados e afastados.

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra um dos agentes levantando uma moto que está no chão. Em seguida, outros dois militares se aproximam. Então, um quarto agente aparece segurando o homem, que seria o motociclista abordado, pela camiseta. Em seguida, ele se aproxima da ponte e joga o homem no rio.

Segundo a Polícia Militar , os agentes seriam do 24º BPM de Diadema, na Grande São Paulo, e teriam perseguido a moto até a Zona Sul de São Paulo, na Cidade Ademar.

Violência policial em São Paulo

Durante a gestão Tarcísio de Freitas, as mortes cometidas por policiais militares no estado de São Paulo cresceram em 46% até 17 de novembro deste ano em comparação a 2023, conforme o Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial, do Ministério Público.

É o segundo ano consecutivo de aumento de mortes praticadas por PMs. Tanto neste ano quanto no ano passado, a Polícia Militar realizou ações na Baixada Santista que foram consideradas as mais letais no estado desde o massacre do Carandiru, com 56 mortos, em 2024, e 28, em 2023.

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