Nunes e Boulos priorizam zona sul e ignoram distritos onde Marçal ganhou

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MARCOS HERMANSON E IRAPUAN CAMPOS
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Adversários no segundo turno das eleições para a Prefeitura de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) usaram suas agendas de rua para disputar eleitores da zona sul (veja mapa abaixo).

Candidato à reeleição, Nunes reduziu atividades ao ar livre e correu uma maratona de cultos religiosos -uma em cada quatro agendas. Como vinha fazendo desde que caiu nas pesquisas, em agosto, ele grudou no governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Quando foi à rua, o prefeito concentrou sua agenda em distritos da região sul que lhe deram vitória no primeiro turno, como Grajaú e Socorro. O candidato à reeleição também visitou Perus e Jaraguá, onde seu adversário, Guilherme Boulos, teve vitória apertada.

O candidato do PSOL manteve a estratégia do primeiro turno e concentrou sua ação em caminhadas, carreatas e debates na rua com indecisos -uma inovação da reta final, assim como a ideia de dormir na casa de eleitores.

Boulos se concentrou na zona sul e focou as regiões em que foi derrotado, como Santo Amaro, Pedreira, Cidade Ademar, Parelheiros e Grajaú. Para tentar ampliar votos, voltou ao extremo da leste, região onde venceu no primeiro turno.

O cinturão de distritos da zona leste que deu vitória a Marçal no dia 6 de outubro -Mooca, Penha, Tatuapé e Vila Formosa, entre outros- foi ignorado pelos dois candidatos.

A situação é mais confortável para Nunes, que herda 74% dos votos do ex-coach, segundo o Datafolha. Com 11% de preferência desses eleitores, Boulos emulou um pouco do estilo do empresário, com terno, microfone de lapela e boné.

Além disso, ele participou de uma sabatina conduzida por Marçal nesta sexta-feira. Mais de 400 mil pessoas assistiram simultaneamente a transmissão no Youtube. O atual prefeito foi convidado e declinou.

A campanha no segundo turno foi impactada pela chuva na cidade de São Paulo. Os candidatos alteraram agendas e cancelaram uma série de atividades para visitar áreas sem luz ou atingidas por quedas de árvores.

O tema dominou o debate eleitoral por alguns dias -o deputado acusou responsabilidade da Prefeitura, e o prefeito apontou o dedo para o governo Lula.

No placar final, Boulos e Nunes fizeram número parecido de atividades na rua. Foram 133 agendas do prefeito contra 127 do deputado federal, contando primeiro e segundo turnos. A zona sul foi a região mais visitada pelos dois candidatos, com 78 agendas no total.

A Folha se baseou nos comunicados diários das candidaturas à imprensa para contar e localizar geograficamente os compromissos de rua dos candidatos à Prefeitura de São Paulo. Foram consideradas caminhadas, carreatas, cultos, encontros com lideranças e com empresários realizados entre 16 de agosto e 24 de outubro.

Agendas diferentes no mesmo dia, mas com localizações muito próximas -um encontro com lideranças seguido de caminhada, por exemplo- foram contabilizadas como uma só atividade. A contagem também desconsiderou sabatinas e entrevistas.

NUNES GRUDOU EM TARCÍSIO, E BOULOS DEU AZAR COM LULA

Como aconteceu no primeiro turno, Ricardo Nunes (MDB) grudou no governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) nas semanas finais da campanha. Foram quatro agendas com o padrinho no segundo turno, e 21 no total, entre cultos religiosos, encontros com empresários e caminhadas de rua.

Foi na última semana de campanha que o emedebista teve o seu primeiro evento oficial com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que apoiou timidamente a candidatura que tem um nome do PL, seu partido, como vice. Nunes esteve com o ex-presidente em um um almoço numa churrascaria do Morumbi.

Já Guilherme Boulos deu azar com o presidente Lula (PT), que é o principal fiador da sua campanha. Duas caminhadas agendadas para o sábado (19) foram desmarcadas em função da chuva que atingiu a cidade.

Logo no dia seguinte, Lula caiu e bateu a cabeça, o que impossibilitará sua vinda a São Paulo para o fim de semana da eleição.

Para substitui-lo, entrou em campo o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que havia apoiado a correligionária Tábata Amaral no primeiro turno. O ex-tucano participou de um ato com Boulos e dividiu com ele um sanduíche na lanchonete Estadão, no centro da cidade.

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