Polvos perdem mais calorias mudando de cor do que humanos em uma corrida de 23 minutos 

Um estudo realizado por pesquisadores dos Estados Unidos apontou que os polvos perdem mais calorias ao trocar de cor, do que humanos em uma corrida de 23 minutos. Pela primeira vez, os biólogos conseguiram medir o custo energético da função de disfarce dos animais.

Polvo nadando em mar da cor azul claro

Polvos perdem mais calorias mudando de cor do que humanos em corrida de 30 minutos  – Foto: Envato/Reprodução ND

O autor chefe da pesquisa, Kirt Onthank, explicou ao Live Science que toda a adaptação animal traz benefícios, mas também custos.

Biólogo marinho e professor de biologia na Universidade Walla Walla, em Washington, ele destacou que a descoberta ajuda a compreender melhor os tipos de compensações que esses animais possuem ao permanecerem escondidos.

Os polvos, assim como outros cefalópodes, possuem pequenos órgãos na pele, chamados cromatóforos, que nada mais é que um pequeno saco elástico de pigmento, com raios de músculos presos a ele.

“Quando os músculos estão relaxados, o saco de pigmento é colapsado em um pequeno ponto que geralmente é pequeno demais para ser visto. Quando os músculos se contraem, eles esticam esse saco de pigmento sobre um pequeno pedaço de pele, e a cor interna pode ser vista”, explicou Onthank.

“Os polvos têm 230 cromatóforos por milímetro quadrado em sua pele. Para colocar isso em contexto, um monitor de laptop 4K de 13 polegadas tem cerca de 180 pixels por milímetro quadrado”, completou.

Animal em fundo preto em tons de azul por causa da luz

Pesquisa identificou qual a quantidade de energia que os polvos gastam ao mudar de cor – Foto: Envato/Reprodução ND

Como os polvos mudam de cor

O biólogo explicou como esses animais fazem para mudar de cor, sendo utilizados milhares de músculos minúsculos nesses órgãos semelhantes a pixels, que se contraem.

“Ao controlar cada um desses cromatóforos com seu sistema nervoso, eles podem criar camuflagens ou exibições muito elaboradas e impressionantes”, disse.

O novo estudo foi publicado em 18 de novembro, no periódico PNAS. A pesquisa foi conduzida junto a primeira autora, Sofie Sonner, durante sua tese de mestrado na Walla Walla University.

Ao todo, foram coletadas amostras de pele de 17 polvos rubis (Octopus rubescens), sendo medido o consumo de oxigênio durante a expansão e contração do cromatóforo. Em seguida, os pesquisadores compararam isso com a taxa metabólica de repouso de cada polvo.

Polvo costumam mudar de cor para se esconder

Pesquisa identificou qual porcentagem de gasto de energia dos polvos – Foto: Envato/Reprodução ND

Segundo estudo, o polvo médio usou cerca de 219 micromoles de oxigênio por hora para mudar completamente de cor, aproximadamente a mesma quantidade de energia que ele usa para realizar todas as outras funções corporais quando em repouso.

Ao ampliar os cálculos para corresponder à área de superfície humana, Onthank afirmou que, se nossa espécie tivesse pele de polvo que muda de cor, queimaríamos cerca de 390 calorias extras por dia mudando de cor, quase o mesmo que completar uma corrida de 23 minutos.

Os pesquisadores esperam usar seu sistema para medir o gasto de energia em outras espécies de cefalópodes, bem como em polvos de águas profundas.

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