Unindo vozes e ações no Combate à violência contra a mulher

6.9. auxilio mulheres. foto vinicius de melo smdf3

Por Renata Bueno

No dia 25 de novembro, celebramos o Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher, uma data para nos lembrar de uma luta contínua e essencial para garantir um futuro onde nenhuma mulher seja vítima de abuso, seja ele físico, psicológico ou social. É um dia de reflexão e, acima de tudo, de ação.

Como advogada e defensora dos direitos humanos, tenho vivenciado de perto a complexidade desse problema, especialmente entre as comunidades ítalo-brasileiras. Um caso que marcou profundamente minha trajetória foi o recente caso do assassinato de Ana Cristina, uma jovem ítalo-brasileira brutalmente tirada de nós pelo próprio marido na Itália. Esse crime não é apenas uma tragédia familiar; ele simboliza a falência de um sistema que muitas vezes não protege as mulheres, mesmo quando sinais de perigo são evidentes.

Minha atuação nesse caso foi mais do que profissional, foi pessoal. Além de lutar pela justiça para Ana Cristina, ao representar sua família em processos legais, empenhei-me para garantir que seus filhos, agora órfãos, tenham segurança e apoio emocional. Esses três jovens são vítimas secundárias de um ciclo de violência que precisamos interromper urgentemente.

Diante da crescente violência doméstica, acredito na importância de ações práticas e campanhas de conscientização. Recentemente, tive o orgulho de participar da implementação da Campanha Sinal Vermelho entre Brasil e Itália. Este projeto inovador permite que vítimas de violência solicitem ajuda discretamente ao exibir um “X” vermelho na mão em farmácias e estabelecimentos credenciados.

Essa iniciativa não apenas cria um canal acessível para denúncias, mas também promove a conscientização em ambos os países. A parceria entre as nações demonstra como cooperação internacional é essencial para enfrentar um problema que não conhece fronteiras culturais ou geográficas.

No entanto, o combate à violência de gênero não se limita a medidas emergenciais. É crucial investir na educação de homens e mulheres para desconstruir padrões culturais que perpetuam o machismo e a desigualdade de gênero. Precisamos transformar a cultura que tolera abusos e reforçar o respeito às mulheres em todos os âmbitos da sociedade.

Na Itália e no Brasil, tenho trabalhado para fomentar políticas públicas que priorizem a prevenção, o acolhimento de vítimas e a punição efetiva dos agressores. O diálogo com escolas, empresas e comunidades é um pilar indispensável nesse processo.

É importante unirmos nessa causa. Não basta nos indignarmos diante das estatísticas ou dos casos que ganham notoriedade. Precisamos agir, seja apoiando iniciativas como o Sinal Vermelho, promovendo debates sobre o tema, ou simplesmente oferecendo apoio a uma amiga, vizinha ou colega que possa estar em situação de risco.

A violência contra a mulher não é um problema individual, mas um desafio coletivo. Cada passo dado, cada ação implementada e cada voz levantada contribuem para um futuro mais seguro e igualitário.

Como mulher, mãe e profissional, reafirmo meu compromisso de lutar até que possamos viver em um mundo onde o respeito e a dignidade sejam uma realidade para todas.

Renata Bueno é uma parlamentar ítalo-brasileira nascida em 1979 em Brasília, DF, Brasil. Conhecida por seu envolvimento na política e na defesa dos direitos dos descendentes de italianos no Brasil. Renata Bueno foi eleita deputada federal em 2010, sendo a primeira mulher eleita pelo Partido Socialista Italiano (PSI) fora da Itália. Sua atuação política tem sido focada em temas relacionados à cidadania italiana, imigração, e fortalecimento dos laços entre Brasil e Itália. Ela é presidente da Associação pela Cidadania Italiana no Brasil e tem trabalhado para facilitar o processo de reconhecimento da cidadania italiana para descendentes de italianos no país. Além de parlamentar, Renata é advogada e empresária, com o Instituto Cidadania Italiana e Mozzarellart.
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