UFSC desenvolve método para detecção de febre amarela em animais silvestres

Pesquisadores do Laboratório Rona-Pitaluga, do Departamento de Biologia Celular, Embriologia e Genética (BEG) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), desenvolveram um método inovador para detectar a febre amarela em animais silvestres, que promete revolucionar a forma como a doença é monitorada no Brasil. O novo procedimento, publicado em setembro de 2024 na revista Scientific Reports, da editora Nature, é mais eficiente e reduz significativamente os custos de testagem.

Avanços na vigilância da febre amarela

A febre amarela tem registrado reemergências preocupantes no Brasil, com surtos e mais de 2.100 casos humanos desde 2002, apresentando uma taxa de mortalidade de cerca de 30% em casos graves. A doença tem se espalhado, afetando primatas não humanos e colocando em risco a saúde pública. Para conter a propagação do vírus, o Brasil adota uma vigilância sanitária focada em três frentes principais: a análise de casos humanos, o monitoramento dos vetores de transmissão (como mosquitos) e o acompanhamento das epizootias, ou surtos entre primatas silvestres.

No entanto, o diagnóstico dessas epizootias enfrenta grandes desafios, principalmente pela dependência de laboratórios de referência distantes, como a Fiocruz Paraná, localizada em Curitiba, que é a unidade mais próxima de Santa Catarina. Esse modelo dificulta o monitoramento rápido e eficaz em áreas mais remotas, onde o vírus pode estar se espalhando sem o devido acompanhamento.

A solução inovadora da UFSC

Com o objetivo de melhorar esse processo, o estudo da UFSC, realizado em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina (SES/SC) e a Fiocruz, propôs uma alternativa para o diagnóstico. O novo método utiliza a técnica de amplificação isotérmica mediada por loop (RT-LAMP), que já havia sido aplicada com sucesso em pesquisas anteriores, como no desenvolvimento de kits para detecção rápida do vírus da covid-19.

A principal vantagem do RT-LAMP sobre a técnica tradicional, o RT-qPCR, é o custo. Enquanto o RT-qPCR requer equipamentos caros, como termocicladores, que podem custar até R$ 100 mil, a metodologia RT-LAMP utiliza dispositivos que custam em torno de R$ 2 mil. Além disso, o novo método se mostrou extremamente eficiente, com 100% de eficácia e sensibilidade nas amostras de primatas do Sul de Santa Catarina, quando comparado aos métodos tradicionais de diagnóstico.

Benefícios para a saúde pública

Esse avanço representa um grande passo para a saúde pública no Brasil, pois permite uma detecção mais rápida e barata da febre amarela, principalmente em áreas onde o vírus pode se propagar sem a devida vigilância. A implementação dessa metodologia pode facilitar o monitoramento de surtos em tempo real, contribuindo para uma resposta mais ágil e eficaz no controle da doença, especialmente em regiões mais afastadas.

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