Projeto Recomeçar: Mulheres vítimas de violência doméstica passam por cirurgias plásticas reparadoras

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Por meio do Projeto Recomeçar, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) realiza cirurgias plásticas reparadoras em mulheres, crianças e adolescentes com sequelas causadas por atos de violência doméstica e familiar, cujos casos estão judicializados no Tribunal. A primeira mulher, que preferiu não ser identificada, a ser atendida pela iniciativa tem 46 anos e foi vítima de tentativa de feminicídio há cinco anos.

Na época, a mulher teve grande parte do corpo queimado pelo seu ex-companheiro. Ela sofreu queimaduras de 2º e 3º graus e passou 17 dias internada no Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), onde realizou duas cirurgias, antes de participar do projeto. Devido às sequelas do crime, a mulher perdeu o movimento de um dos braços.

Já no projeto, a mulher passou pelas primeiras cirurgias em dezembro de 2023, no colo e no peito. Depois, novo procedimento cirúrgico foi realizado em março deste ano, no braço. “O projeto tira as nossas sequelas e resgata a nossa autoestima. É um trabalho sério, os médicos são muito competentes e atenciosos. Eu recomendo bastante que as mulheres vítimas de algum tipo de agressão procurem esse serviço”, comentou a vítima de tentativa de feminicídio.

O Projeto Recomeçar funciona por meio da parceria entre o Núcleo Judiciário da Mulher (NJM), do TJDFT, e a Fundação IDEAH/SBCP. A iniciativa funciona da seguinte forma, os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra Mulher, Juizados Especiais Criminais, Tribunais do Júri, Varas Criminais e Vara de Crimes contra Crianças e Adolescentes fazem o levantamento das situações elegíveis para cirurgia reparadora e o NJM realiza o encaminhamento para a Fundação para avaliação médica.

De acordo com informações do TJDFT, no primeiro mutirão de avaliações, foram encaminhadas ao projeto 28 mulheres pelos juizados de violência doméstica e familiar e varas de natureza criminal do DF. Dessas, algumas não tiveram interesse em ser operadas, outras não receberam indicação cirúrgica e apenas duas foram selecionadas para intervenção restauradora.

Novas indicações de cirurgias plásticas reparadoras serão feitas pelos juizados e varas até março de 2025. As novas mulheres farão parte do segundo mutirão do projeto. “O Projeto Recomeçar, em parceria com a Fundação IDEAH/SBCP, objetiva assegurar a proteção integral às mulheres em situação de violência doméstica e familiar”, destacou a juíza coordenadora do NJM/TJDFT, Luciana Lopes Rocha.

A juíza enfatizou que a violência de gênero pode deixar marcas não só no corpo das vítimas, mas também tem impactos sobre a saúde mental, em razão do trauma vivenciado. “O projeto oportuniza abrir um novo caminho para que as vítimas possam ressignificar essa triste vivência, a fim de seguirem uma vida livre de qualquer forma de violência, por meio do apoio da ampla rede de proteção integrada com o Poder Judiciário, para realização de atendimentos multidisciplinares, atendendo, assim, as diretrizes da Lei Maria da Penha”, acrescentou Luciana.

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