Mensagem em celular de militar investigado por trama golpista cita ‘tanques prontos’

polícia federal

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

Em mensagem anexada pela Polícia Federal ao inquérito da trama golpista, um interlocutor do tenente-coronel Sérgio Cavaliere, um dos 37 indiciados na apuração, falou em tanques “prontos” ao se referir à Marinha.

A captura de tela da conversa foi compartilhado por Cavaliere com o ex-ajudante de ordens Mauro Cid em 4 de janeiro de 2023, três dias após a posse do presidente Lula (PT) e quatro antes dias antes dos ataques golpistas de 8 de janeiro. Naquela data, segundo a PF, os dois conversam sobre a possibilidade de que algo ainda pudesse ocorrer em termos de ruptura institucional.

“O Alte [almirante Almir] Garnier é PATRIOTA. Tinham tanques no arsenal prontos”, diz trecho do diálogo entre Cavaliere e uma pessoa identificada como “Riva”. Comandante da Marinha na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Garnier também foi indiciado pela PF.

Em reposta à mensagem, o interlocutor diz que o “01”, segundo a polícia uma referência a Bolsonaro, deveria ter “rompido” com a Marinha, que Exército e Aeronáutica iriam atrás.

De acordo com a PF, Riva encaminhou a Cavaliere o que seriam informações de uma reunião de Bolsonaro com seu então vice e hoje senador, Hamilton Mourão, e outros generais.

“Riva diz que Mourão negociou com outros generais a saída do Jair Bolsonaro, chamado de “01”, fazendo referência a tentativa de golpe de Estado no Peru. Em seguida, Riva diz que os militares rasgaram o documento que Jair Bolsonaro tinha assinado”, diz trecho do relatório final. Para os agentes federais, uma possível menção ao decreto de golpe de Estado.

Cavaliere, então, escreveu: “fomos covardes, na minha opinião”. Cid concordou, segundo o diálogo: “fomos todos. Do PR [presidente da República] e os Cmt F” -a PF anotou que “possivelmente uma abreviação para presidente da República e comandantes das Forças”.

Na sequência, mostra o diálogo reproduzido no inquérito, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro escreveu que “64 não precisou de ninguém assinar nada”.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.