Israel analisa acordo de cessar-fogo com Hezbollah e segue bombardeando o Líbano

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Israel prossegue, nesta terça-feira (26), com os bombardeios contra posições do Hezbollah no Líbano, enquanto o governo discute um eventual cessar-fogo com o movimento islamista pró-iraniano.

Após dois meses de guerra aberta, um novo ataque israelense contra um prédio que abrigava pessoas deslocadas em Beirute deixou pelo menos três mortos nesta terça-feira.

Paralelamente, Israel prosseguiu com os bombardeios massivos contra os subúrbios do sul da capital libanesa, onde o exército anunciou ter atingido “20 alvos terroristas” do Hezbollah, após convocar a população a evacuar.

O gabinete de segurança israelense está reunido nesta terça-feira, informou um funcionário do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu.

“Acreditamos que chegamos a um ponto em que estamos próximos”, afirmou por sua vez John Kirby, porta-voz da Casa Branca.

Segundo o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, Israel “não tem desculpa” para rejeitar um cessar-fogo. A ONU reiterou seu chamado a um “cessar-fogo permanente” no Líbano, Israel e também na Faixa de Gaza.

Por sua vez, os ministros das Relações Exteriores do G7 expressaram apoio a “um cessar-fogo imediato entre Israel e Hezbollah” após uma reunião nos arredores de Roma.

O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, advertiu que seu país agirá “com força” em caso de violação de um possível cessar-fogo.

A guerra, que começou em outubro de 2023 entre Israel e a Faixa de Gaza, se espalhou para o Líbano desde setembro.

Dezenas de milhares de civis precisaram se deslocar das regiões de fronteira do norte de Israel e do sul do Líbano.

– Túneis e foguetes –

Segundo o site americano Axios, o acordo é baseado em um projeto americano que prevê uma trégua de 60 dias, período em que o Hezbollah e o exército israelense se retirariam do sul do Líbano para permitir a entrada das tropas libanesas na região.

O Axios informou que o governo dos Estados Unidos teria dado garantias sobre seu apoio a ações militares israelenses em caso de atos hostis do Hezbollah.

A mediação é baseada na resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU que acabou com a guerra anterior entre Israel e o Hezbollah, em 2006, que estipula que apenas o exército libanês e as forças de manutenção da paz podem estar presentes na fronteira sul do Líbano.

Dorit Sison, uma mulher de 51 anos que mora no norte de Israel, teme um acordo como o de 2006 que, segundo ela, permitiria o “rearmamento” do Hezbollah. “Eles têm túneis, foguetes, toda munição possível”, disse.

Para Nahum Donita, morador de 60 anos de Tel Aviv, “está claro que não se pode confiar no Hezbollah, sempre mostraram isso. Mas, pior ainda, o governo israelense também não é confiável”.

Israel diz que pretende neutralizar o movimento xiita no sul do Líbano para dar segurança à fronteira e permitir o retorno de 60.000 moradores deslocados.

Segundo o Ministério da Saúde libanês, quase 3.800 pessoas morreram no país desde outubro de 2023, a maioria desde setembro.

Do lado israelense, 82 militares e 47 civis morreram em 13 meses.

– Guerra continua em Gaza –

O exército israelense também continua com os ataques contra a sitiada Faixa de Gaza, onde 11 pessoas morreram na madrugada desta terça-feira, segundo a Defesa Civil.

Com a chegada do inverno (hemisfério norte, verão no Brasil), milhares de deslocados tentam se proteger da chuva com recursos insignificantes.

“Tentamos tudo o que podemos para evitar que a água da chuva entre nas barracas para que as crianças não se molhem”, disse Ayman Siam, pai de uma família de refugiados no campo de Yarmuk, na Cidade de Gaza, no norte do território.

A guerra começou após o ataque sem precedentes do Hamas contra o Israel em 7 de outubro de 2023, que matou 1.207 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais, que inclui os reféns mortos.

A ofensiva israelense de represália em Gaza deixou pelo menos 44.249 mortos, a maioria civis, segundo os dados do Ministério da Saúde do território, considerados confiáveis pela ONU.

© Agence France-Presse

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