Ideal é a escola guardar o celular, não deixá-lo na mochila, diz autora de projeto de lei

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LAURA MATTOS
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Para colocar em prática o banimento dos celulares no ambiente escolar, aprovado na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), as escolas deverão se organizar para guardar os aparelhos, em vez de permitir que eles fiquem nas mochilas dos alunos.

Autora do projeto de lei aprovado por unanimidade na Alesp, Marina Helou (Rede) ressalta que o próprio texto propõe que os celulares sejam entregues pelos estudantes logo no início da primeira aula e devolvidos a eles somente na saída da escola.

“Já existem pesquisas que mostram que o celular, quando permanece na mochila, mesmo que desligado, é suficiente para distrair o aluno”, afirma a deputada à Folha.

“Sabemos que existem várias realidades e contextos diferentes nas escolas, especialmente, nas públicas”, diz Helou. “Por isso, entendemos que não caberia regular a forma de armazenamento por meio de uma lei, mas prevemos que a Seduc [Secretaria da Educação do Estado de São Paulo Educação] regulamente como se dará esse armazenamento, considerando as diferentes realidades das escolas estaduais.”

No caso das particulares, a tendência é a de que haja o recolhimento dos smartphones em caixas, que são armazenadas na sala da coordenação ou da diretoria, como vem sendo feito por uma série de colégios que já aderiram ao banimento.

A expectativa é de que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) sancione a lei nesta semana. Nas redes sociais, há um movimento para que a sanção do projeto seja rápida e na íntegra. A campanha conta com mais de mil assinaturas, segundo Helou, entre elas as da atriz Samara Felippo, da cineasta Laís Bodanzky e dos pediatras Daniel Becker e Paulo Telles. A escritora Tati Bernardi e a psicanalista Vera Iaconelli, colunistas da Folha, também assinam.

O texto do projeto de lei foi previamente debatido com interlocutores da Educação e da Casa Civil do governo Tarcísio, com a intenção de que pontos essenciais, como a proibição nos recreios e intervalos, fosse mantida pelo governador na sanção.

“Essa proibição no recreio e nos intervalos é o que dá sentido ao banimento na escola, pois possibilita às crianças e aos adolescentes um tempo importante do seu dia para desenvolver uma série de habilidades socioemocionais que não são desenvolvidas quando eles estão ligados na tela dos smartphones”, afirma Helou.

A deputada tem a expectativa de que a regulamentação preveja que a organização das escolas para o banimento dos celulares aconteça ao longo das férias escolares, de modo que a proibição já esteja valendo no início do próximo ano letivo.

Ela defende que é importante que haja sensibilização de toda a comunidade escolar para a implementação da mudança. “É fundamental conversar com os professores, com as famílias e com os próprios estudantes”, afirma. “Também é preciso manter o ambiente acolhedor para eventuais casos de abstinência”, diz.

“Mas acredito que todos vão perceber as vantagens do banimento muito rapidamente, porque é isso que está acontecendo com as escolas que já proibiram o celular neste ano.”

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