O “imbróglio” bolsonariano

golpistas 8 janeiro

Quando houve os ataques em Brasília, em 8 de janeiro, surgiram as desconfianças de que bolsonaristas é que alimentaram aquela violência no Palácio do Planalto e no STF, num grau como há muito não se via num gesto contra a democracia. Naqueles dias, o que pesou contra os bolsonaristas foi a presença de manifestantes acampados diante de unidades militares, em Brasília, durante vários dias, sem que fossem molestados. Nas redes sociais questionava se o mesmo consentimento seria dado a militantes do MST, por exemplo.

Para muitos, só isto evidenciava um complô contra a democracia, envolvendo Bolsonaro e cabeças coroadas das Forças Armadas e de setores da sociedade. Os chamados “buchas de canhão”, cooptados para fazer o serviço sujo de depredar palácios, armando o circo para o golpe em “defesa da lei e da ordem” e alguns militares de menor patente ou expressão, já foram processados e até condenados. Mas as investigações não pararam.

Agora, vem à tona que Bolsonaro estava no comando e queria até que matassem o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Morais e que a trama envolvia muita gente de alta patente das Forças Armadas. O que se tenta agora é, como forma de defesa, desqualificar as investigações, que têm áudios e documentos escritos, com argumentos pueris como “vontade de matar não é crime”, usados por filhos de Bolsonaro e por denunciados. A situação chegou a tal ponto que o próprio advogado do coronel Mauro Cid, réu confesso na trama, chegou a confirmar, em entrevista, a sentença de morte a Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes, assinada pelos golpistas.

A confirmação do advogado foi em entrevista, ao vivo, a Andréia Sadi, na Globonews. Uma entrevista interrompida por problemas técnicos que, ao ser restabelecida mostrou o advogado com feição tensa, desmentindo o que acabara de dizer. Para muitos, sob ameaças. No fim de semana, o general Braga Neto, um dos acusados, saiu em defesa de seu ex-chefe garantindo, sem provas, que nada do que estão falando é verdade.

Mas as provas até aqui coletadas, mostram a gravidade dos fatos e a necessidade de punição dos articuladores do golpe. Um golpe que, para muitos, poderia, ao final, atingir até mesmo seu líder, o capitão Bolsonaro. Quem pensa assim, duvida que generais, almirantes e brigadeiros, não dariam um golpe para entregar o poder a um capitão. Ainda mais um capitão que chegou a ser expulso do Exército.

Paulo Cesar de Oliveira, jornalista e diretor-geral da revista Viver Brasil

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