6 em cada 10 conhecem ao menos uma mulher ameaçada de morte pelo parceiro

MARIANA ZYLBERKAN
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

A maioria das mulheres no país diz conhecer ao menos uma vítima que já foi ameaçada de morte pelo parceiro. Em pesquisa sobre a percepção da violência contra a mulher, a afirmação foi confirmada por 6 em cada 10 entrevistadas, enquanto 19% afirmaram já terem sido ameaçadas dentro de casa.

Os dados fazem parte de levantamento divulgado nesta segunda-feira (25) pelo Instituto Patrícia Galvão, com a participação de 1.353 mulheres com mais de 18 anos que responderam a questionário online com perguntas fechadas durante o período entre 20 a 24 de outubro.

A dependência econômica do agressor foi o principal motivo apontado pela maioria (64%) para vítimas manterem a relação violenta, seguida pela crença de que o companheiro será capaz de se arrepender dos atos e violência e mudar de comportamento (61%).

O medo de ser morta caso termine a relação e a dependência emocional do companheiro foram as razões citadas, respectivamente, por 59% e 58% das mulheres consultadas, segundo a pesquisa.

Vergonha, medo de sofrer novas agressões e de perder a guarda dos filhos foram outros motivos apontados na pesquisa.

Em relação aos casos de feminicídio, 90% das entrevistadas afirmam acreditar que os crimes são motivados por ciúmes e possessividade dos homens. A maioria também atribui o aumento dos casos à cultura machista (44%) e à sensação de impunidade (42%).

A maioria das entrevistadas (37%) diz que nada acontece com os homens que cometem violência doméstica, contra 20% que escolheram a opção “são presos”. Para 34%, os agressores são obrigados a manterem distância das vítimas.

Além disso, 95,5% afirmam concordar com a afirmação de que os agressores sabem se tratar de um crime, mas continuam a cometer violência doméstica porque acreditam que não serão punidos. A maioria (83%) também acredita que o tema não é tratado como um assunto importante pela Justiça brasileira.

A medida protetiva, instituída pela lei Maria da Penha há 18 anos, é vista pela maioria (95,5%) como pouco efetiva para evitar mortes de mulheres, diante das falhas do Estado em garantir que os agressores cumpram a determinação.

A data de 25 de novembro é conhecido pela ONU como Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher. A data foi definida em 1999 para lembrar as irmãs Mirabal (Patria, Minerva e Maria Teresa), assassinadas na década de 1960 pela ditadura de Leônidas Trujillo, na República Dominicana.

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